sexta-feira, setembro 07, 2007

...

Foto: Catarina Valle

"Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a Terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo morre." (Trecho de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna)

Vi esse filme novamente hoje. Um filme bonito, engraçado, com um belo texto, como o trecho acima.

Mas na verdade, não que venha aqui dizer da belesa da cultura brasileira ou qualquer coisa do gênero.

na verdade, pensei no no texto acima de outra maneira:

"Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a Terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo que é Humano num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo ama."

Não sei, só sei que é assim...

Sem título

Normalmente demoro 40 minutos do centro à casa; até 1 hora e meia, no caso de engarrafamentos. 20 minutos com o transito livre.


Hoje, no entanto, 2 horas e 40, em horário de trânsito tranqüilo...obvio que alguma coisa acontecia, naquela feição de andar a poucos e poucos metros. Foi realmente difícil uma viagem que não chegava ao fim...


A via expressa, que depois de determinado ponto não tem mais saída, mostrou o acontecido lentamente. E o motoqueiro jazia dentro de um saco preto. Naquele momento, foi como se o mundo fizesse silêncio. E quase todos do ônibus olharam...

Construção

Letra e música: Chico Buarque


Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acbou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego



Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como se fosse sábado



E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público


Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado

terça-feira, setembro 04, 2007

Daí usam do monumento, é claro.

Tá, confesso. quase chorei na exposição do Niemayer do Palácio das Artes. De um misto de felicidade e tristeza, sentimento tão contrastante quanto a própria produção do arquiteto. De um lado, sempre produtor de monumentos governamentais; de outro, histórico homem comprometido com as mudanças sociais mais de esquerda no mundo. Comprometido com a monumentalidade e com o povo, com a mudança.

Tá certo, conforme o arquiteto disse, "da arquitetura só ficam os Monumentos". A pirâmide de Gisé e o Versalhes continuam lá, muito embora não sejam as próprias utilizações simbólicas de seus momentos. Parece-me que o compromisso arquitetônico do poeta das curvas é com a beleza.
E não restritamente arquitetônico, e segundo ele, importando mais que a própria arquitetura, "o que importa é o compromisso social".
De qualquer maneira, e a esse respeito só digo isso, fica o destaque para o novo Centro Administrativo do Estado. E com o primeiro texto da exposição sendo do Aecinho, ligando Niemayer historicamente ao Tigrão do Tancredo, é claro. É tudo muito claro.
Mas que as linhas são bonitas, isso elas são. "Como a mulher preferida (sic)".

quarta-feira, agosto 22, 2007

Vamos deixar de onda!



Tá, vamos parar com essa coisa toda. Não sou um cara bacana. Ou melhor, bacana eu sou. Mas isso não que dizer muita coisa. Fui normalmente bem dotado em sorte para ter mulheres realmente belas. Mas como os homens não prestam, sou tal como dotado de um belo potencial de ser um babaca. Sim, isso mesmo. Afinal de contas, ser bacana é facil. O difícil é ser íntegro, ou brioso, como diz o Aurélio. Não sou brioso, sou levemente carismático mas uma porta em falta de sensibilidade. Não sou bem posto em presentes bonitos, em verdades completas ou em sentimento de onde é o fim apropriado e o reinício desejável. Ou pior, sei disso tudo, mas tenho uma enorme potencialidade de descumprir meus próprios valores. Sou impróprio. O que não seria um crime, se nao fosse o caso de eu ser altamente exigente. Invejo, em verdade, os canalhas convictos, que não fazem que os outros construam esperanças. Eu não. Construo esperanças e arrebento com elas com a sorte de quem não sabe onde colocar as vírgulas e os pontos de conclusão. Sou prolíxo em relacionamentos. Mas a verdade, no mais das vezes, tem algum aspecto de objetividade. Estou tão distante da verdade - que amo - quanto da capacidade de cumprir minhas capacidades academicas em qualidade. Sou um medíocre em verdade, verdadeiramente.
(E que isso fique em azul, que é uma cor que odeio.)


sábado, agosto 18, 2007

A song for Jeffrey

(Jethro Tull)

A song gonna lose my way tomorrow,

Gonna give away my car.

Id take you along with me,

But you would not go so far.

Dont see what I do not want to see,

You dont hear what I dont say.

Wont be what I dont want to be,

I continue in my way.



Dont see, see, see where Im goin,

Dont see, see, see where Im goin,

Dont see, see, see where Im goin to,

I dont want to.



Everyday I see the mornin
come on in the same old way.

I tell myself tomorrow brings me
things I would not dream today.

Vai, canalha! Vai e canta.
Sua independência simulada.
Este canto besta.
Esta incompreensível arte de se sentir autônimo.

Vai, canalha! passa despercebido.
Passa que seu caminho é seu caminho.
sua vida é sua vida,
seu hoje é o que mais importa.

A noite de ontem não conta
os homens devem ser livres
E as cartas não respondidas.

E o que importa?
Não são todos independentes?
A liberdade não é uma coisa nata?
Não somos todos mais absolutamente dotados de livre arbítrio?

Então quê importa?

Não ligue, canalha.
Que todas as saudades vindas de um colorido,
Que todo quarto colorido,
E todas as músicas romanticas em fins de noite...

O choro escondido não incomoda
Nada disso vai atrapalhar seu sono.
Que todo sono de bêbado é protegido.
Deus baco protege a todos.

O triste é que tão bom (deus) sabedor da vida
Tenha morrido solteiro.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Nada mais

Canta! Canta, criança!
Que a noite não é longa,
Seu rosto, vermelho...
e toda essa alegria, esse sinal, essa cerveja.
Tudo isso passa, criança.

E toda essa bebedeira,
essa doce alegria,
esse ponto que passa,
essa alegria dos cantos de calourisse.

Essa coisa passa, criança.
E amanha, num amargo amanha,
Você verá.
Verá que, apesar de toda boa vontade,
Essa boa vontade toda ainda mostrará

Que toda vontade de viver
Não passará da absoluta verdade
Que toda vida não basta
E que, apesar de tudo,
Não foste tudo aquilo que pudera
E que a vida ainda continua

E você, criança,
de meias listradas
E cabelos cor de pão-de-mel
Ainda será fadada a encontrar-se
Com os fantasmas do passado.

Seu passado. Quase somente o seu.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Capacete



"A gente se compadece e se apega às pessoas que sofrem. [Lu, 2007]"
Na verdade, muito cristão isso.
“- Só motoqueiro que arruma isso” [Corpo desconhecido, de uniforme e entrando no ônibus, 2007].
Esta foi a primeira frase que escutei ao entrar no ônibus. Algum tempo antes estava é pensando em todos os amores e apegos de minha vida, nas pessoas que sofrem e riem, que fazem dos próprios cabelos cachinhos, e nas tantas que seguram talheres ora com estrema fineza, ora com aquela força que só vemos nos famintos de restaurantes no centro.
Certo, não era em todos os amores que pensava, e deles pouco importa agora. O importante é que o meu pensamento foi interrompido pelo conhecimento de que o ônibus estava mais atrasado do que o habitual. Há poucos metros, uns 15 ou menos, um carro parando todo o trânsito. Na pista ao lado, e no mesmo sentido, um corpo. Não vejo bem ao longe, fato que denota minha arrogância e pretensão. Não reparo em um palmo diante do meu nariz, e lembro somente de minhas espinhas e costeletas.
Mas lá estava o corpo, ainda vivo, um carro bem arrebentado, e uma fila enorme de outros carros atrás. Parece-me, inclusive, que a situação tinha algo de nobre, de auto-impositora de respeito. Uma enorme fila e nenhuma busina.
Poucos envolta do corpo, que embora tenha um RG e ainda estivesse vivo, é um corpo. Os corpos, por si só, são anônimos. Até compreendo pessoas em volta de corpos jogados por batida, afinal de contas, alguma solidariedade é compreensível quando o resgate ainda vem e muitos se questionam se virá em tempo ou não. Alguém tem de manter o corpo acordado. Apesar de não saber o porque, e o porque de isso acontecer em tantos filmes. "Não durma, Jack. Não durma. Fale comigo!".
Mas o de depois, quando de um resgate que avisou da chegada à distância, os corpos, em pé, avistando o deitado, se multiplicaram. Por que diabos as pessoas ficaram ali, olhando o corpo deitado, quando a ajuda já vinha, e lá parou. Imagino que a ajuda, com sua sirena, precisaria de espaço, de calma, e de menos corpos em pé. Curiosos. Lá pararam.
E o que não entendo é a primeira frase quando de minha entrada ao ônibus. Porque diabos têm de colocar a culpa no pobre do motoqueiro?

domingo, julho 29, 2007

Vocês devem escutar essa música. Sério!!!

Tom Zé - Duas Opiniões
Tom Zé
Ridículo chorar
Patético viver
Paradoxal prazer
Apologia do sofrer (chorar é coisa do amor)
Ridiculo chorar
Amor coisa do coração
Patético viver
O coração é do sonhar
Chorar este chorinho chorar
Sonhar este chorinho chorar
Chorar é coisa do amor
Amor coisa do coração
patético viver
O coração é do sonhar
Sonhar este chorinho chorar
Apologia do sofrer

Leal, pagode, fiel, tão doce, ilusão, enganador
Não sabe quem não quer
Sincero (só) se fosse teria mais pudor
E nos sentir mulher
Mas rasga o coração (é só paixão) que gosta de sofrer
Lascivo e exalta a dor como o prazer
Porém nos laços dos martírios teus
Ou nos lírios e delírios meus
Somos a multidão
Um simples coração
Só, só
Gritando no porão

Chorar é coisa do amor
Rir rir ridículo chorar
Amor coisa do coração
Patético viver
O coração é do sonhar
Paradoxal prazer
Sonhar este chorinho chorar
Apologia do sofrer
Chorar é coisa do amor
Meu bem chora por mim
Amor coisa do coração
Meu bem chora por ti
O coração é do sonhar
Soluço pra te ver cantar
Sonhar este chorinho chorar
Cantando venho soluçar

Mais meninas vocês souberam?
Foi o pagode, foi o pagode, foi o pagode aquele
alvitero sem-vergonha, lascivo, que foi perverter
desvifiar, desatinar a coroa da inglaterra, que largou
a coroa, largou tudo, por causa desse pagode, esse
facilitador de namoro. E não respeita a uma grande
potência como a inglaterra. Que sujeito subvertedor.
da ordem, do respeito e da lei. Até na inglaterra.

Até na inglaterra
Ele destronou (aquele) um rei
Da sedução
Que por sua paixão
Abandonou o trono
A corte
E a lei
Deixou de mão
Até santo agostino
( por amor viveu)
Foi sua presa
Pecado só
E deus para espera-lo (sentiu em si)
Assistiu muita proeza
Carne e pó
No pagode
É carne
Senhor tem dó
E depois não tem lugar
De ter lugar
De ter em si
Pecado e pó
E ma ma ma ma ma ma maltratar

sábado, julho 28, 2007

Perdurar e Conviver



Pois que não vivemos pelo que vivemos, mas pelo que desejamos Viver.
Pois que vivemos pelo que Vivemos, mas não pelo que desejamos viver.


(Foto: Pierre Verger)

terça-feira, julho 24, 2007

Minhas cores?


Meu passado é creme, tal como o sorvete; branco de bolinhas pretas, tal como flocos; e azul esverdeado, que é a mistura de felicidade e saudade...

Numa foto preto-e-branca, no quadro de meu quarto, com os amores de minha vida...

E meu presente, agora, um filme francês. Tal como a foto acima.

sábado, julho 21, 2007

VERDE

Qual a cor do seu passado?

É Agora

"É agora", pensou caminhando até o bebedouro.

Ele - Ei!

Ela - Ei!

Ele - E aí, fica aqui até que horas?

Ela - Até umas cinco.

Ele - Vamos tomer uma cerveja depois?

Ela - Hã?! Não sei....... Porque deveríamos sair?

Ele - Talvez a pergunda certa seja "porque nao deveríamos sair". Se você me responder esta, respondo a segunda.

Ela - Nem te conheço direito.

Ele - Ué, é um bom modo de nos conhecermos.

Ela - Mas e aí, porque deveríamos sair?

Ele - Você quer que eu seja absurdamente sincero ou verdadeiro de modo negligente?

Ela - Absurdamente sincero.

Ele - Você é linda e sedutora. Quero conversar com você. Seria legal estarmos sozinhos e eu ver até que ponto chega o meu encanto.

Ela - Então é uma questão de Ego?

Ele - Não, quero que você ria como agora, e quero ser boa parte do motivo de sua felicidade.

Ela - Você é estranho.

Ele - A má notícia é essa. Você não tem a mínima idéia de como sou anormal. E aí, Maleta, 18 horas?

Ela - 18:30?

Ele - Okay. Tchau, mocinha!

Ela - Tchau!

segunda-feira, julho 16, 2007

As cores eram dadas...

Não quero não. Se toda essa desculpa, todo esse frio que somente esfria os dedos, se toda essa memória, esse sentimento de vida não vivida, se toda essa tristeza é tão somente um reinterar de dia após dia. Se tudo isso se conforma dessa lânguida maneira. Não, não quero não. Prefiro ser abstêmio, sóbrio, saudável.
Se toda memória conduz ao não feito, prefiro ser Pigmaleão. Vou me devotar aos livros, aos escritos e a alguma outra arte menos medíocre. Parar de comer carne e torresmo. E fazer seis refeições ao dia e assumir que minha sublimação exige o mais absoluto resguardo sexual.
Houve um tempo que todo choro era de felicidade. Um tempo em que eu era capaz de ser arrogante, sóbrio, determinado e absurdamente feliz. Um tempo em que cada momento de minha vida era o melhor momento, e em que não esperava nada do tempo, e era como se o tempo me servisse numa longa e bela sucessão.
Sim, crianças, já fui pleno. Hoje aguardo tantas coisas do tempo quanto existirão as-cores-do-mundo.

quinta-feira, julho 12, 2007

Novo Blog

Um novo blog. Porque? Porque iniciei hoje um Diário de Campo. A partir de minhas impressões sobre o trabalho na tv, produzindo um programa sobre política, e sendo, de facto, estrangeiro. "Alguem das Ciências Sociais" vivendo no meio dos "jornalistas".
Veremos se tenho disciplina para continuar com isso.

terça-feira, julho 03, 2007

memória

(la persistencia de la memoria - Salvador Dali)

Tá bom. Entrei num e-mail antigo utilizado somente para registros. E deparei-me com a total perda de memória. Fizeram-me o favor de modificar minha conta, e por conta disso perdi e-mails de brigas, cartas de amor e piadas de amigos e outros relacionamentos.

Mataram-me a memória de 4 longos anos. Essas novas medias ainda matam esse canceriano que vos fala...

sábado, junho 30, 2007

II

Pediu um wisk. Virou-o rapidamente e olhou-a novamente, naquele café logo ao lado. Seguiu em passos firmes, que se fosse comedido sairia correndo. O medo do encontro. Como ela estava de costas, acabou não vendo-o.

- Martha Verônica.

Virou-se rapidamente, como se o tom de voz não tivesse mudado nada, como que adivinhando o som do cheiro antigo. Sorriu um sorriso largo, bonito, ligeiramente amarelo.

- ... Pedro Nunes...

Levantou, ficou sem onde por as mãos.

Ele abraçou-a, beijo no rosto, como que tentando quebrar um gelo possível.

- Quantos anos, moça...!

- Sim, desde anos... Você estava vindo pra cá...

- E cá estou desde então.

- E bem que você disse que não sabia quanto tempo ficaria, se dois meses ou dois anos.

- E já estou a 10 anos.

- Tive notícias suas, de jornais, artigos... Parece que você conseguiu o que queria aqui... Disse, aumentando o sorriso, amarelíssimo...

- Não.

- Como não?

- Saí de meu país para fugir de você. E você esteve sempre presente.

Abraçaram-se. Um abraço apertado. Os dois com um choro, choro pequeno. E, como que por desespero mútuo, beijaram-se...

(ficou breguinha. De qualquer maneira, fica aí. E fica o nome da martha, que merece ser homenageada por ser a única que comenta coisas....)

sábado, junho 16, 2007

I


Já eram anos, estava em meados dos 30 vividos, quase uma década fora e menos calvo do que todos esperavam. Tinha ganhado um pouquinho de dinheiro, um certo reconhecimento e vários lugares onde pagavam para dizer obviedades. Conversava com muitos dos antigos através das maravilhas da tecnologia.

Escreveu dois livros, dezenas de artigos e escutava todas as músicas tradicionais de onde veio. Aprendeu duas línguas além da sua e lia bem em outras duas. Produziu programas de tv, rádio e escrevia como comentarista regularmente em dois jornais brasileiros, um inglês e três de algum outro país latino. Era conhecido como um professor acessível, não lá tão sério e rigoroso, mas odiado por várias críticas feitas a todos, que sua arte sempre foi criticar; e respeitado por muitos daqueles que sempre se calam.

E então que, andando por uma daquelas ruas cheias de turistas, viu o espectro do passado num daqueles cafés de cidade badalada. Pegou o celular, desmarcou o compromisso, sentou, observou. Somente observou, que toda coragem é pouca para enfrentar metade de seus anos de distância.

E nenhum daqueles pensadores conhecidos o ajudaria na insegurança, que já há anos, percebeu que não mudaria. De certa maneira não se aprende a viver, que ele nem pensou que, naquela mesa, a pessoa também pensava os anos, assim como anos pensando em como poderia ter sido diferente.

segunda-feira, junho 11, 2007

Recife?

Não sei. Acho que foi
uma cidade
desenhada,
desenhada
para antropólogos... A primeira desenhada no Brasil, ao que consta...






Estes Pós-modernos multi-culturalistas...

sexta-feira, junho 08, 2007

O Quão Bonito...


Se
Entre Nossas Quatro Paredes

Tivesse vivido

Entenderia


Sem Dúvida...


E é por isso.

segunda-feira, maio 14, 2007

E é tao árduo....

Escutei outro dia: "Na próxima encarnação quero ser rico". Pensei logo: "antes querer nessa mesma."
Se é para desejar desejos de outros corpos, em outras vezes de sobro divino sobre barro, melhor desejar o, de fato, impossível para essa encarnação.
Já que é assim, melhor desejar o fim, na próxima, do que há de inato ao meu corpo formado de terra e cerveja. Sim, porque o meu barro é assim. aquele barro bêbado, impulsivo, erremediável.
Se, embora muito difícil, posso ser rico nessa encarnação; prefiro não ser tão impulsivo na outra. Prefirirei ser um barro de agua e terra. Um barro santo, um barro recatado, pudente. Mas, repito, na outra. Não nessa, que pudicícia me dá nojo. Nessa, pelo menos.
É como seu eu pensasse: prefiro não ser alérgico ao camarão. Não que o seja, mas, supondo que fosse, melhor não o ser na próxima, que todo o estrago de uma garganta fechada já foi causado. Já nao gostaria, caso alérgico, de camarão. Entao não haveria solução.
Voltando à vaga fria, ou ao camarão... (ia tentar fazer um trocadilho com camarao, mas não saiu), preferirei ser insexuado na próxima encarnação, que nessa, além da impossibilidade, não há qualquer solução. Já sou viciado e preciso de um tratamento, ou um psicologo.
Preferirei ser menos impulsivo, menos racional (sim, paradoxalmente), e, bolas...
...Um homem.

Bolas, preferirei ser, ou um homem macho, canalha, comedor; ou um homem das letras, que não pense mais nada além de ler uma dúzia de livros por semana.

Mas preferirei, porque hoje, o que mais quero é ser o mais proximo de mim mesmo...

sábado, abril 28, 2007

Alguma cousa, qualquer cousa.

A Woman Is A Sometime Thing
George Gershwin
Album: Porgy & Bess-Hlts


Listen to yo' daddy warn you
'Fore you start a-traveling
Woman may born you, love you and mourn you
But a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Yo' mammy is the first to name you
Then she'll tie you to her apron string
Then she'll shame you and she'll blame you
Till yo' woman comes to claim you
'Cause a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Don't you never let a woman grieve you
Jus' 'cause she got yo' weddin' ring
She'll love you and deceive you
Then she'll take yo' clothes and leave you
'Cause a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Mulher é um trem com tempo próprio. Com seu tempo próprio, diria. Absolutamente imprecisíveis... O tempo e a mulher...
Em quanto isso, uma bela garoa na cidade

domingo, abril 15, 2007

Confissão

Sou um Homem bacana. Mas seria bem mais caso não fosse tão infantil, inseguro, ingênuo, fraco, arrogante e imaturo.

Sem muitos problemas, que com o tempo essas coisas se ajeitam... Com o tempo se aprende a viver...

sábado, abril 14, 2007

Sua descoberta? Descobriu que amava. (reeditado)

Nova Ilusão
Paulinho da Viola


É dos teus olhos a luz
Que ilumina e conduz
Minha nova ilusão
É nos teus olhos que eu vejo amor e o desejo
Do meu coração...
És um poema na terra
Uma estrela no céu
Um tesouro no mar
És tanta felicidade
Que nem a metade
Eu consigo exaltar...
Se um beija-flor descobrisse
A doçura e a meiguice
Que teus lábios tem
Jamais roçaria, as asas brejeiras
Por entre roseiras
Em jardins de ninguém...
Óh, dona do sonho,
Ilusão concebida
Surpresa que a vida,
Me fez das mulheres,
Há no meu coração
Uma flor em botão,
Que abrirá se quiseres


Um dia ele acordou e cantava essa música. Na verdade não toda, vou largar de metonímia aqui e dizer que eram somente os três primeiros versos. E a melodia cantava em sua cabeça. Passou assim uma semana completa. Todas as manhãs, e o restante do dia que as seguiam, foram a mesma coisa. Os mesmos versos e a mesma alegria.

Quando já tinha lá algum tempo, pegou seus discos e foi descobrir de qual dos Lps saíram os versos. Demorou algum tempo mas pôde ouvir a beleza da música. E cantou-a por inteiro, alguns dias feliz da descoberta, outros, triste pelo facto dado.

No dia do facto, acordou radiante. Não porque fosse rara aquela situação, que muitas outras vezes recebia mulheres belas em sua casa. E nem diria "mas nenhuma tal como aquela". Diria, aqui, que era a amada, nada mais.

Quando a campainha tocou, abriu e foi correndo ao som, pôs a música tema da amada para que ela escutasse ao entrar.

Ela entrou, falou amenidades, se beijaram, falaram generalidades e ele colocou a música de novo, que não havia cumprido seu papel.

Sentaram-se no sofá. Ela meio desconfortável. Música passou, ela pediu outro album. Ele trocou.
Ela falou que não poderiam continuar o relacionamento, fez um rosto triste, foi-se embora e comemorou seu aniversário depois. Longe. Triste. Triste e longe dele e de si mesma.

segunda-feira, abril 09, 2007

Uma mordida

Namorado levanta. Lentamente, é verdade, para não acordá-la. Põe o jeans surrado, aquela camiseta amassada como uma Camiseta-de-depois. Decide não ser necessário o tênis, que não ia demorar.
Pega os cigarros, o isqueiro. Abre a porta, caminha até a varanda da sala ampla, semi-luxo e voltada, de seu alto de arranha-céu, ao restante da cidade. Luzes, estrelas, uma bela lua. Lua gorda, cheia...

O Namorado abre porta de vidro. Fecha. Sentou-se ao lado de uma mesinha, redonda.
Queda-se alí, a olhar o mundo, o seu mundo.
Ficou um tempo até acender o cigarro. E logo escuta a porta abrir, uma mão no ombro. Mão rápida, forte. Era o pai.


Sentou-se com duas cervejas.


O Pai - Cerveja? Sem sono?
O Namorado - Rola! (A cerveja se troca de mãos) É, só pensando mesmo. (...) E você?
O Pai - Tô pensando. (...) Se eu te pedisse um cigarro, e você me desse, você contaria pra alguem?
O Namorado - Claro que não. Sua filha me mataria por te levar de novo no mundo do vício...
Um oferece o maço, o outro retira um cigarro. A baforada de um abstinente...
O Pai - Pensando no quê?
O Namorado - (...) Na sua filha...
O Pai sorri...
O Namorado - Digo uma coisa em primeira mão: estou completamente apaixonado.
O Pai - Em tão pouco tempo?
O Namorado - Minha vida é um turbilhão. E o amor é tão grave quanto a própria vida.


Silencio longo. Baforadas...


O Pai - Troco uma cerveja por mais um cigarro.
O Namorado - Tá.


O Pai foi e voltou.


O Pai - E ela?
O Namorado - Não sei. Seus olhos me amam. Mas algumas pessoas demoram a vislumbrarem os próprios olhos. Mas logo ela descrobre, se já não tiver descoberto.
O Pai - O Amor é uma grande mordida. É realmente mordaz...


O papo se perdeu em outras coisas. E só muito tempo depois Ela saberia o porque de tanta ressaca no dia seguinte, causa do fim de toda cerveja e de meia garrafa de wisk.

sábado, abril 07, 2007

...O Passado?

"(...) só o revisor aprendeu que o trabalho de emendar é o único que nunca se acabará no mundo."
[Saramado, História do Cerco de Lisboa, p. 14]

segunda-feira, abril 02, 2007

Cândido

Deitados. Ela, seminua. Ele, nú. Cafunés e olhares contemplativos.


Ele - Sabe o que tenho medo?


Ela olha como que surpresa e cheia de atenção.


Ela - O quê?
Ele - ... de, quando agente se separar, você me maldizer e querer esquecer tudo.


Ela sorri apontando sua incredulidade.


Ela - Eu nunca vou fazer isso!
Ela dá um tanto de pequenos beijinhos...
Ele - Vai sim... Vai apagar meu nome de sua agenda, vai fazer tudo aquilo que todas as mulheres fazem...


Ela sorri olhar de ternura que somente uma mulher é capaz.


Ela - Você foi o mais lindo homem que já tive na vida. Nunca vou te esquecer. Eu te amo...
Ele - Sim, eu sei que você me ama agora, sei que você nunca vai me esquecer, sei que sou o homem da sua vida. Mas um dia, minha linda, você vai querer me apagar. Como se eu fosse um desenho feito com lápis. Mas não, querida, sou como tatuagem...

sábado, março 31, 2007

A questão é que estou com vontade de postar algo. Então ai vai um pequeno texto, que não ia postar, achando que está ruím.
Ia, inclusive, postar uma foto, mas nao ví sequer uma imagem que brilhe tanto quanto essa mulher...
De qualquer maneira, antes que eu desista:
"
A Mulher que Brilha,
possui algo que pe só ela. Possui uma pequena faicha de pele que fica entre a camiseta lisa e a calça jeans.
A Mulher que Brilha possui um jeito doce qualquer, e olha para o horizonte sem sequer pensar.
E pensa em sí, nos amores partidos, na vida ida.
Pensa ao passar pelos corredores, ao ficar nos ônibus. Pensa nos entre-caminhos e num possível entre-cruzar de olhos. Num homem qualquer que a olhe e pense: "é ela!".
E que não seja recatado ao pondo de nao pedir-lhe referências. Um homem que lhe pergunte o nome, sugira o bar, lhe roube o beijo, lhe tire a calça. Tire a calça como se fosse a primeira mulher; e que si conheça a si mesmo como se fosse a última.
A mulher que brilha, menina reluzente, quer esse cara que a trate como primeiro presente; e esse cara que se conheça como se, depois de todas as mulheres do mundo, adquirindo sabedoria tamanha, pudesse simplesmente olha-la para dizer: "é Ela!".
"

domingo, março 25, 2007

O fim da soberba?


Sua liberdade e, quiçá, sua própria Felicidade Plena, era baseada numa qualquer arrogância, uma 'consciência' de que "o que passou, passou". Era cheia de si mesma, não podemos negar. E qualquer coisa de sua segurança a respeito dos "próprios desejos" era a marca de seu sucesso.



Era bela, autiva e autodeterminada. Teve dois amores, e, no processo do segundo, se autonegou de tamanha maneira, e teve seu Presente de tal modo colocado em xeque por seu Passado, que nunca mais pôde dizer: "será assim".



A pequena garota ganhou, então, o que chamam de um pouco de sabedoria. E perdeu a Felicidade Plena. Isso porque somente poucos podem com ela [com a Felicidade Plena]. E a garota mesmo sabia de sua raridade por se dizer plenamente feliz.



De certa maneira, Sua a Felicidade Plena é um belo atributo da ingenuidade. E da arrogância de se saber ser o que não se é.

sábado, março 03, 2007

Quando eu reencarnar, não quero nada de estrelas cadentes avisando. Mas de certo copiaria algumas coisas, como três garçons magros me levando presentes. Melquior nao seria um bom nome, votaria, portanto, em Olimpio, que sempre me pareceu nome de garçon. Este levará nao ouro, mas algo como um Visa International Gold. De incenso estou cheio, e o segundo garçon, de nome Gaspar mesmo, levará um charuto de Havana. Ao contrário de Mirra, que serve para embalsamento, o chinês Chan Lieh Dong me trará um belo Scotch Whisky contrabandeado via Paraguai.
E como nascerei em alguma cidade latina para liderar os bárbaros à luta contra a sociedade judaico-cristã ocidental, receberei o nome de Ramires da Silva. E posteriormente serei conhecido por Ramires de Ramires. Primeiro porque acho sonoro, depois porque Ramires é uma freguesia portugues do concelho de Cinfães, com 11,37 km² de área e 138 habitantes. Lugar perfeito para iniciar a revolução religiosa e salvar a humanidade.

Em tempo: não farei qualquer discurso em lugares públicos. Revelarei a verdade, a princípio, por via de blogs. Isso em função de justiça ao Google, que eu jamais imaginei a existencia de uma freguesia de nome Ramires em portugal. A propósito: não faço idéia da localização de Cinfães. O Google me faz um cara muito erudito, pois nem sabia o nome dos Reis Magos, nem o que diabos é a mirra.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Você já foi um Sundae???


Tenho uma grande dificuldade em escrever essa palavra. Deve ser porque sempre penso em dias ensolarados, e os sorvetes... num Sun-day. Na verdade, o Domingo, que é um dia muito próprio para um sorvete, nem me vem em memória. Lembro do Sun-day. Graças ao meu inglês precário e minha facilidade de associas palavras longe de seus próprios sentidos...


São engraçadas estas referências entre um termo e outro. Tipo aquela brincadeira, que aqui ficaria assim:


Sorvete, frutas, chocolate, chantilly. Dia de Sol. Sunday. Colorido. Alegria. Calça colorida. Pessoas divertidas.


Ou algo do gênero, que nao sou muito bom com essa brincadeira. Sou muito prolixo e pouco ligado às palavras soltas. Gosto é de vírgulas e figuras de linguagem desconexas.


De qualquer maneira, lembrei-me ontem, antes de dormir, de "Sundae", e de uma pergunta:

- Você já foi um Sundae?


Achei bonito isso, que pessoas-'sundae' são pessoas coloridas, divertidas, alegres. Pessoas-diaDeSol. Ou, de outra forma, pessoas felizes no Sunday. Você já foi uma pessoa feliz num Domingo? Com calças coloridas, que adoro pessoas com calças coloridas. Tenho uma vermelha, mas que só uso em dia de festas, ou noite de orgias... O que dá na mesma.


Sunday, na verdade, tem origem como, realmente, Dia-de-Sol, num daqueles sentidos (Sol) dos dias da semana associados à origem greco-romanas. Ou estaria equivocado?!


De qualquer maneira, gosto de pessoas coloridas, sempre procuro pessoas coloridas.


E você, já foi um sorvete colorido, com chocolate, frutas, coisas coloridas, num Domingo de Sol?

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Os ocidentais não conseguem pensar na Perda Eterna


Quando morrer, as pessoas ficarão de fato surpreendidas. Irão aos seus emails e buscarão por meu nome. Ficarão surpreendidas, que aquela felicidade não permitiria a morte. Felicidade nenhuma permite o fim.


Lembrarão de mim e serei aquele bobo da corte, divertido, animado, inteligente e com uma certa dose de sabedoria. Não serei nem aquele amigo ou namorado brilhante, mas simplesmente algo que parece marcar. Serei uma pessoa boa de lembrar, de tomar cerveja, de fumar cigarros e qualquer coisa do gênero.


Dirão que eu teria futuro, que era bem resolvido, que tinha muitos amigos.


Não entenderão o porque da reação a um pequeno assalto, para salvar um cartao de celular que custa R$ 10,00.


Não pensarão, na verdade, que nele está muitos de meus telefones, muitas de minhas lembranças e muito de meu pouco dinheiro muito suado.


E entrarão, quem sabe, pela primeira vez no meu blog. Que ficará no ar quase que eternamente, incomodando os outros pela falta. Ficará no ar, que ninguém sabe da senha que o desativaria. Embora tão óbvia...


E chorarão muitas vezes por postagens d’antes nada tão emocionantes.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Quando você é uma sementinha....

Te guardo no travesseiro. Sabe, como o dente para a fadinha?! E te guardo junto com uma bala, daquelas de goma e bem coloridas. Amarro você ao com seus próprios cabelos, um fio ou outro... nada de mechas.
Enquanto durmo, ponho a mão, fico com os dedos juntos a você, te guardo como uma concha à pérola; e o calor, por baixo dos travesseiros, faz com que eu agüente o sem jeito dos braços, que doem um pouquinho...
Se você não fosse assim, tão pequenininha, por debaixo do meu travesseiro, quase acharia que o sono vem como minha cabeça no seu colo...
Mas não é verdade, que você está tão longe que não poderia ficar abraçado. Posso somente guardar entre minhas mãos e sentir seu cheiro.
(Sabe aquelas sementinhas que podem ser postas no travesseiro e fazem dele um enorme perfume macio?) Pois é...
Você faz meus sonhos terem cheiro... E acordo de manhã e você está lá. Pelo cheiro em minhas mãos....

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Diagnóstico: hiperativo mental com sérios riscos à sociedade...

Tem momentos que penso ser um hiperativo. Não daqueles que não poderiam ficar de frente ao mar, olhando o pôr do sol. Posso ficar durante muito tempo assim, ou olhando as estrelas.
Minha hiperatividade seria mental. Penso muito. Dezenas de coisas, se não simuntâneamente, umas por trás e por frente das outras.
Sou um tímido introspectivo nos próprios pensamentos. Sim, bobagem! Tenho, na verdade, uma vontade de falar com todos, como se mostrasse ao mundo: "Penso". Sou um megalomaníaco que pensa ao mesmo tempo nas próprias (im)possibilidades. Nas mulheres da minha vida, nos países em que morarei, na carreira acadêmica e em quais liguas seriam minhas prioridades de aprendizado.
Sou um canceriano que, como tal, pensa no passado. Sou um aflito pelos erros cometidos por mim. Um Don Juan de araque que se julga responsavel pelas amadas e pelo o que elas pensarão dos homens depois de mim. Sou um orgulhoso que gostaria de ser considerado um homem diferente (leia-se perfeito).
Mas nao se animem, meninas, que sou iguais aos outros, e morro por isso.
Sou a exigência em pessoa. Exijo os poucos comportamentos que acredito serem, de fato, imprescindíveis: não jogar lixo na rua, ser leal com as pessoas, jogar a vida de modo aberto e, senão o sentimento de compaixão, que é muito cristão para mim, pelo menos o sentimento de olhar. olhar para as pessoas. Dizer o que se pensa e pensar nos outros.
E o desconforto disso vem do fato de que nao se pode descuidar: um único momento de cegueira pode ser fatal para aquele que se acha um "paladino". E todo "paladino" está fadado à um momento de frustração. É a questão de pensar. Quando se começa a pensar, nao tem volta. Quando se começa a ser exigente com as ações próprias, nao tem retorno. Todo cuidado é pouco.
Na verdade, nao gostaria de ser diferente. Um pouco menos arrogante? Talvez.
O problema da arrogância é que ou ela coloca os outros como desviantes, ou nos coloca a nós mesmos...
Sim, um pouco menos arrogante. Pensar menos que eu poderia ter sido melhor. Porque sempre se pode ser melhor...

terça-feira, janeiro 23, 2007

O maio equívoco das mulheres é que elas acreditam naquela história de que são mais frágeis e inseguras do que os homens.
A fragilidade e a insegurança é a real Unidade Psíquica do Homem...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Duas

Buena Vista Social Club
Composição: Eusebio Delfín

En el tronco de un árbol una niña
grabó su nombre enchida de placer
Y el árbol conmovido allá en su seno
A la niña una flor dejó caer.
Yo soy el árbol conmovido y triste
tu eres la niña que mi tronco hirió
yo guardo siempre tu querido nombre
y tú , que has hecho de mi pobre flor?

Sinceramente? Mesmo? Ainda acho que nenhuma entrega é demais. Que nenhum nome não deve ser marcado. E que toda flor, toda bela flor deve...
Toda bela e triste flor nunca é triste ao ponto de nao ser dada. Toda flor deve... ser dada, para ser bela.
E que a todo nome marcado devemos dar a pequena flor. Aliás, duas. Duas gardênias brancas que dirão...

(Isolina Carillo)

Dos gardenias para ti
Con ellas quiero decir:
Te quiero, te adoro, mi vida
Ponles toda tu atención
Que seran tu corazón y el mio

Eu sempre guardo os nomes e mantenho as flores na água...

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Sei lá, sei não

Sei lá a Vida Tem Sempre Razão
Vinicius de Moraes

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação
Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
A vida tem sempre razão
A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

Em novembro de 2005 iniciei este blog. Na verdade não lembro exatamente como aconteceu, pelo menos com relação ao nome e as datas. Não sei se ele já estava aberto e sem nome; ou se esteve com nome, e ganhou inscrição virtual. Lembro, entretantos, que o nome deveu-se à música, e, retornando agora ao histórico, a primeira postagem foi sobre o samba e a tristeza, ou algo que valha. Fiquei impressionado, na época, com essa música porque sempre a imaginei com o refrão "sei lá, sei não", e sempre achei que essa métrica era a métrica.
Mas não. No filme Vinícius eu vi que um "sei lá" era seguido por outro. Coloquei, então, um sei não. E assim o blog iniciou. Sei lá, sei não.
Hoje minha mãe me disse que tem uma versão dessa música aparece tal como é o titulo do blog. Deve ser com essa versão que conheci a musica a princípio, e assim ficou em mente.
Indo agora ao oráculo, digo Google, digitei o "sei lá, sei não", e ou apareceu uma música qualquer dos racionais, ou apareceu referências ao meu blog. Não tenho dúvida agora, está patenteado.
Escutando a musica hoje, e retornando à letra, chamou-me atenção novamente.

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

Uma coisa termina pra outra nascer. Para nascer em amor, em paixão, como uma lógica fantástica, bela. O nascimento da paixão aparece mais ou menos assim na música. Têm de ser reposta e sempre, ou quase sempre, para não ser determinista, acaba. Quase como o arco-íris.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Arco-da-aliança

Imagina (Valsa sentimental)


Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque

Imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite a lua se apagar
Quem já viu a lua cris
Quando a lua começou a murchar
Lua cris
É preciso gritar e correr, socorrer o luar
Meu amor
Abre a porta prá noite passar
E olha o sol da manhã
Olha a chuva, olha a chuva
Olha o sol
Olha o dia a lançar serpentinas
Serpentinas pelo céu, sete fitas coloridas
Sete vias
Sete vidas, avenidas, prá qualquer lugar
Imagina, imagina, imagina, imagina
Sabe que o menino que passar debaixo do arco-íris moça, vira
A menina que cruzar de volta o arco-íris rapidinho volta a ser rapaz
A menina que passou no arco
Era o menino que passou no arco
E vai virar menina
Imagina, imagina, imagina, imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite, a lua se apagar


Ontem vi o arco-íris mais bonito da minha vida. Aliás, eram dois. De fora a fora no horizonte de minha janela. Um acima paralelamente do outro. Daí lembrei desta música. E achei-a mais linda ainda, com suas serpentinas coloridas, sete avenidas pra qualquer lugar.
Deu para entender o que há de onírico com os arco-iris. Nunca consegui antes me imaginar passando embaixo de um, mas ontem... Quase me ideei virando menina, ou achando um pote de ouro.
Ou melhor, achando um parque, com comidas e bebidas, e os melhores de meus amigos, de meus amores, de meu passado.
Seria, ao atravessar aquelas cores, como o paraíso que não posso esperar, já que não creio... Seria uma grande festa, com todas as amadas e os amigos que não se dão, abraçando-se todos, bebendo... Qui ça alguns deles nús, pulando na água... Seria um bacanal completo, sem necessária alusão sexual. Seria a festa do vinho e do pão, do amor e das risadas.
A mais bela metáfora, esse arco-íris. Seria a metáfora de meu passado, que com toda as sete cores abrindo a porta do presente pro passado passar, estabelecer... no luar, meus amigos ficariam a cantar. Seria o melhor do pretérito, transformando-se em presente, sob uma nova forma, já que o passado deve sempre ser passado, embora presente, à sua maneira.
Sob outro aspecto, o passado não poderia ser como o arco-íris, que passa ligeiro. Mas é. É presto. O passado e suas cores deveria se mostrar mais presente. Ou melhor, mostrar-se como presente, e ficar mais tempo. No meu caso, pelo menos, o passado faz-me o que sou. Mas acho que tratamos muito do passado como o arco-íris é tratado pela luz, que só o permite pouco tempo.
O arco-íris de ontem foi tão ligeiro mas tão lindo. E minhas cores ficarão da seguinte maneira: Buscarei tratar o passado no quadro de avisos, com fotos e lembranças. Quero que o passado não seja a "lua cris". Quero que o passado esteja a vista do presente, para que minha cores sempre me lembrem que sou colorido graças a elas. Tentarei olhar meu quadro de cores como um parque.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Tão presto quanto o digitar de um Brijo

Só não te quero um tempo. Um tempo para escrever, para lembrar das quintas, para olhar o calendário, para pensar no quanto te amo.
Só não te quero um tempo, tempo de minhas saudades, aquelas viagens e todos os dias seguintes às bebedeiras titânicas.
Só não te quero um tempo, curto tempo, que provo que te amo, que escrevo meus segredos.
Só não te quero um tempo, que preciso para escrever dúzias de páginas, com letras trêmulas transcritas de última hora em papéis coloridos.
Só não te quero um tempo, que preciso escolher os envelopes, as cores, decidir se vou ao correio e pensar na embalagem do presente.
Só não te quero um tempo, que o tempo é absolutamente necessário, que sou menino sem dotes produtivos, gasto muito papel e sempre rasuro minhas cartas.
Só não te quero um tempo, que preciso de mim para produzir para você. E sobre esse tempo, digo-te: poucos dias para tentar mostrar.
Mostrar que, se não me quero só em tempo algum, e se não te quero só um tempo, e se não te quero só em tempo algum, o tempo que eu quero é para mostrar que, fora ele, te quero toda. Todo tempo e o tempo todo.
E que o tempo que não te quero é tão curto que passa em prestíssimo, ao passo que meu amor por você é grave, e nada melancólico.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Ronin

[considerem issocomo ]
[uma figura de um Ronin. ]
[Não achei algo do gênero... ]
Pior do que o traidor repleto de confiança é aquele inseguro. Do traidor pleno não se pode esperar nada mais. Do segundo, nao se espera, não se julga, nao se considera. Até o momento da queda...
O traidor pleno sabe o que está fazendo e quase não pensar em agir de modo diferente. O outro pode saber ou não o que faz, e se remói por saber um monte de maneiras de fazer diferente. O pleno não se trai, o outro não faz nada além de trair a si mesmo. O primeiro sabe de si próprio, o outro, nem isso.
O traidor pleno sabe da fragilidade do mundo, de sua própria, e justifica seu atos, justifica sua (in)significação. O traidor amador não, não sabe de sua fragilidade, e fala da fragilidade mundana.
Este é frágil, um fraco que mal sai do lugar. Trai-se e pensa em como pôde, como foi capaz. Perde a honra, perde o chão e se sente o pior dos mortais. Isso é o seu orgulho. Aponta aos outros e se pergunta "como são capazes", mas não olha a si mesmo até o momento da falta. E neste ponto vê que o sonho de justeza é tão vão e sem propósito... não obtém a redenção, pois sabe que nada justifica. E que ele nada mais significa.
O outro nasce redimido, não precisa da provação dos outros e se vê como estabelecido na ordem. O inseguro aponta a desordem na sua ordem e se vê, no auto de seu orgulho, como o redentor, como aquele que carrega a bandeira da seriedade. É, no entanto, um paladino pronto à desonra de seu Deus. Um samurai que deixa seu mestre morrer, foge, e permanece vivo. Quando o traidor de si mesmo se vê como tal, perde a sua função.
E, fora dela, nada mais acontece. Perdeu seu propósito e se sente tão envergonhado que não se olha mais no espelho. E não é capaz de olhar para seu senhor caído. É tão orgulhoso de sua espada, que a falha representa um desejo remoto de abandonar tudo, e partir como um Ronin. Sem honra e pelo mundo...

domingo, dezembro 31, 2006

Révillon de Pierrot


O Reveillon é como um carnaval de um dia. Carnaval de máscaras, eu diria. Em que todos gostariam de mudanças. De trocar a mascara e se tornar o novo. Promessas de ano novo e mascaras de carnaval.
Trocar a mascara como quem troca de ano, muda de roupa, começa uma dieta, começa a correr, promete ser mais gentil, promete ganhar dinheiro, promete manter as agendas em dia e ligar aos amigos. Isto é ano novo.
Ano novo é intenção. Tenho a intenção do que? Terminar a monografia quanto antes, tirar a cidadania portuguesa, estudar pro mestrado, ganhar dinheiro e, no final do próximo ano, ter perspectivas de que o ano novo será melhor.
Porque hoje, às portas de um novo ano, acredito que não haverá muitas mudanças. Porque a vida não se interrompe ou modifica de modo pré-datado, ao 31 de Dezembro. E embora mudemos de máscaras diariamente, sempre o fazemos no Capricho da Fortuna. E sempre com muito menos controle e consciência do que quem põe a máscara do Pierrot.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sorriso de Pérola.


Lembrei-me de um filme e, posteriormente de seu quadro. "Moça com um brinco de pérolas". Quadro clássico baseando um filme. Seriam coisas interessantes e belas, quadros iluminando a criação de um filme. A imagem iluminando a imagem.
Me impressiono muito com a imagem. Sou muito do que meus colegas de curso chamam, pejorativamente, atacando o "pessoal da comunicação", de uma pessoa afetada pelo 'universo da imagem'. gosto da imagem. Da imagem que ilumina.
Ela me iluminou, de fato. Minha garota, já a muito tempo, com o que eu chamaria hoje de "Moça com sorriso de pérola". O sorriso aberto, largo, branco. E as gargalhadas e um daqueles olhares. Sim aqueles olhares.
São dos olhares e dos sorrisos, de fato, que milha libido é feita. E de outras coisas, que ninguem é de ferro. Coisas como... a inteligência. São esses os meus afrodisíacos. O sorriso de pérola, os olhos abertos e um cérebro maior do que o meu.
Se soubesse desenhar, ou pintar, faria um quadro da Moça Com Um Sorriso de Pérolas. E seu sorriso seria tão largo e envolvente quanto a lembrança do primeiro sorriso de minha querida...
ps. 1: Eu diria que o quadro ficaria tão bonito que conseguiria vender meus direitos autorais para uma propaganda de dentefrício. Mas isso acabaria com todo o romantismo da postagem...
E isso seria imperdoável.
Ps.: O quadro dos brincos é de Johannes Vermeer.

quarta-feira, novembro 29, 2006

O Sentimento


O Sentimento? O sentimento é uma matilha de cães que quase pensam serem gatos e são liderados por um chimpanzé que pensa ser gorila...
Impossível qualquer controle. A confusão reina.

sábado, novembro 25, 2006

entre, de modo indefinido

...diria que o presente deles foi lindo. E que foi a maneira como muitos sonhariam. Os dois, inexperientes, vinho, massa, andar pela casa nús, conversar, perceber que o sexo nao é simples quanto os filmes mostram... Ela, novinha, ele, "já passando da hora de se tornar um homem".
Foi uma descoberta, de fato. E, durante a vida dos dois, seguramente escutaram e escutarão olhares e vozes surprendidas.
Da surpresa de um casal que descobriu o amor juntos.
E, dessa descoberta, souberam e saberão do conceito de presente:
O período de maior ou menor duração, compreendido entre o passado e o futuro.
Porque o amor, e descobriram juntos, é sempre um presente. Separa, sempre, o passado e o futuro de modo dificil de perceber. Como uma gradação de cores tristes e alegres, onde não se sabe quando terminaram as cores frias e começaram as quentes.
Afinal de contas, a toda foto escaba um momento, um segundo anterior e o posterior. E a lembrança é tão frágil quanto o próprio amor. E semi-imortal.
Sempre resta, do presente passado, um pouco de vermelho e violeta, e verde e amarelo...

sábado, novembro 18, 2006

Romance de Boa-fé

A sinceridade primeira.
No topo de uma escola.
No topo do sexualismo.
Não podem malograr.

[Amadeus]

Não se anime tanto, menina. Te direi a verdade, antes, de fato, que seja tarde. Sim, sou um namorado bacana. Sou lindo e atencioso ao ponto de que, mesmo quando não mandando flores, é como se sempre as recebesse. Sou verdadeiro, leal, romântico, feliz e choro de felicidade constantemente. Olharei em seus olhos, entrarei em sua alma, gostarei de seus fazeres e te deixarei dormir como uma estátua de mármore, não porque fria, mas por demais bela. Te adornarei diariamente e escreverei muitos e-mails, mandarei muitos poemas, pensarei muito e redigirei muitas e muitas cartas, muitas delas não mandadas.
Mas ai, minha futura Linda...
Abandonarei, enfim, que pouco é para sempre. E, aviso, sou um péssimo es-namorado. Olharei pelos corredores, num querer ser e não ser amigo. Sentirei saudades. E nunca, nunca desaparecerei. Nunca deixarei de te amar. Nunca de deixarei só. Viverei em seu encalço.
E você, em volúpia de liberdade, sofrerá, enfim...
Ou sofrerei eu, repito, que muito do amor meu é pra sempre.
E seus olhos, por mim, quase que não mais brilharão.
E ficarei como que sem parte de meu próprio corpo.

quarta-feira, novembro 15, 2006

... a própria vida? Singela e arrebatadora.


O cordel do fogo encantado é o melhor grupo que apareceu na música brasileira nos últimos 10 anos. Tão lindo que nem pude resistir a por essa musiquinha. Tão singela... Não seriam os olhos tão singelos quanto...

Os Oim Do Meu Amor
Ê nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
Nunca mais eu vi
Os oím dela brilhar
Nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
São dois jarrinho de flor
E todo mundo quer cheirar


Encontrei teus olhos no fundo de minha gaveta. Embrulhados em papel de seda e perfumados de Jasmim.
Junto a livros e discos queridos. E duas flores. Uma, o girassol. Outra, o cravo. Da terrinha...

terça-feira, novembro 14, 2006

Um Ferro

Um relacionamento?
É como um ferro quente. Na pele não se escapa das conseqüências. Como eu sempre digo: as coisas implicam em muitas coisas. E um relacionamento, implica em alguma queimadura.
Mas não, não seria uma marca negativa. O relacionamento queima queimaduras que são amáveis. São reconhecíveis. São viciáveis. São como marcas daquelas culturas tribais. Para os outros, nunca fazem sentidos. Para as mesmas, para os nativos, para nós mesmos, a marca que nasce no relacionamento sempre indica muito mais. Indica os rituais de iniciação anteriores, indica os desejos de mudança de classes, indica as barreiras sociais inerentes, indica a própria mudança inevitável.
Mas ainda são marcas, meninas. Que nunca, nunca se apagam. Podem ser menos patentes, mas ainda existem. Sempre existem.
O pesado mesmo é o status que as queimaduras carregam. O que as Meninas de Minha Vida pensarão de mim? Acho que sou um homem bacana.
Mas perco o sono constantemente. Sempre achando que poderia ter sido melhor. Sempre um Homem melhor.

domingo, novembro 12, 2006

Quimeras

Minhas mulheres?

Minhas mulheres são quimeras. Fantásticas. Não correspondem ao mesmo tempo, e justamente por isso se constituem-se como criação. Minhas mulheres são passado e presente. Por vezes, futuro. São ruivas e morenas, cabelos cacheados e lisos, com belos olhos verdes e castanhos. Negras. E brancas como marfim.

Por falar em marfim, minhas mulheres são uma preciosidade. E tenho, de fato, que matar-me todos os dias, como um grande elefante, para fazer jus a elas.

Minhas quimeras fantásticas são monstruosas. Matam-me e dilaceram-me. E por elas, somente por elas, VIVO.

Só correspondo a mim mesmo por conta delas. E por suas inteiras responsabilidades me esforço para tornar-me um homem melhor.

terça-feira, novembro 07, 2006

Mas Não


Gosta, mas não tanto. Dá beijos, mas não delonga. Segura as mãos, mas não cheira. Ama, mas não declara. Ouve, mas não escuta. Vê, mas não repara. Lê, mas não escreve. Fala, mas não abertamente. Cobra, mas não oferece. Dá atenção, mas não colo. Sai com amigos, mas não convida. Chora, mas não defronte. Olha, mas não aos olhos. Recebe olhares, mas não gosta.
Consistente, mas tem ciúmes.
Viaja, mas teme trajetos. Acerta, mas teme derrotas.

Tenta viver, mas tem medo.


Tenta, mas humaniza-se em demasia, em demasia.

terça-feira, outubro 31, 2006

A Fome


Era quase tarde da noite e ela estava tão chateada que foi logo logo dormir. Já seis horas sem comer nada, e realmente não estava empenhada em fazê-lo.
Ele era realmente uma coisa que a afligia. Não tanto pelo descaso, que realmente comportava-se como um namorado realmente carinhoso. Mas tanto pela falta de atenção, aquela atenção difícil de realizar, aquela atenção de quem escuta amarguras e responde, hora-sim-hora-não, alguma coisa; somente para que a outra pessoa (Ela) não se sinta falando para as paredes. É disso, de fato, que ela sente falta. Não de carinho, porque Ele de fato a ama, mas de penosa atenção, que ele de fato dispença(-se).
Do que ela sente preguiça? De um relacionamento 'modernete' somente em um sentido. Sente preguiça das pecuinhas. E sente preguiça de comer.
O que deseja? Nada além de olhares (dele) olhando-a como a um magnífico presente diário, todo dia; olhares como que diriam: "Que sorte eu tenho".
Ela foi à cama e ficou deitada, com olhos lacrimejados. Durante mais de meia hora. Tinha fome estava decidida em dormir com ela. Abraçada com a fome.
...
Reconsiderou e foi à cozinha. Tomou um copo de leite. Daqueles como "lagoinha", ou "Americano". Aqueles copos de cerveja. Tão pequenos...
E dormiu, bêbada de um pequeno copo de leite...
Quase sem fome. Que ela nunca acaba.

sábado, outubro 28, 2006