terça-feira, junho 20, 2006

Vontade Política - 2

Fiquei impressionado pelo diálogo acima. É claro que ele não aconteceu daquela maneira organizada, com virgulas, tal como um romance. Mas o conteúdo foi aquele. E foi justamente o conteúdo que me impressionou. Existem alguns sensos-comuns dentro da academia [não na de ginástica, ou melhor, nessa também] que me causam náuseas. Um destes é o tal da "vontade política - V.P", parece que com vontade política se resolve tudo.
No caso do diálogo, a V.P está associada ao fato dos políticos serem oportunistas corruptos e/ou de escolherem aquilo que dá mais voto.
Então, voltando à V.P, é como se os representante tivessem sobre uma mesa as opções de políticas a serem postas em prática. Dai, com um calculo racional de quantos votos eles ganhariam com as respectivas opções, lhes afetaria uma vontade de por em prática uma política ou não.
É como se numa dada sociedade não houvesse várias divergências sobre o que deve ser feito. Como se os próprios técnicos que formulam políticas tivessem um consenso sobre o que deve ser feito. Como se a própria ciência fosse absoluta, plenamente calculável e impressionantemente translúcida. Como se os próprios eleitores tivessem uma visão clara sobre um "punhado de coisas" e esta visão fosse facilmente captada pelos representados. Como se os jornalistas concordassem sempre com aquilo que deve ir a público. Como se os políticos estivessem às suas mãos plenos poderes de optarem por políticas que bem lhes dessem à telha. Como se dinheiro para políticas desse em árvores.
Mas simplesmente não fazem nada. Simplesmente por isso. Por falta de vontade política.
É claro que não desconsidero o fato de existirem políticos corruptos, oportunistas; não desconsidero que os políticos, como as demais pessoas, fazemos opções calculadas, racionalizadas. Claro que sim.
Mas restringir as coisas da vida à falta de vontade, mesmo que à política, é muito pra mim...

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