quinta-feira, janeiro 11, 2007

Arco-da-aliança

Imagina (Valsa sentimental)


Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque

Imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite a lua se apagar
Quem já viu a lua cris
Quando a lua começou a murchar
Lua cris
É preciso gritar e correr, socorrer o luar
Meu amor
Abre a porta prá noite passar
E olha o sol da manhã
Olha a chuva, olha a chuva
Olha o sol
Olha o dia a lançar serpentinas
Serpentinas pelo céu, sete fitas coloridas
Sete vias
Sete vidas, avenidas, prá qualquer lugar
Imagina, imagina, imagina, imagina
Sabe que o menino que passar debaixo do arco-íris moça, vira
A menina que cruzar de volta o arco-íris rapidinho volta a ser rapaz
A menina que passou no arco
Era o menino que passou no arco
E vai virar menina
Imagina, imagina, imagina, imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite, a lua se apagar


Ontem vi o arco-íris mais bonito da minha vida. Aliás, eram dois. De fora a fora no horizonte de minha janela. Um acima paralelamente do outro. Daí lembrei desta música. E achei-a mais linda ainda, com suas serpentinas coloridas, sete avenidas pra qualquer lugar.
Deu para entender o que há de onírico com os arco-iris. Nunca consegui antes me imaginar passando embaixo de um, mas ontem... Quase me ideei virando menina, ou achando um pote de ouro.
Ou melhor, achando um parque, com comidas e bebidas, e os melhores de meus amigos, de meus amores, de meu passado.
Seria, ao atravessar aquelas cores, como o paraíso que não posso esperar, já que não creio... Seria uma grande festa, com todas as amadas e os amigos que não se dão, abraçando-se todos, bebendo... Qui ça alguns deles nús, pulando na água... Seria um bacanal completo, sem necessária alusão sexual. Seria a festa do vinho e do pão, do amor e das risadas.
A mais bela metáfora, esse arco-íris. Seria a metáfora de meu passado, que com toda as sete cores abrindo a porta do presente pro passado passar, estabelecer... no luar, meus amigos ficariam a cantar. Seria o melhor do pretérito, transformando-se em presente, sob uma nova forma, já que o passado deve sempre ser passado, embora presente, à sua maneira.
Sob outro aspecto, o passado não poderia ser como o arco-íris, que passa ligeiro. Mas é. É presto. O passado e suas cores deveria se mostrar mais presente. Ou melhor, mostrar-se como presente, e ficar mais tempo. No meu caso, pelo menos, o passado faz-me o que sou. Mas acho que tratamos muito do passado como o arco-íris é tratado pela luz, que só o permite pouco tempo.
O arco-íris de ontem foi tão ligeiro mas tão lindo. E minhas cores ficarão da seguinte maneira: Buscarei tratar o passado no quadro de avisos, com fotos e lembranças. Quero que o passado não seja a "lua cris". Quero que o passado esteja a vista do presente, para que minha cores sempre me lembrem que sou colorido graças a elas. Tentarei olhar meu quadro de cores como um parque.

2 comentários:

Anônimo disse...

imagina...
esta noite...
encontrar-me aí nesse calor "gostoso" (longe das inundaçoes, portanto)...
a beber cerveja fresca e caipirinhas numa esplanada...
sem pensar em mais nada...
sem pensar em nada...
só beber e rir...
seria o arco da aliança...
seria o arco do triunfo...

Anna Carolina disse...

nós: o passado o presente o futuro...

[obrigada pela visita]