segunda-feira, abril 09, 2007

Uma mordida

Namorado levanta. Lentamente, é verdade, para não acordá-la. Põe o jeans surrado, aquela camiseta amassada como uma Camiseta-de-depois. Decide não ser necessário o tênis, que não ia demorar.
Pega os cigarros, o isqueiro. Abre a porta, caminha até a varanda da sala ampla, semi-luxo e voltada, de seu alto de arranha-céu, ao restante da cidade. Luzes, estrelas, uma bela lua. Lua gorda, cheia...

O Namorado abre porta de vidro. Fecha. Sentou-se ao lado de uma mesinha, redonda.
Queda-se alí, a olhar o mundo, o seu mundo.
Ficou um tempo até acender o cigarro. E logo escuta a porta abrir, uma mão no ombro. Mão rápida, forte. Era o pai.


Sentou-se com duas cervejas.


O Pai - Cerveja? Sem sono?
O Namorado - Rola! (A cerveja se troca de mãos) É, só pensando mesmo. (...) E você?
O Pai - Tô pensando. (...) Se eu te pedisse um cigarro, e você me desse, você contaria pra alguem?
O Namorado - Claro que não. Sua filha me mataria por te levar de novo no mundo do vício...
Um oferece o maço, o outro retira um cigarro. A baforada de um abstinente...
O Pai - Pensando no quê?
O Namorado - (...) Na sua filha...
O Pai sorri...
O Namorado - Digo uma coisa em primeira mão: estou completamente apaixonado.
O Pai - Em tão pouco tempo?
O Namorado - Minha vida é um turbilhão. E o amor é tão grave quanto a própria vida.


Silencio longo. Baforadas...


O Pai - Troco uma cerveja por mais um cigarro.
O Namorado - Tá.


O Pai foi e voltou.


O Pai - E ela?
O Namorado - Não sei. Seus olhos me amam. Mas algumas pessoas demoram a vislumbrarem os próprios olhos. Mas logo ela descrobre, se já não tiver descoberto.
O Pai - O Amor é uma grande mordida. É realmente mordaz...


O papo se perdeu em outras coisas. E só muito tempo depois Ela saberia o porque de tanta ressaca no dia seguinte, causa do fim de toda cerveja e de meia garrafa de wisk.

Um comentário:

Anônimo disse...

Apesar de vc não ter gostado do texto, eu achei legal! Parabéns pelo blog! Bjoss =)