sábado, outubro 28, 2006

O Tempo e o Touro



Hoje é dia 28 e o Touro olha o vermelho. Aquele homem que ali está é como o Tempo, e é assim que o animal o olha.
O homem e o vermelho, um só e assim se comportam, dançando. E o touro persegue o Tempo.
E que o tempo passa, sabemos. E é isso que o touro persegue. Aquilo que se passou. O Touro olha o 28, e o tempo passa. O Coliseu grita: "Hole!".
O Touro só não percebe que o dia 28 repete a meses. A vida repete a meses. E, ao invés de olhar aos palhaços ou ao público, insiste em ir ao vermelho. Insiste em não perceber que, ao invés do vermelho e aquele homem, há sempre um dia 1° de Março.
Os Touros perseguimos muito o vermelho.
Mas o Tempo é um Toureador que nunca, nunca perde.

terça-feira, outubro 24, 2006

Bons Homens, aqueles Elfos...




Desde que sei da existência, sempre gostei de RPG. Espadas, história, imaginação fértil, vampiros de gerações imemoráveis, Elfos.
Sim, sobretudo os elfos. Acho que estes seres e o mundo à parte que todos temos (tenho) representam a necessidade do que é singelo, sem contudo ser moral, moralizante.
O mundo, acredito, perdeu o fio meada do que é singelo. Uma colher, por exemplo, de 50 anos atrás, uma cadeira; o abandono do utilitarismo que me mata hoje.
O mundo não é 'util', e continua a ser bonito.
E o Elfo, com sua delicadeza de cortar cabeças, sua graça. A Graciosidade.
O homem, e digo no gênero específico, perdeu a graça e continua querendo cortar cabeças. Embora eu não ache que a vida tenha um valor inerente , ainda acho triste um palavrão gratuito, um lugar não sedido à uma velhinha, um papel pelo vidro do ônibus. Isso é muito pior, as pequenas faltas de delicadeza.
Um elfo não faria isso. Não atacaria pelas costas, nao coçaria o saco em público, não contaria vantágem com a traição à Elfa. E o elfo adoraria uma colher com detalhes bonitos durante todo um dia. Como uma pequena joia. E pegaria seu arco ou sua espada para matar hordas de orcs, ou mesmo outros elfos, já que sempre temos inimigos que nao são tão diferentes.
E choraria por uma boa música e fumaria um bom cachimbo sem se preocupar com o enfisema no final de seus séculos de existência.
Gosto de Elfos pois são a aproximação fantástica do spiritu feminino...
E ainda conseguem cortar cabeças, como bons homens.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Ela é o Louvre



A Minha Linda?
A Minha Linda... Sei lá. Disse-me que tenho um brilho nos olhos. O brilho nos olhos, já disse aqui, é fundamental.
Mas Minha Linda fundamenta-se pelos dentes, ou melhor, pelo sorriso. Ela é Linda, e, Minha Linda, brilha nos olhos quando sorri. Como que automático. Como que uma decorrência natural de todo sorriso. Sim, em Minha Linda o sorriso é a própria causa de todo brilho, nos olhos, em tudo.
Em Minha Linda, então, o sorriso é o fundamento, a capacidade de rir de quase tudo e emitir luz. O sorriso de minha linda não cabe entre os lábio, deve, sua alegria, extravasar o limite dos lábios em batom.
Gosto dos batons de Minha Linda, gosto da meticulosa elegância em combinar cores, gostos, paladar. Da vida, em sí... Da sua exigência naquilo que deve ou deveria ser. E isso não seria geral para todas as lindas do mundo. Não, minha linda implica num elitismo, numa exigência, numa elegância que seria insuportável em quaisquer outras lindas. Outras lindas devem ser descoladas, a minha não. Deve ser exigente, e é Linda exatamente por isso.
A minha linda é o Louvre. Gosto muito da Feira de Caruaru, do Pelourinho, de Samba, da Lapa. Mas minha linda perderia a viajem em tudo isso.
Afinal de contas, Ela é Minha Linda e, como tal, não poderia ser diferente.

Seu sorriso não poderia ser a seriedade de outras. Seu refinamento não poderia ser a "vulgaridade" de outras belezas. Mesmo a vulgaridade, sem muito tom pejorativo aqui, pode ser
bela.

Mas não, não em Minha Linda.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Um monte de cotovelos...


Os cotovelos sustentam as letras. Os cotovelos sustentam quase o mundo...
Isso pelo seguinte, pessoas alegres se sustentam não nos cotovelos, mas no sorriso, ou naquele sorvete de creme...
A melancolia se sustenta nos cotovelos, e neles mesmos se sustentam a produção das letras. Um pouco por mim, diria, que só escrevo, ou quase só escrevo, baseando-me nos cotovelos.
Mentira? parcialmente mentira, já que digitar com o cotovelo na mesa é impossível... mas vocês entenderam...
Sobre isso de cotovelos e escrita, tem-se parte da incompreessão dos que não escrevem, ou não escrevem tanto em blogs. Uma postagem triste nao quer dizer que ou autores sejam tristes. E um blog completamente alegre quase não seria um blog.
Assim como um caderno azul não seria alegre, nem também um daqueles cadernos de escola, utilizados quase como diário, e que a menina escreve diariamente sobre o menino moreno sentado na primeira fila... E que, coitada, nem dá-lhe bolas!
Ps.: A metáfora dos cotovelos nao é minha, mas da Christine, e não poderia roubar-lhe a beleza.
Ps. 2: Achei que estava faltando um Homem Acotovelando...

domingo, outubro 15, 2006

Azeitonas

Sentia-se só e solitária. O que na verdade são coisas ligeiramente diferentes.
Foi à geladeira como quem procura um abraço. Viu um vidro de azeitonas. Adora azeitonas. Foi sem mudar a fisionomia, mas com alguma esperança. Não conseguiu, no entanto, vencer o pote. Abriu a geladeira e guardou as pequenas esperanças verdes, que não poderiam ser de outra côr.

Guardou-as como quem guarda a sí mesma.

Permaneceu, depois, sentada. Como uma tampa invisível.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A primogênita

Eu diria que o que sou, devo ao desprezo feminino original, inaugural. Não só pela primeira, mas aquelas que se seguiram, durante anos.Esteve ali a minha "salvação", se posso colocar nestes termos.Eu tinha onze anos. Ainda quase usava aqueles bigodes ralos, típicos de uma fase de pré-adolescencia. Estava, na verdade, louco para deixar de ser "virgem de boca", como se dizia...E, numa daquelas festas de interior, festa de padroeira. Festa ótima, onde as várias amigas da prima ficavam de olho nos 'meninos da capital'. Foi ali que aproveitei a capacidade de entrosamente de minha prima e fiz 'as honras' para uma menina mais velha com a ajuda de meu 'primo mas velho', também 12. C. E. Linda, inteligente, simpática, com um belo sorriso. Deve vir dai, quem sabe, o fato de eu gostar de belos sorrisos e cérebros maiores do que o meu. Porque é bem por ai, gosto de cérebros, dentes e alegria... Entre outras coisas...Mas, voltando à primogênita, foi bem difícil. Naquele veho esquema de "diz dizer que eu disse", e que se finaliza com uma frase muito usada por mim: "Estou afim de ficar com você, você está afim de ficar comigo?" hahahhahahhahahaDá-me vontade de rir, ao lembrar dessa frase.E. C. me enrolou por dois dias, se me lembro bem. No final, ficamos em uma rua secundária, com uma amiga dela vigiando a chegada de qualquer conhecido! Afinal de contas, cidadelas interioranas, quase todos conhecemos a dinâmica.E ficamos durante algumas horas, ou sei lá quanto tempo... eu era muito mais abusado do que hoje, caractéristica que inclusive possibilitou eu colocar a mão debaixo da camisa dela, mas apenas tocando as costas! Engraçado isso, que hoje me sinto quase um 'canalhinha' por conta do abuso, que hoje seria quase tão banal! Mas tinha 11 anos, vamos levar isso em consideração... E, levando, acho que 'a menina mais velha se assustou'. E, por isso, quem sabe, desprezou. Foi uma daquelas desculpas: "meu pai ficou sabendo, nao rola mais." Na verdade nunca saberei, já que nunca mais conversei com ela sobre o assunto, mas digo que tomei uma caipirinha, ou capetão, ou algo do gênero. E cambaleei depois de levantar do banco, e chorei num canto qualquer da praça, sozinho.
Nos mais ou menos 7 anos seguintes, nunca tive qualquer "ficante" por mais de 3 encontros. Passava meses sozinho. E me esforecei, cada vez mais, em ser atencioso, já que me sentia mal ao lado dos meus amigos, sempre com muitas "ficantes", e eu sempre o pato feito da turma.
Pensando nisso, é muito engraçado. Hoje, de fato, minha autoestima é realmente grande. São poucas as mulheres que me assustam, que fazem-me sentir completamente impotente, que fazem-me fugir. Sou, quase sempre, hoje, somente parcialmente minguado.
Com a menina precebi que mesmo tendo certeza de que ficaria com ela no dia seguinte, nao há nada no mundo que garanta o desejo, o amigo, o amor, a outra pessoa. É claro que isso é uma implicação lógica complicada, já que era tão novo, e somente fui amar muitos, muitos, muitos anos depois. Não foi, pois, a menina que fez-me entender, mas a partir dela.
Mas foi o início, onde percebemos que, a qualquer momento, sendo não dada uma atenção, podemos perder-nos e perder os outros.

(Esta postagem acabou por ficar bem parecida com uma outra que eu li, mas não foi um plagio. A falta de apreço pode ter uma capacidade pedagógica muito maior do que pensamos.)
Em tempo: os meus amores também me ensinaram muito, e só depois de ser amado é que pude amar. Mas isso é assunto para outra situação.

ps.: meu pc está com problemas, entao, hoje, nada de letras coloridas, fotos, ou texto justificado. Estou sem mouse.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O carinho pode acabar entre 'os seletos', o respeito e a polidez... não.


A paixão é sua guia. Isso é de fato difícil. Sempre quer mais ou menos, é passional, é intensa. Odeia, passa pelos corredores procurando, olha e-mails, olha a secretária eletrônica e sempre verifica se o telefone está funcionado. Fica olhando à espera de uma resposta, precisa saber das horas e sempre acha que existe algo nas entrelinhas.
Ela é pesada, penosa, linda. Sempre quer saber das coisas de modo escancarado. Sempre acha que deixaram de dizer algo. Sempre acha que a odeiam ou amam. Porque ela á assim, ama ou odeia, e se incomoda com o mais absoluto consenso. Não consegue não dar atenção. Não evita a cerveja, quer saber como seus amores estão, quer falar sobre tudo. Quer matar a aula, tomar a tequila e discutir sobre as questões etéreas e vulgares. Ir à sinuca, ao cinema, achar um local seguro para comprar maconha, comprar sorvete, comprar cachaça, tomar chimarrão, fumar cigarros, ler suas obrigações acadêmicas, ler suas obrigações cotidianas; ler as pessoas.
Isso poderia ser um processo: ela tem obrigação com as pessoas. Não nega e não gosta de negações. 'Não me neguem', quase diria, como quem pede para não ser relegada ao passado. Não quer ser o passado, e isso reflete sua incapacidade de lidar com o tempo. Não, não que tenha dificuldade com as rugas, cabelos brancos ou o futuro peito caído - ou melhor, os dois peitos... Tem dificuldade com as relações caídas, com a rotina, consigo mesma, com o tempo que a domina. Ela é improdutiva, não entrega as atividades, não lembra dos compromissos correntes, tem dívidas mais sublimes: com as pessoas.
Ela quer, então, ser cercada. Quer os seus semelhantes e os seu quase semelhantes. Ser cercada por eles, dialogar. Não muitas pessoas, mas as seletas.
Sobretudo, pessoas, ela não gosta do descaso. Façam um favor, se despeçam caso queiram distância. Sejam atenciosos e digam a ela no caso de uma necessária distância, no caso de uma necessidade de descanso para com o perfil tão difícil dessa garota. Não saiam simplesmente. Digam ‘oi’, perguntem ‘como está’, sejam polidos. Ela precisa disso: polidez. Polidez, gentileza, educação e carinho. Ou melhor, não tanto o carinho. Ela resiste à falta de um carinho tópico, determinado. Ela precisa, na verdade, do mais profundo respeito. Respeito e polidez, quase todas elas precisam...

quarta-feira, outubro 04, 2006

Fodam-se

Minha vontade, de fato, é chutar tudo e colocar um foda-se no meu MSN. Mas não, sou muito recatado para isso tudo! E sou muito mal humorado. Tanto que tenho preguiça de minha falta de paciência. Hoje tive vontade de socar um sujeito que furou fila no bandeijao. Tive vontade de mudar de curso. Quem sabe pra algo mais lúdico. Algo na comunicação ou arquitetura, design, sei lá...

Minha vontade é não pensar em nada que me faça odiar meu trabalho e em nada que me faça ter a convicção de milhões de reais do contribuinte mal empregados. Minha vontade é ter convicção de as pessoas sabem para que serve um cientista social. Afinal de contas, todo mundo sabe o que faz um arquiteto, mesmo que ele faça cadeiras ao invez de plantas de casas...
Vou fazer comunicação e me vender a algum jornal medíocre e direitista. Assim nao precisarei pensar. Ou talvez continue nas ciências sociais e comece a trabalhar na acessoria de algum fascista por ai. Nem precisa ser um fascista, pode ser um ruralista que adora dar tiro em sem-terra. Nada que exija consciência. Ai eu arrumo uma loira oxigenada, amantes, carros importados, um filho marginal, sei lá....
Não, melhor não. Vou fazer arquitura e decorar interiores. Dai poderei vestir saias e não preocupar com minhas desmunhecadas esporádicas. Afinal de contas, não fará muita difereça se não sou macho o bastante para achar normal meus grandes amigos serem machistas de merda!!! Minha desmunhecadas poderão até contar como diferencial profissional.
Algo que não me faça pensar em algo que envolva centenas ou milhares de pessoas. Nada de milhões de reais aplicados em um metodologia equivocada, porque imediatista.
Lembrei-me de um piada que adoro, justamente pela idiotice: "Arquiteto foi aquele que nao foi macho o bastante para fazer engenharia nem bicha o bastante para fazer decoração."
E o Sociólogo? Aquele que não foi avançado o bastante para fazer Jornalismo nem conservador o bastante para fazer Direito.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Olhos e elogios

Diariamente leio os blogs ao lado. Um a um. Estes que escrevem não se surpreendem tanto com meus elogios. São de fato tão comuns que alguns nem já os lêem com os mesmos olhos. Parecem, os elogios, não os olhos, firmados em gentileza tamanha que as vezes penso se acaso eles realmente sabem e acreditam no tanto que bem escrevem.
Acho que não. Escrevem de modo normal, sem grandes pretensões. E escrevem, quem sabe justamente por isso, feito grandes poetas. Pergunto-me quantos poetas ficaram escondidos antes dos tempos dos blogs. E que agora se mostram em restritos grupos e escrevem "postagens", nome atual para muitos poemas.
Muitos desses tenho de ler várias vezes, até chegar à mensagem, minha mensagem, de determinada maneira. Os bons textos são assim, têm de ser digeridos, lentamente, gradualmente. Por isso as vezes nem deixo comentários. Acho que não saberia dizer o tanto que alguns textos são bons. Lembro-me de um filme em que o personagem faz um fabuloso discurso que não recebe nenhuma palma. À frustração do personagem, outro acalenta falando de como o discurso não foi aplaudido justamente por ter sido muito emocionante. Algumas coisas são tão boas que não podem ser aplaudidas. Algumas coisas devem reinar um tempo no silêncio.
Minha relação com os blogs é mais ou menos essa: me dão alguma esperança na qualidade de produção artística nacional.
Não estou exagerando nem sendo demasiado gentil. É verdade que muitos vêem meus olhos como gentis, e de fato são, mas meus elogios são verdadeiros.
O problema é que as pessoas me tocam demasiado. Sim, as pessoas são belas... Tão belas que merecem um minuto de silêncio, como uma reza.

sexta-feira, setembro 29, 2006

O pequeno futuro barão


Meu eruditismo é comedido.
Escutando um música do Cordel hoje, ‘o barão nas árvores’, lembrei-me bruscamente, como lembra aquele que perdeu a memória, de uma peça. A história de um filho de barão que sobe em uma árvore. Não verdade não lembrei da história, que era relatada pela letra da música. Lembrei-me da peça, dos bancos de madeira, de uma querida, de um teatro.
Engraçado isso. A lembrança simplesmente veio. Se alguem tivesse me perguntado sobre a peça antes, acho que nao me lembraria. Mas a lembrança veio.

Era como se estivesse sonhando, ao lembrar...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Simples assim...

O que falta a Ela é o 'Sim'. Está verdadeiramente pronta, preparada. Poderia ser a qualquer momento. Um mergulho único, sem bóias rosas nos braços, sem precisar de quinas de piscina, sem escada, sem nada. Somente alguém que diga: 'também vou'. Um 'um, dó-lá-sí, vamos ir'. Já.
Ela precisa do 'já', comprometido com o momento. O 'já' comprometidO com ela mesma.
Isso porque 'ninguém pode ser feliz sozinho e antes um amor que não compensa do que a solidão'. Não tanto quanto defendia o poeta.
NÃO, não.... Não um que não campense. Ele precisa compensar, o amor, o seu amor. Ele poderia até mesmo não se auto declarar como eterno. Mas tem de ter disposição. Isso que ela quer, um amado disposto. Um disposto para se tornar namorado. Um quase eterno.
Isso porque nenhum amor basta. O amor é muito medíocre, muito racional. Ela quer irracionalidade. Quer jogar suas fotos na piscina. As fotos, as cartas, os livros. Todos eles antigos. E, com o novo, pular. Como quem diz: 'vamos, veja todas as minhas cartas, os meus livros. Vamos reescrevê-los'.
Pois na verdade Ela não quer desfazer do passado. Quer revê-lo. No presente, com um novo presente, por um novo presente.
Não, ela não ama, não se apaixona, mas deseja. Deseja-o. Não Ele, O Namorado abstrato, mas ele, o presente e o futuro. Empíricos. Ela deseja a bebedeira, o devaneio, o filme a tarde, a ajuda nas atividades, o sexo profundo, as conversas ao telefone, o café, a cerveja, o cotidiano de ensinamento. Ela deseja anotar tudo que ela sabe sobre sí mesma. Num caderninho. E quando Ele estiver, começar a contar, declarar, explicar, dizer como é. E, sentindo o desejo pelo conhecimento, o desejo por Ela, Ela quereria um homem. Um eu te amo.
Ela é simples assim.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Afinal...

Algo aconteceu com Ela. Subitamente, como tudo em sua vida, que é levada em sustos. De repente.
É claro, os problemas outros continuam. A falta de dinheiro, o trabalho chato, a intelectualidade indefinida, a intermitência entre o sentimento de mediocridade e orgulho.
Mas bolas! Recuperou o sorriso besta, o sorriso ao infinito, a vontade e o pensamento no outro, a esperança, o acalanto. Em uma palavra, quase recuperando a sí mesma, o que é lindo...
Tudo pelo que é lindo, afinal...
Parabéns, menina, pela capacidade de fazer repentes!

domingo, setembro 24, 2006

Duelo


Um dia estava na janela de minha casa e ví uma cena deplorável. Dois grupos de jovens tacando pedras uns nos outros, no meio da rua... correndo para pegar pedras e tacá-las e correndo para se municiarem.
Penso agora no modo como os avanços sociais costumas deixar para trás coisas mais civilizadas, de certa maneira... A violência toma hoje um aspécto de não sabermos o que esperar. Não sabemos quando e como poderemos sofrer violência. Quais são as regras?! E, voltando, penso como fomos 'mais civilizados quando menos civilizados'...
O duelo, por exemplo. Duas pessoas em contenda chegam a "um acordo", tipo de armas, local, data, testemunhas, juizes.
Nada daquilo de pessoas receberem pedradas sem motivo. Uma maravilha! Até lí parte de um livro onde um francês normatiza as regras tácitas do duelo, uma coisa refinada...
Tô até pensando em duelos coletivos, com poponetes (é esse o nome?), placar, sei lá. Coisas mais modernas. De repente rola até de criar um programa de T.V.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Arrependa-se, Menina...

Percebeu. Que já vem a alguns dias, um monte deles, aos que se somam meses, em que Ela não passa todas as 24 horas sem alguns minutos de tristeza. Isso, que pode aparecer como muito comum a alguns, mostra-se a ela de modo surpreendente. Já que sempre foi conhecida, por si mesma e pelos outros, pela marca da felicidade, do otimismo, da 'consciência da boa vida'.
Agora não mais. Não que seja agora triste. Ela não é, mas está (O que incompreensível para os anglicanos). Sempre durante alguns minutos durante o dia fica naquele sentido que sempre maldisse: "lembrando de uma época feliz". Isso! O saudosismo...
Ela nunca gostou de saudosismos e sempre pensava que o momento atual era o melhor. Esquecia seus homens, seus professores, seus amigos perdidos. Não que realmente esquecesse deles e dos anos , como quem joga tudo à lixeira. Não, ela não fazia isso. Mas simplesmente não ficava olhando o passado. Como faz agora. Como lembra dos homens de sua vida e pensa no modo como poderia ter sido ainda melhor.
Para ela isso é o pior. Saber que poderia ter feito mas bem feito.
Menina, arrependa-se de ter amado muito e de ter amado pouco. Enquanto, só, espera o próximo, amor. Também só...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Vida besta...

Com 50 e poucos. Digo poucos porque quase ninguém sabe a idade, não diz. Passa cremes toda a noite, cuida da pele. Um dos poucos hábitos. Outros são os cigarros e a cerveja. Passa os dias assim: escrevendo, lendo, olhando e-mails, limpando a casa, fumando cigarros e tomando cerveja religiosamente após o sol se por.
Olha os e-mails e espera mais uma consultoria, daquelas que a deixa insegura e apavorada, que aparecem de meses em meses. Tem, na verdade, uma vida besta. Com 25 anos de formada e mais de 35 de trabalho, e uma pós quase terminada. E ainda ter de se definir como desempregada.
Não sei lá quantos anos de observação política, iniciada aos 13 em um daqueles partidos clandestinos e lutando contra mais uma daquelas ditaduras latino-americanas. E, justamente pela vida besta presente e passada, nem sequer uma casa própria. Presa numa cidade odiada, sonha com um lugar na terra natal, num daqueles bairros tradicionais.
Voltando aos prazeres, só os cremes, a cerveja e os cigarros. Nem o sonho político mais.
Dos males, a falta de dinheiro, a tosse, a distância, o medo de morrer antes da hora e a lembrança de que a decepção mata. Como matou o melhor amigo, de modo próximo à sua atual situação.
Das lembranças, a de um homem no exterior. O Homem. Aquele que mais lhe respeitou, aquele que foi rejeitado, aquele que dá o nome a todas as suas senhas.
Diria que ela se sente exilada. Exilada dentro de si própria, dentro de terra alheia e dentro de todos os erros cometidos.

terça-feira, setembro 12, 2006

Recato

"O mundo é muito mais água
Do que eu posso beber"
Nando Reis, O Meu Posto.

Bela música. Na verdade, meio baladinha, mas bonitinha, e com uma letra realmente bonita. Tem uma outra parte da letra:

"Não te vejo a metade
Do quanto quero lhe ver"

Diria que nao tenho metade do mundo quanto eu quero ter. Ou melhor, não tenho com metade do mundo. E, com o mundo, perco a fala, a ação. Magoado com ele, perco o sorriso, esboço aquele Gioconda, amarelo, como aquele que não consigo ficar sério, nem tão pouco sorrir, gargalhar. Magoado, é como se fosse a vergonha.

Não magoado, simplesmente gargalho. Ou sorrio. Até aquele sorriso insosso. Aquela falta de vergonha.

E como se o mundo pedisse calma, e a calma fosse minha menor das qualidades, ou melhor, a impulsividade o maior dos defeitos... E o mundo assim pedindo recato, querendo não ser violentado.
Acabo de olhar no Aurélio o significado de recato. Vi dois que me chamaram a atenção.
"1. Cautela, prudência, resguardo. 2. Modéstia, simplicidade. 3. V. pudor (2). 4. Lugar escondido, retirado; recolhimento. [Var.: recado2.]"
O mundo pedindo a modéstia e o meu recolhimento, diria. Mas não. Não posso ou não quero.

Mesmo diante da maior mágoa, não me nego ao mundo. E, me expondo, me arrisco à dor, frequento os lugares, olho as pessoas, faço as perguntas ridículas e me arrisco sempre ao sussurro do mundo:

"- Calma, que mordo..."

E o mundo sempre morde, assopra, indiferenta-se, beija, acarecia, diferencia.

E sempre, depois de uma mordida, maldigo-me, quando recolhido, a falta de recolhimento. Soprado, espero sempre ver outro mundo, Bendigo-me, expansivando-me, a falta de recolhimento.

Enfim, não tenho o menor conserto, só tenho concerto...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Sugestões...

Meninas,

Só não consegui o Mombojo e o Mula Manca e a triste figura... onde consigo baixar??? No Emule só tem o album "Nada de novo", do Mombojo..

E vou atualizar vocês sobre as impressões...

domingo, setembro 10, 2006

Nova fase...

Comecei uma nova fase musical. Não que tenha deixado Beatles e Jethro, mas adoto agora o Nordeste.

Cordel, os dois albuns; Mestre Ambrósio, os albuns Terceiro Samba, Fui na Casa de Cabral, Mestre Ambrosio, 'De Nasarão da Mata Pernanbuco ( é isso?!)'; Mundo Livre S/A, Bebadogroove, O Outro Mundo de Manuela Rosário.

A primeira banda, Cordel, é na minha opinião a melhor banda dos últimos 10 anos.... Fantástica!!!

Conhecer, conhecer mesmo o Mestre Ambrósio, estou a começar agora. Sim, pessoas, já disse aqui que sou muito mal formado... Mas estou à tentar retificar isso, como podem ver... E para deixar mais claro a minha formação musical tardia, o Mundo Livre só escuto pra valer, naquele esquema de pegar os álbuns, agora...

Criei em minha cabeça a idéia de um lindo Pernambuco. Não sei porque, mas mesmo não conhecendo o Estado, fica cá por mim pensando que ele deve ser o celeiro cultural do Brasil..

Eu ia, a propósito, começar esta postagem falando que qualquer renovação na produção cultural brasileira seria guiada pelo nordeste. Mas acho exagero. Não há no nordeste, assim como não há no sul, no sudeste, no centro oeste ou no norte, qualquer coisa que os coloque de modo superior aos outros estados... Mas diria, com segurança, que se o nordeste não deve guiar, deve, ao menos, contribuir essencialmente à renovação da cultura popular brasileira.

Nao sei se é o que mais me apetece, mas digo da essencialidade do nordeste porque vejo o que há de melhor em música. E isso, repito, baseia-se profundamente em achismo. Não é uma pesquisa sistemática. Afinal de contas, o mais ao norte que eu fui, foi Prado... Bahia, aos 11 anos...

É, crianças... Sou muito mal formado e mal posso esperar para ir à Pernambuco. Nem sei o porque. Deveria perguntar aos membros do Cordel, do Mundo Livre, do Mestre Ambrósio, da Nação Zumbi ou a quem??? Quem sabe perguntar à Pastoril do Faceta, ao tipógrafo Antônio José de Miranda Falcão (fundador do , jornal mais antigo do Brasil (1825) ou ao conde João Maurício de Nassau (abaixo)...

Não, não, a esse não... Afinal de contas ele foi um burocrata. Estamos a falar de arte e comunicação...

Salve Pernambuco!
(A propósito, qualquer sugestão musical relacionada aos estilos supracitados será bem vinda...)

domingo, setembro 03, 2006

Parentesis

A situação no Brasil está tão dificil, tão dificil..., e somos tão mal administradores das coisas públicas que bastou um brasileiro ir ao espaço para perdermos Plutão.

sábado, setembro 02, 2006

Bate-estaca

Querido diário,
Desde os idos de 1994, então com 12 anos, até meus 17, eu tinha o costume de ir em buate de música eletrônica, até então reconhecida por mim e chamada por meus 'coleguinhas' e 'colegões' de musica 'underground', não sei porque diabos...
É claro que a principio era uma matine que começava na tarde de domingo. Acabei de pensar, e é engraçado, como o dia só tem 24 horas a partir de uma determinada idade. Eu nunca poderia, pelo que me lembro agora, pensar que ir à Arena (A melhor pista das Amérias, heheheh) às 17 horas. Não, eu ia 5.... E as 10:15, no máximo, e não 22:15, estava em casa.
E, depois de muito tempo sem escutar um bate-estaca, anos, alguns anos...
Fui à 'Singles', ali no Lourdes. Como meu amigo 'prayboy' estava com convites off-off e numa recem solteirice, não pude recusar.
Estava antes na Federal, e fui direto. Pensando que ontem foi sexta, e que teve uma série de lugares com vinho de graça e cerveja barata, e pensando que eu nem cogitava a possibilidade de sair depois da facu, e pensando que fiquei em reuniao de 14:00 às 18:30, e pensando que meus allstar nao sabiam nada de necessidade de se arrumarem mais, digo que não estava o "tipo-ideal" de quem vai à uma buate. Desculpa esfarrapada, meu negócio é buteco e bar de rock, mas, enfim, chega o ramiro completamente out'sider.
Minha primeira impressão foi que estavam me roubando. Pulei de 1,50 numa skol no D.A para 3,80 na buate.
Minha segunda foi o vislumbre de como todas as garotas eram iguais. Mesma maquiagem, cabelo, sapatos, roupas e aquele detalhe vermelho na bochecha. Quase me esquecia, todas absolutamente maravilhosas. Lindas mesmo.
Consegui observar no máximo 10 mulheres muito feias.
As outras eram distribuidas entre bonitas, muito bonitas, bastante bonitas, bonitíssimas, maravilhosas. Sendo que a curva de distribuição tendia muito à direita.
Mas diria que nos últimos anos tornei-me um homem muito dificil. Não, não, não me entendam mal (ou bem), até ficaria com uma daquelas meninas. Gosto de beijar na boca. Mas elas não me chamavam, realmente, à atenção.
Se nao consegui contar 10 muito feias, não consegui chegar a 10 mulheres que realmente me causariam um ímpeto. Sabem das belezas que não acompanham um brilho? Não eram meu tipo de mulher. Aprendi a sair sem pensar, compulsivamente, em 'pegar a mulherada'. Será isso um mal sinal? Ontem esse meu amigo, que conheço a 14 anos, comentou:
"Pô, Ramiro, não é que você nao virou gay?! Poderia apostar que isso ia acontecer."
Não se preocupem, nesse mundo se perdoa muita coisa... ;)
Passei a noite dançando, como nem sei se já havia feito antes. Aproveintando o bate estaca a noite inteira, até 5 da manha, a primeira coisa que eu fiz hoje foi colocar meu querido Jethro Tull-Aqualung.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Querido diário

Querido diário,
Como, dizem, um diário pode ser importante para o desenvolvimento intelectual de todo infante, começo agora, meio atrasado, de fato.
Hoje, querido diário, tive um ótimo dia. Com uma bela aula às 7:30 da manha e uma outra um pouco mais protocolar, diria. Logo depois, já no horário do almoço, segui à pça de serviços. Pensando..:
'Vou até à Faculdade de Biologia e pego o papel que mamãe pediu que eu pegasse a quatro dias e em todos esses havia esquecido. Dai eu vou no café da praça e tomo dois ou três expressos até o bandeijao esvaziar. Dai eu pego o 5102 e vou à face, pra minha aula da tarde.
...
Se bem que se eu pegar o onibus lá perto do bandeijao, é possivel, dado o horario, que eu nao consiga um acento no onibus. Então é melhor eu voltar e pegar perdo da fafich... Aliás, eu posso almoçar no bandeijao do centro, que é mais vazio. Entao é isso!'
e dei meia volta antes mesmo de chegar à pça, fui à fafich, conversei com uma amiga, passei no computador, olhei e-mail e peguei o 5102.
Quando perto do centro, lembrei: 'pqp, o documento q ia pegar no ICB'
Cheguei à face e, enquanto esperava a aula começar, lembrei: 'pqp, esqueci q não tenho aula hoje'
Aproveitei que ainda estava cedo e fui ao campus de novo, pegar o documento. Cheguei, peguei o documento, resolvi umas coisas e peguei, novamente, o 5102.
Como tinha 10 reais e o trocador não tinha troco, fiquei de pegar o troco mais tarde.
Foi quando peguei meu 2° onibus e, quando ia passar na roleta, lembrei: 'PQP, o troco'.
Desci do onibus, sem dinheiro, passei no maleta, tirei dinheiro e, dado o adiantado da hora e o transito caótico: 'porque não uma cerveja?!'
Terminei minha tarde na guajajaras tomando uma cerveja e fumando dois cigarros, um de cada vez...
E ainda tenho esperança de recuperar o troco do onibus...

quarta-feira, agosto 30, 2006

Uma - quase - pequena pausa nas lamentações...

Comentaram-me comigo hoje.
"Fizeram justamente o que eu tinha pensado em fazer!"
Essa é uma frase muito ouvida na academia. Num daqueles momentos em que sentimos nossa criatividade e aquela nossa idéia "original" ser reduzida a uma cópia, ou uma repetição.
Um dia, num desses porres que sempre tomo e que me fazem pensar, cheguei à conclusão que é justamente a repetição que faz as coisas evoluirem. Não uma repetição, na verdade, mas um 'baseamento', diria.
Isso porque as inovações não inovam muita coisa, paradoxalmente. Só apontam. O real desenvolvimento é dado como o (des)envolvimento da 'real vanguarda'. Muitas vezes fechadas no próprio ego, quem sabe..!?
Mesmo essa concepção, a da vanguarda, me parece realmente exagerada. Mas, de qualquer maneira, hoje concebo o avanço como, de fato, um processo de citar, reler, discutir, fazer colagens e escrever algo ligeiramente diferente.
E é por isso que tudo demora tanto. Um tanto-tanto.

terça-feira, agosto 29, 2006

Preguiça

Tá bom, eu confesso. O fato é que me abrigo neste blog e fico de fato fingindo que sei escrever. E entre um post e outro, lições de prolixidez e raros bons textos, acabo por realizar uma catarse. Essa palavra é legal, mas nao é tanto uma palavra corrente para mim. Embora uma palavra comum, lembrei de sua existência entre um blog e outro visitado. Hoje vislumbrei dois bons blogs e os coloquei ao lado. O fato é que visitei mais de 2 bons, mas deveria acrescentar com um pouco de cautela. Nem seria essa a palavra, o que tenho mesmo é preguiça.
Conversando com uma caloura hoje, disse que estava com preguiça e triste. foi quando ela me questionou: "Você está com preguiça da tristeza ou tristeza dá preguiça?" um 'tristeza da preguiça' também seria um belo trocadilho. mas o primeiro é melhor.
Não soube responder. e dai que ela começou a falar palavras - e ações - que seriam causadas pela tristeza. Preguiça, apatia, desinteresse, cepticismo, indiferença. Foi uma bela "lição" dada por uma caloura, uma daquelas de rosto límpido, olhar iluminado pela universidade e no auge de seus, sei lá, quem sabe 18 anos... E depois os veteranos é quem são burros.
De qualquer maneira, voltando ao blog, diria que o meu prazer mesmo é visitar blog, e de fato fico feliz quando uma ou outra garota dessas que escrevem por ai acabam por me mandar recados. Ainda mais quando fazem um elogio suspeito sobre um texto ou outro meu.
Digo "garotas" e "suspeitos" porque todas elas escrevem, seguramente, muito melhor do que eu. O que acabo por achar natural. É impressionante como as mulheres escrevem melhor do que os homens. Generalização grosseira, mas não é por mais absoluta coincidência que a maioria ao lado são mulheres. Essas meninas são boas! Cada vez me convenço mais que isso de sensibilidade e letras é coisa realmente de mulherzinha, mulheres médias e mulherzonas.
Nem sei porque insisto nisso. Deveria realmente voltar ao Muay Thai e acompanhar o campeonato brasileiro. Mas tenho uma preguiça...

sábado, agosto 26, 2006

Será?

Estou hoje com uma daquelas camisetas de anos. Quem sabe uns 6 ou 8... Uma camiseta que já chegou àquele jeito que só é possível sair perto de casa para um lugar bem, bem próximo. Uma padaria, quem sabe...
Mas não estou com ela por ser justamente confortável. Embora o seja, estou vestido porque ela tem uma frase:
vazio
... para se encher e tornar a ser vazio para sentir.
Já foram muitas as vezes que me perguntaram o significado da frase e, respondendo, nunca conseguia, de fato, responder.
Pensei agora em uma outra frase:
A plenitude de uma coisa que nos enche só plenamente sentida quando nao nos enche mais. A necessária distância.
Não que não seja sentida a massa no momento, no durante. Mas as mudanças que processamos, ou que nos processam... só é sentida quando de outra mudança iniciada. Como se a vida fosse dividida em um ciclo e outro. Aqui tenho uma dúvida. Será?

terça-feira, agosto 22, 2006

Gira Amante

Impressiona-me ser uma rosa, ou várias, a flor dos amantes. Isso porque uma rosa me parece tão insossa. E se uma é insossa, várias são indiferenciáveis. A princípio ia chamar aquela "uma rosa" de indiferenciável, mas somente um plural pode sê-lo...
Voltando, as rosas são indeferenciáveis. Radicalmente diferentes, portanto, de qualquer sentimento de amor. Sempre diferentes, os amores nunca se permitem incondicionais ou iguais. Um amor nunca é igual. Já vi uma frase uma vez que dizia que os amores nunca acabam, mas mudam de lugar. Pode ser, mudam de amor à paixão, de amor ao carinho, de amor ao rancor, sei lá. Intensidades equivalentes de sentimentos diferentes. Dai até pode ser, mas que o amor à uma pessoa não se transmuta ao amor de outra, disso estou certo.
Voltando às flores, uma "conhecida" minha, e dai faço o uso de aspas de forma realmente preciosa, possibilitou que eu conhecesse a flor, ou uma das flores, do amor.
Como efeito de retórica diria que a flor do amor não pode ser outra senão o girassol. Mas na verdade nada no mundo é tão absoluto, isso de coisa não poder ser outra. Mas, de qualquer maneira: 'A flor do amor não pode ser outra senão o girassol'.
Isso porque o girassol só tem olhos para um referencial, o sol.
Dado ao fato de que o amor é sempre um referencial de desejo, de carinho, de espelho, de admiração; e dado o fato de que um amor nunca pode ser igual a outro; e dado mais um fato elementar, um sol nunca pode ser igual a outro; a flor do amor, a flor do referencial, da admiração ao sol que todos procuramos é, de fato, a flor que gira procurando um objeto de adoração.
É como se o girassol fosse um olho de caleidoscópio, procurando alguma coisa para brilhar.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Desejo

Hoje quero ser a mulher do relacionamento.
Quero um olhar apaixonado. Quero flores. Quero presentes. Não somente aqueles que se compra, mas os que se faz. Aqueles presentes que duram dias para serem feitos.
Quero olhares apaixonados, repito. Quero bombons. Quero sorvete! Quero que me esperem na saida da aula com um sorriso de quem ganha um presente. Não quero ser querido pelo sexo. Não quero ser querido para exibição. Quero um querer. O Querer. Querer de um sábado inteiro dentro de um quarto. Também vale um domingo, um feriado. Quero conversas longas, despretenciosas. Quero um envolver, um escutar músicas e comentá-las. Quero uma carta apaixonada. Também vale aqueles emails. Ou mensagens no celular. Quero um Lembrei De Você, uma surpresa, um galanteio. Um sorriso sincero. Quero ser conquistado. Não pelo sexo, bom mas trivial, mas pelas virtudes. Sim, quereria ser amado pelas mais absolutas virtudes. O desejo de me sentir sublime.
Quero o prazer de me sentir único, mais um único entre dois. Dois únicos, um para o outro.
Quero ser acordado com beijos e café na cama. Quero uma noite com velas, bom vinho e um jantar feito a dois. De modo bem cúmplice. Quero um silencio de depois, um Eu Te Amo, uma não muita afobação. Também quero um não sexo, uma volta da noite de namoro e um sono com os anjos. E quero um Relacionamento.
E...
...um desejo de ser uma bela flor.

domingo, agosto 13, 2006

A girl with kaleidoscope eyes

Deve ter alguma coisa muito errada na minha formação. Como eu posso, somente muito recentemente, ter descoberto, na mais profunda acepção da palavra, algumas coisas???

Não que eu não houvesse ouvido as músicas do 'Lucy In The Sky', mas até pouco tempo, 1 mês, talvez, ou algumas semanas, não tinha escutado o álbum todo, da primeira faixa à ultima. E reparem a diferença entre ouvir e escutar, vejo a última ação muito mais profunda...

E é então que encontro um álbum absolutamente perfeito. Do qual retiro, hoje, duas músicas: 'Lucy In The Sky With Diamonds', que dá-me uma frase fantástica, "Somebody calls you, you answer quite slowly A girl with kaleidoscope eyes". E percebo, não direi tanto pelos outros, mas que boa parte dos homens, pelo menos, busca nada mais que uma garota com olhos de caleidoscópio. Um desses olhares que brilham, que falam, que quase emitem luz própria.

A outra é 'She's Leaving Home', donde uma mulher mostra a vontade de liberdade. E que toda vontade de liberdade, de desprender-se, por modo ou outro, dói.
Passou-me uma retificação pela cabeça. Não obstante algumas pessoas realmente terem olhos de caleidoscópio, eles nao são essenciais, dado que podem surgir e desaparecer, ou melhor. Iluminam e apagam.
Ia colocar Iluminam-se e apagam-se. Mas o que provoca um olhar de caleidoscópio é sempre outra coisa. É sempre, mesmo que por uma capacidade de "Perceber" de quem os possui, provocado por algo para eles belo. Os olhos se acendem pelo mais profundo agradecimento pela visão, pelo Belo que é visto.

sábado, agosto 12, 2006

Jornalismo I

Já que generalizar é facil, pensei em uma bela generalização:
Todo Cientista Político se acha Jornalista.


É claro que minha análise parte da academia, onde me encontro, e de estudantes, mesmo que quase profissionais formados. Acho que isso teria a ver com o seguinte, os pretendentes a Cientistas Políticos acham que poderiam ser ótimos jornalistas. Dai o embaraço sentido, dentro da academia, entre os "cientistas sociais" e os comunicólogos, onde aqueles vivem por apontar os defeitos destes.
E não necessariamente o inverso, já que são os estudantes de comunicação que bebem das ciências sociais, e nao o contrário. E isso é uma pena...
Nós, pretenços cientistas sociais, que nos debruçamos sobre 4 metodologias, 4 sociologias, 4 antropologias e 4 políticas durante a vida academica, e dai digo somente as matérias obrigatórias, sempre cheios de teoria sobre como é, qual é e como deveria ser, nos contorcemos diante das generalizações jornalisticas. E achamos que faríamos muito melhor!!!
E ainda a sombra da Escola de Frankfurt, com seus conceitos de cultura de massa, industria cultural e aquele monte de coisas que nos "permite" colocar o dedo na ferida dos comunicólogos e acusa-los de se renderem ao Espetacular. É claro que não digo 'sombra" no sentido de jogar ao lixo, simplesmente, a contribuição dos frankfurtianos (nem sei se esse nome existe, ou é escrito assim)... Acho que tem contribuições legais. Mas dai a nos fecharmos nas ciências sociais e falar da manipulação da imprensa sobre a massa, isso já me parece demais...
Lembraria, é claro, umas coisas. A primeira é a invejavel, na minha opiniao, capacidade de mobilização dos Comunicólogos. Na minha turma faz tempo que nao temos uma festa. E isso não indica pouca coisa!!!
Outra coisa é uma citação de Marx, sobre a liberdade de imprensa.... Na verdade eu nao consegui achar o texto, mas Marx faz uma análise, na gazeta Renana, sobre o modo como é a imprensa que permite sair da filosofia e ir ao mundo real, saindo do idealismo dos jovens hegelianos. Mas, enfim, depois coloco o trecho certinho.
A questão é que, embora com menos teoria sobre ciências políticas, e essa é mais uma bela generalização, são os comunicólogos que conseguem se mobilizar e sair da onde nós, pretenços ciêntistas políticos, nos fechamos. Sair dos livros.

sábado, agosto 05, 2006

Fortuna, variável como a lua

Canções de beuer - Carmina Burana
oh fortuna Ó Fortuna
velut luna tal a Lua,
statu variabilis, uma forma variável!
semper crescis Sempre enchendo
aut decrescis; Ou encolhendo:
Estes são os primeiros versos da peça Carmina Burana. Muito conhecida, ela foi uma coletânea de vários textos dispersos e editados e modificados e musicados por Carl Orff. Tema de diversos filmes, os textos de monges goliardos medievais tratam da Fortuna, deusa romana da sorte, sendo ela boa ou má.
De fato eu prefiro a tradução "Ò fortuna, variável como a lua", invertendo a segunda com a terceira frase e dando uma sonoridade melhor, mas fica esta acima, inclusa a referencia, assim como outras coisas dessa postagem, no site em questão.
A fortuna, variável como a lua, é mulher. Deusa mulher de uma época em que os céus não estavam tão onipotentemente masculinizados. Afinal de contas, acho que umas Marias não são mulheres o bastante. Não desmerecendo-as, mas se o Deus todo poderoso fosse casado e tivesse lá algumas mulheres em seu redor, acreditaria lá em mais alguma sensibilidade divina. Okay, posta está a hierarquia divina atual, mas digamos que A Fortuna é de uma época em que a burocracia transcendental era mais refinada...
A fortuna, diria também, aquela que roda um timão onde os homens estao postos e são levados acima e abaixo(ver inicio do texto do 2° link) na grande roda, tem algumas características preciosas, diria:
"Ela possui, assim, duas faces: uma, sedutora e atraente, caprichosa e flutuante, quando mente com sua aparência de felicidade; outra, comedida e sincera, pois mostra os verdadeiros amigos, distinguindo a franqueza da hipocrisia. Assim, a Fortuna comporta uma parte de bem e uma parte de mal. Uma engana, a outra instrui. Pois a amizade é o tesouro mais sagrado que existe, pois os amigos são dados pela virtude e não pela Fortuna. [destacados dos autores, Costa; Zierer]"
Esse, para mim, foi o trecho mas belo do artigo do link. Colocaria todo ele em negrito, mas, enfim...
Ele está ai para que eu possa falar que a fortuna só poderia ser representada por uma mulher. Somente uma mulher poderia ser sedutora e atraente, caprichosa e flutuante, ao mesmo tempo que comedida e sincera. E instruir tanto, como quem rí suavemente durante o girar da roda da vida.
Somente uma mulher poderia colocar poderia colocar, de fato, tudo em movimento!

terça-feira, agosto 01, 2006

Palmito-parade

Recebi um e-mail sobre a cowparade. Ou melhor, sobre o questionamento da mesma. A origem do texto, daquele centro de mídia independente que realmente tem ações louváveis, mostra-me como as autoproclamadas vanguardas políticas podem ser autoritárias.
Não questiono, é claro, o aspécto de maus tratatos com animais. As grandes e pequenas industrias têm disso, mas falar de uma "não arte" pelo sentido de ser financiada pelas grandes organizações me parece tão leviano... Como se os maiores movimentos artísticos da história da humanidade não tivessem, sempre, sendo financiado por uma elite, por um grupo por cima da carne seca. Ou alguem acha que seria possível O Renascimento sem o financiamento de uma classe muito endinherada e que, por vezes, nao tinha o interesse da arte pela arte, mas interessavam-se por publicidade, ou sei lá...
O modo como esses pseudo-revolucionários impõe uma necessidade de arte politizada me lembra a imposição em determinada fase da revolução russa, e nao só nela, de que a arte fosse associada a uma bandeira política. Não que eu não acredite que isso de arte política nao sja legal, mas o fundamental é que seja por necessidade do artista, da arte, da vontade - e, digamos, de uma vontade do público. E não sobre um Imperativo Categórico de que você não deve se associar às grandes empresas para produzir arte, ou qualquer outra coisa...
Digo isso porque sou pela liberdade, e adoro uma carne. E, completo, odeio leite! E porque cargas d'agua deveria ter um ódio de quaquer uma das empresas de produção de alfaces. Tá bom, é outra coisa, os alfaces nao passam por condições gravíssimas por grandes empresas (até onde sei), mas caso eu soubesse de uma grande empresa de produção de palmitos, e eu odiasse palmitos por serem somente uma pequena parte de uma grande arvore, ainda assim não desdenharia qualquer iniciativa artistica, e publicitária, dos empresarios do palmito.
Ai me vem meia dúzia de autoritários reclamar de exposições públicas, abertas, acessíveis e transmutando "questionamento" em vandalismo. Tenha a santa paciência...
A princípio, ví um ótimo vídeo que passei para outros e-mails. Acho uma boa bandeira, ou iniciativa, mas sem exageros, por favor...
ps.1: A tempo pelo que disse da revolução russa: gosto de Lenin, já o li um pouco inclusive; adoro Marx; amo arte, mesmo as despolitizadas e elitistas. arte é arte. E o melhor já produzido foi graças a muita, muita segregação e desigualdade. Tão claro como o leite!
Ps.2: Torço aqui pela melhora de Fidel, sem ironias...!

terça-feira, julho 25, 2006

O Poetinha

É, gente, sou um dos que não gosta de postagens com letras de música, poemas ou coisa que os valha. Mas li isso do poetinha, O Vinicius. traio então meu ideal de tentar escrever e ponho cá um texto que nao saberia ter escrito...

abraço...

Separação

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...
in
Para viver um grande amor (crônicas e poemas)in Poesia completa e prosa: "Para viver um grande amor"

domingo, julho 23, 2006

"Ensaio Sobre a Lucidez"

Sobre lucidez V - Ato final
Isso já tem alguns dias. Chorei pela primeira vez lendo um livro. Nem sei na verdade se poderia ser definido como choro, algumas poucas lágrimas. Dentre os vários livros de José Saramago lidos por mim da primeira à última pagina, e diria que não foram poucos: 7, foi este do título o que mais me emocionou.
E este foi um belo livro. Fala sobre lucidez e sobre a maneira como nada no mundo, digo Nada, passa sem conseqüências. E a conseqüência da lucidez também veio... Mas isso guardaria, de modo geral, para aqueles que tenham o interesse de ler. Não contarei o final da história.
Se bem que, num mesmo livro do Saramago, tem-se uma frase que é mais ou menos assim: “(...) perdoem-me os leitores se contei o final da história. Mas isso pouco importa, na verdade. Todos nós sabemos como acabará a vida, com a morte, e nem por isso deixamos de viver” Claro que ele foi mais poético do que eu, é o que o Nobel credencia. Mas a idéia da frase é esta, com mais ou menos palavras.
E diria, José, que a vida é relacionar-se. E os relacionamentos acabam... e sempre nos mudam. Como a vida é uma só e nada podemos levar dela, o que nos resta é levar o que aprendemos de uma intermitência à outra. Afinal de contas, a “solterice” é só uma intermitência... E pra mim sempre foi intermitência entre uma mulher maravilhosa e outra.

domingo, julho 16, 2006

Sobre Lucidez IV

Bem acreditei que a próxima postagem dessa série seria para concluí-la, mas não, mas ainda tenho algo mais ou menos preparado para a conclusão...
Mesmo que se onipotente e faça com o meu belo personagem o que bem entendo, ainda não tenho tanta dimensão de Seu caracter e o Dela, assim como preciso de um determinado distanciamento do relacionamento entre os dois.(isso mesmo, relacionamento entre. Todos os relacionamento são entre. não são “do”. não é relacionamento dos Dois...!)
De facto, como pode parecer, eles possuem uma determinada independência. E nesta independência descobri um pouco do que se passa com Ele.
Inventei até um termo pra definir melhor: Relacionamento Biscoito. Acompanhem meu raciocínio: biscoito é bom. Diria que por vezes é melhor do que um belo almoço. É bom se fartar de biscoito, os salgados e doces. Mas, como o Ministério da Saúde Adverte, o biscoito não deve ser a única fonte nutritiva. Tem-se de buscar algo a completar...
Não que um relacionamento possa ser somente biscoito, ou que o seja igualmente para os dois. O que pode ser relacionamento biscoito para um do casal, para outro pode ser um jantar com vinho e velas...
E não também que este tipo de relacionamento seja todo ele biscoito, relacionamentos se tornam biscoitos. É esse o grande problema. E como eu disse de para um ser biscoito, para outro não; digo algo relativamente dramático.
Nosso personagem se sente um grande biscoito. Passou, mesmo que durante pouco tempo, a não nutrir mais. Virou insosso. Não só um grande biscoito saboroso, mas sem sal, sem açúcar, enjoativo. E como não se pode viver só de biscoito, buscou-se uma bela refeição. E com uma dor que somente os quitutes sabem, Ele percebe que não deseja mais ser um petisco.
Mas não que ele ache ela uma glutona. As cousas perdem ou modificam o sabor. Simples e triste assim...

Ps.: Como tenho o dicionário virtual do Aurélio Buraque de Holanda, coloco uma definição:

Quitute - [De or. obscura.] S. m. 1. Iguaria saborosa, preparada com esmero. [Sin.: acepipe, petisqueira, pitéu e (bras.) paparicho, quitute.] 2. Fuzil (4) para ferir lume na pederneira. 3. Fam. Indivíduo ridiculamente pretensioso.


Colocaria a de sabor também, mas é uma definição longa. Longa e bela...

sexta-feira, julho 14, 2006

Sobre Lucidez III

Hoje nosso personagem está particularmente triste. Dores de afeto. Apercebe o carinho e o pouco zelo. Paradoxalmente.
Pede desculpas às mulheres que pôde ter magoado involuntariamente. Isso de fazer magoar é no mais das vezes involuntário, em cada um dos personagens, e cada um de nós. O que não nos justifica, claro está.
Isso mesmo de pedir desculpas é quase como uma reza. E colocado assim impessoalmente, como as rezas muitas vezes o são, pediria por um deus onisciente que vá a calhar o pedido e a redenção. Como Ele não é lá muito bem chegado a deuses, muito menos naqueles que tudo sabem, quase ficaria ali, “a deus dará”. Se não fosse por mim, é claro, que, por o ter criado, tenho todo o direito de ser seu próprio Deus. E como sei da estória, transmito os votos.
Cumpro cá o meu papel.

quinta-feira, julho 13, 2006

Sobre Lucidez II

Uma das maiores dificuldades depois de um longo relacionamento é a lembrança, ou poderia dizer, o suvenir.
Ele, no dia do término, foi ao dermatologista. Não que isso seja um fuga do assunto. Tratou-se de verrugas, queimadas, muitos sabemos, com água a -20c, ou sei lá. Queimou-se três, duas dentre as quais distribuídas em cada mão. Com elas mal pôde fazer os últimos carinhos.
Não teve, de fato, nosso personagem, uma boa noite. Com frio, com dores de queimaduras e, finalmente, com dores de afeto.
Teve, no dia seguinte, de tratar de suas verrugas; de lembrar o quanto mudou seus tênis; novas músicas; uma foto belíssima que permanecerá no quadro; um perfume; um livro de seu autor preferido, que não pode ser lido de pronto; sonhos cosmopolitas; e-mails aos montes; Ele mesmo. Não, não que Ele se veja como uma "lembrancinha", ou que tenha sido um objeto. A questão é que Ele mesmo tornou-se outro, e esse jamais sumiria por completo. Por isso não poderia fazer muito mais do que aceitar. Como os gregos, simplesmente aceitar. A lembrança não estaria nas coisas, mas nele. Onde quer que fosse.
E lá está ele, com uma dificuldade enorme de tirar os bandeides da perna cabeluda.
Isso dói bastante, meninas.
Vocês sabem...

quarta-feira, julho 12, 2006

Sobre Lucidez I

“Quando não há mais assunto, não há mais relacionamento”. Não conversavam há algum tempo. Não, é claro que conversavam, mas aqueles desagradáveis momentos de silêncios eram cada vez maiores. E, humano que era, Ele sempre pensava na melhora, na fase; protelava, procrastinava o fim sonhando ainda com um uma possibilidade. Mas mesmo sonhando, apercebia da condição “relacionamental”. Não estavam bem.
É claro que poucos poderiam perceber. Somente os dois não seriam pegos realmente de surpresa. Os relacionamentos têm disso; há todo um mundo somente entre duas pessoas, as outras ficam com impressões, como as moradoras da caverna de Platão. Não se podia saber de tudo realmente o que havia entre aquele casal feliz. Não entendam isso como uma ironia completa, não que fossem infelizes, mas eram menos completos e despidos de problemas do que poderia parecer.
E Ele ficou triste, mas sem sofrer tanto. Pensou que era cedo para desgastar, não muito tarde para terminar. Ficou triste porque esperava e queria mais. E teve claro que não poder-se-ia insistir. Só poderia ser pior. Seria melhor sair enquanto se gostavam, enquanto se respeitavam, enquanto poderiam ver a felicidade passada. Agradeceram ao público. Abaixou-se à cortina. Escutaram os aplausos e ficaram felizes de ter sido um maravilhoso espetáculo.

segunda-feira, julho 10, 2006

Se Dane

Eu, eu, eu, Zidane se fudeu! Eu, eu, eu, Zidane se fudeu!
Ou então... Ô, ô, ô Zidane se queimou!! Ou então...
Ou, ou, ou, Zidane zi danou...
fora os trocadilhos infames, foi isso que aconteceu. Com tudo para fechar com chave de ouro sua carreira, Zinedine Zidane (sim, tive de olhar num desses glogs de esporte o nome completo dele) pagou caro por sua perda de controle. E achei que veio bem a calhar, mesmo que Materazzi (tambem pelo site...) seja conhecido por ser um jogador sujo (sim, outra informação colhida no blog da placar, não entendo tanto de futebol assim..!), não se justifica uma agreção. Não é o caso, é claro, de resumir 16 anos de carreira (muito ultil o blog...) numa perda de controle, ele é um grande jogador e não preciso de internet para saber disso. Mas que merda é essa, vamos passar a justificar uma agreção por insultos à família e "apertadinhas nos mamilos"?!?!
De qualquer maneira, torci, de fato, pela Itália. Mesmo porque ganhei uma camisa da italia na minha festa de aniversário sábado (obrigado pelo carinho de todos). E além do mais posso justificar com a conveniência de diminuir a hegemonia do brasil no futebol mundial... "Tudo pela arte".

terça-feira, junho 20, 2006

Vontade política 1


Um diálogo em uma aula quase formada com um professor bastante citado:

(Depois de uma análise sobre poluição hídrica e sobre a necessidade de tratar a agua e os rios...)

Professor - Então, gente, porque se polui tanto a água, os rios?
Período de silêncio característico nestas circunstâncias...

Aluna - Os políticos, quando não são donos de empresas despoluidoras de rios, são amigos de donos de empresas que despoluem. São, então, beneficiados com a poluição e, posteriormente, com a despoluição... Além disso, despoluir água não dá voto!

Professor - Sim, é claro que tem essa circunstância de corrupção e oportunismos entre os representantes. Mas temos de pensar em uma outra causa, a falta de vontade política. Não há vontade política. É esse o problema!

Vontade Política - 2

Fiquei impressionado pelo diálogo acima. É claro que ele não aconteceu daquela maneira organizada, com virgulas, tal como um romance. Mas o conteúdo foi aquele. E foi justamente o conteúdo que me impressionou. Existem alguns sensos-comuns dentro da academia [não na de ginástica, ou melhor, nessa também] que me causam náuseas. Um destes é o tal da "vontade política - V.P", parece que com vontade política se resolve tudo.
No caso do diálogo, a V.P está associada ao fato dos políticos serem oportunistas corruptos e/ou de escolherem aquilo que dá mais voto.
Então, voltando à V.P, é como se os representante tivessem sobre uma mesa as opções de políticas a serem postas em prática. Dai, com um calculo racional de quantos votos eles ganhariam com as respectivas opções, lhes afetaria uma vontade de por em prática uma política ou não.
É como se numa dada sociedade não houvesse várias divergências sobre o que deve ser feito. Como se os próprios técnicos que formulam políticas tivessem um consenso sobre o que deve ser feito. Como se a própria ciência fosse absoluta, plenamente calculável e impressionantemente translúcida. Como se os próprios eleitores tivessem uma visão clara sobre um "punhado de coisas" e esta visão fosse facilmente captada pelos representados. Como se os jornalistas concordassem sempre com aquilo que deve ir a público. Como se os políticos estivessem às suas mãos plenos poderes de optarem por políticas que bem lhes dessem à telha. Como se dinheiro para políticas desse em árvores.
Mas simplesmente não fazem nada. Simplesmente por isso. Por falta de vontade política.
É claro que não desconsidero o fato de existirem políticos corruptos, oportunistas; não desconsidero que os políticos, como as demais pessoas, fazemos opções calculadas, racionalizadas. Claro que sim.
Mas restringir as coisas da vida à falta de vontade, mesmo que à política, é muito pra mim...

quinta-feira, junho 08, 2006

E há muita vida fora da ciência...

Sobre o desconhecimento tácito da vida, ou melhor, na vida, é mais ou menos assim: por mais que alguns podemos querer saber, há sempre algumas coisas que passam despercebida, coisas que não são ditas, ou se são, passam como se fossem outra coisa.
O que deve ser questionado é a atitude. nos quedamos a uma contemplação do insondável ou tentamos compreender algo?
Por forma de vida, prezo pela segunda opção. Mas é difícil, de tempos em tempos me defronto com as mais profundas certezas...
Mas o que poderia fazer, eu que me empenho na vida acadêmica?
Penso, então, num seguindo axioma:
A vida é um desconhecimento tácito;
e a ciência, um desconhecimento explícito.

quarta-feira, junho 07, 2006

Um Axioma

A vida é um desconhecimento tácito.

terça-feira, junho 06, 2006

Sexo. Primeiro ato...

“Duas meninas”. Uma de 16, que é a personagem importante aqui, e uma outra de não sei que idade. As duas em férias na praia. A personagem estava a usufruir de sua plena liberdade, transando com quem bem entendia na casa em que as duas estavam, sozinhas.
A de 16, há algum tempo que estava na praia, já estava sem dinheiro, ou é isso que se alega. Então porque não pensar: “já que estou transando com ‘estes meninos’ de graça, porque não cobrar?”.
E passou a cobrar. É claro que o oral era mais barato, mas ‘os meninos’ logo cediam diante de uma outra opção.
A menina terminou as férias transando com quem queria, algumas vezes duas transas por dia. E juntou um bom dinheiro.

Sexo. Ato número dois...

Se fosse para eu indicar uma trilha sonora para a história baseada em fatos reais acima, eu indicaria, provavelmente, algo como “o melhor do carnaval 2006”, aquela trilha com a melhor do funk e o pior do Axé...., se é que você me entendem... Se não, é o seguinte: ao contrário do funk, o Axé nem sempre prima pela fulgaridade. O funk não, ele prima pela vulgarização do sexo. Tendo como base pelo menos esse funk-pop, para quase inventar um conceito. Esse funk que escutamos nos grandes meios de comunicação de massa.
Não que eu seja necessariamente contra a venda do sexo. Isso eu digo no sentido de não acreditar que suas mulheres (ou homens, não esqueçamos os michês) são “de vida fácil”. Não posso simplesmente achar que os profissionais do sexo são de “pouca vergonha”, de muita opção outra, ou de qualquer falta absoluta de moral, etc.
A questão aqui é outra. É uma cultura de coisificação, que vai muito além das prostitutas de praças e muito aquém das conversas de “pessoas muito mais ilustres”. A cultura de “pegou quantas?”. A cultura da frase de dois amigos meus: “- o sexo pago é o sexo mais barato que existe!”. Sim, é o mais barato se você reduzir um relacionamento sexual a isso, ao gozo, ao orgasmo, à satisfação do desejo e pronto; reduzir os presentes aos namorados, namoradas, companheiros, companheiras, cônjuges e mesmo aqueles parceiros sem tanto compromisso em simples meios ao coito. Transformá-los todos em objetos de satisfação sexual....
E não que eu ache que o sexo só seja possível, necessário, ou desejável de ser praticado sempre com pessoas com quem nos comprometemos e temos um relacionamento. Acho que podemos transar com uma pessoa na noite que a conhecemos e quem sabem nunca mais...!
Entendem? A questão de crítica é aquela de olhar à outra pessoa como um órgão sexual. A coisificação da outra pessoa, o sexo utilitarista, o órgão do outro como um utilitário. O sexo que tenta ignorar a pele, o cheiro, o hálito, o percurso e fixa-se no fim, no gozo, na quantidade. Na pergunta: “E ai, comeu?”.
É a alienação da pessoa que permite o fim da sua liberdade e de sua concepção como pessoa, como indivíduo. É essa coisificação que permite o machismo, a vulgarização, a traição, o destrato, a falta de respeito. Afinal de contas, o outro pode ser simplesmente um órgão sexual, um objeto de trabalho.
O que me impressiona é o adotar da postura pelas mulheres. Como a “menina” de 16, que considerando-se uma coisa, ou seu sexo como uma coisa, se vende. Mas o limite do prazer para a coisificação quem sabe já tinha sido passado. Ou não. Mas sei lá. Deixa a menina, né?! A vida é dela.
E, afinal de contas, se ela já estava dando daquele jeito sem cobrar, porque não cobrar?
Eu não cobraria pelo desejo de não transformar-me em uma coisa. Um objeto. Afinal de contas, embora as piadas de homens o digam, não sou somente um pênis. Mas sou um homem. Ou justamente por não ser somente um pênis, posso dizer que sou isso, um homem.

quinta-feira, junho 01, 2006

Enfim

Enfim aprendi a colocar os links. E mais: sozinho! Tive até uma certa vergonha.
Afinal de contas, preguiça mental é uma coisa horrenda!!
Um abraço a todos que torciam por mim!

quinta-feira, maio 25, 2006

Grandes cidades, veredas

Mamae chegou de viajem. Muito embora não tenha ficado com muitas saudades - ainda estava aproveitando a tranqüilidade de casa- foi bom. ela me lembrou que tinha maçãs na geladeira e evitou que seu filhinho saísse de barriga vazia à aula...
Antes de pegar o ônibus, fui ao laboratório pegar um exame feito a duas semanas. Fiquei meio decepcionado. Estava esperando taxas enormes de hormônio masculino, dado que sou macho pra caralho. Mas não, estava na média - pelo menos segundo aqueles valores recomendados que vem no exame. é bom existir esta faixa no exame, assim posso especular, enquanto não vou ao médico, (1) se sou menos macho do que penso; (2) se penso mais do que sou macho; ou (3) se o problemas estão relacionado a uma falta de diálogo entre meu ego e minhas glândulas.
Chegando ao ponto de ônibus, perdi o primeiro, que estava completamente vazio. Pude vê-lo quase como dando um "tchau". Peguei um outro que, logo depois de eu conseguir sentar, quebrou.
Quando quase chegando à faculdade, escutei um homem, de meia idade, repetindo uma frase semi-incompreensível. As únicas palavras compreendidas foram "grande sertão veredas". Fiquei, inclusive, pensando no livro clássico, fundamental a qualquer intelectual que se preze e que, a propósito, não li. Vi, logo no atravessar da rua, um morador de rua vomitando um líquido verde, de cor estranha e denotando uma situação tão nojenta que não pude parar de olhar.
(lembrei, na hora, da época em que tomava vinho vagabundo todas as sextas e sábados e que ainda pensava em fazer direito e andar de Armani, já hoje abandonei a idéia de fazer direito... Já com relação ao Armani, quem sabe...)
Estive pensando, depois, que hoje existiria muito menos veredas; como se as coisas estivessem muito mais explicitas e os caminhos, muito mais determinados. Como se poucas coisas se escondessem aos nossos olhos e como se o mundo não fosse muito mais do que algo patente.
Fiquei nesse pensamento até quase ser atropelado em uma rua de mão dupla. Não sabia que aquela rua do centro era de mão dupla embora já a tenha atravessado dezenas de vezes. Tenho dificuldade de atravessar ruas de mãos duplas, já que dificilmente olho para os dois lados.

terça-feira, maio 16, 2006

Mensagem de Natal

Assisti hoje a um filme: A Felicidade Não Se Compra, 1946, Frank Capra (It's a Wonderful Life). Ao terminar o filme, lembrei-me de outro: Um homem de família, 2000, Brett Ratner (Family Man). Este último com a interpretação do Nicolas Cage.
não que fossem filmes parecidos em mensagem, ao contrário, têm valores completamente distintos, mas se passam com o mesmo fundo de roteiro: natal, os personagens "vislumbram" como o "mundo" poderia ter sido diferente se tivessem tomado atitudes outras.

No primeiro, a história é de um filho de banqueiro, George Bailey (James Stewart), cheio de vontades de sair de sua cidadezinha norte americana. E sem conseguir, já que sempre tenta ajudar os outros e acaba "se anulando". Uma imagem de solidariedade e de pouco individualismo. No final, o personagem percebe que é feliz com sua vida normal, vários filhos e uma esposa, percebendo que o melhor é ter amigos e uma família, o que foi, inclusive, a mensagem de seu anjo da guarda, que o fez não suicidar-se em um momento de dificuldades, no natal.
no caso de Nicolas Cage, é o contrário. ele, um grande executivo feliz com sua Ferrari e com sua vida de trabalhar no natal, acaba por visualizar como sua vida seria acaso ele tivesse permanecido com sua antiga namorada e desistido de investir em sua vida profissional. no final do filme, ele acabou por ficar com sua antiga namorada, sem filhos, ambos muito bem profissionalmente, obrigado.
enquanto que para o filme de 1946 o personagem viu que sua vida sem grandes fortunas foi uma vida boa; no filme de 2000, o personagem não ficou infeliz por ter investido em sua carreira, mesmo porque também o vez sua antiga namorada.
o ponto dos dois filmes norte americanos é o inverso embora partido do mesmo ponto. o ponto de partida é a "reflexão natalina" de um suburbano solidário e de um executivo individualista de Manhattan. o ponto de chegada é a vitória da solidariedade suburbana e da família liberal no primeiro e a vitória do investimento na carreira e do individualismo norte americano, no segundo.
O interessante é quando se pensa nos valores transmitidos pelo cinema. No primeiro filme a solidariedade, a família, os amigos e a vida ordinária (no sentido de normal, de comum) dão o tom de como deveria ser a vida de um americano de sucesso. No segundo, a competitividade profissional, o individualismo e a Ferrari conferem o carácter de sucesso ao personagem principal que, de quebra, ainda pegou a personagem interpretada pela belíssima Téa Leoni, e sem ter de aturar crianças.
E nessa de ser solidário ou ser individualista ambos os personagens transmitiram a mensagem de natalina.

terça-feira, maio 09, 2006

A decadência de uma grande estrela

Fique impressionado hoje. E foi um susto repetido. Estava, logo cedo, a ver Xuxa e pude, drasticamente e subitamente, visualizar a decadência de uma “grande estrela”.
E foi um déjà vu. No carnaval mesmo, ao ver o Carnaval da Band, pude verificar a Xuxa e a Xaxa (ta bom, Sasha...) em cima de um trio elétrico e a mamãe a cantar junto à Ivete Sangalo. E a cantar suas próprias músicas, Xuxa demonstrava o tanto que perdeu, ao longo dos anos, sua capacidade como cantora. A Rainha dos Baixinhos não conseguia afinar uma frase! Para quem me conhece sabe o absurdo; mas até eu seria capaz de, com um pouco de treino, cantar melhor que a minha rainha! (sim, minha rainha. Afinal de contas, sou um “1.6m”...)
Então veio o déjà vu: vi um quadro em que a Xuxa e sua filha entrevistavam uma atriz. Fiquei estarrecido. Não sabia que, além de ter perdido a capacidade de canto, tinha Xuxa empobrecido. Que triste isso! Minha mãe já passou por isso, ter que levar-me ao trabalho por não ter com quem deixar-me e não ter dinheiro para matricular-me em uma escolinha. Acho que, pelo menos, a Globo deveria criar um berçário e uma escolinha para que seus funcionários tivessem onde deixar seus filhos.
Rolava até de criar uma daquelas correntes para ajudar a Rainha a ter onde deixar a Xaxa...

segunda-feira, maio 08, 2006

Cuba em 80 minutos

Assinti ao Suíte Havana [2003]. Bom filme onde 10 "personagens reais" tem um dia típico de suas vidas retratado em um documentário de 1 hora e 20 minutos - sem diálogos. O som do filme é o de colagens de sons do cotidiano, o som de carros, de máquinas da fábrica de perfume onde uma personagem trabalha, o som do hospital, o som da escola; esses sons formando música. Além dessa "Música Cotidiana", temos uma trilha sonora realmente bacana. Em suma: um filme emocionante.
Logo depois do filme eu entrei em sites de cinema, e alguns deles tinham comentários sobre "Suíte H.", comentários no mais das vezes analisando o regime cubano. Aquele velho esquema de defesa e ataque. Alguns falando do "sofrimento do povo cubano", "imerso na miséria"; outros falando do "acesso à cultura e do embargo norte americano causador das mazelas em Cuba".
E isso é engraçado. Não, não as mazelas de cuba, mas a capacidade de fazer generalização de Havana para toda Cuba através de um documentário de 80 minutos, e sem diálogos. E as análises de cuba formavam verdadeiros debates entre uns que defendiam e outros que acusavam "cuba, Fidel e o socialismo", parece que esquecidos de comentar mais especificamente do filme, do roteiro, da fotografia e do diretor, Fernando Pérez.

sexta-feira, maio 05, 2006

...

Por vezes dá-me uma vontade de chorar que nem sei bem. Quase sempre por quase nada, aquele quase de não conseguir relaxar. Nada de se deixar levar. E essa impotência, essa incapacidade, esse não sei bem o que... todos sentimentos contraditórios, vontade de fugir. E essa vontade vem de não querer falar, não querer ser um chato, não querer dizer “não sei”, “não estou certo”. A contradição entre aquilo que nos ensina o mundo dicotômico do bem e do mal, do amor e da paixão e aquilo que é a mais absoluta verdade e, simplesmente, existe. O número 3.
Falando em número, é uma esperança que todo essa insegurança seja somente Inferno Astral adiantado algumas poucas 3 semanas.