quinta-feira, maio 25, 2006

Grandes cidades, veredas

Mamae chegou de viajem. Muito embora não tenha ficado com muitas saudades - ainda estava aproveitando a tranqüilidade de casa- foi bom. ela me lembrou que tinha maçãs na geladeira e evitou que seu filhinho saísse de barriga vazia à aula...
Antes de pegar o ônibus, fui ao laboratório pegar um exame feito a duas semanas. Fiquei meio decepcionado. Estava esperando taxas enormes de hormônio masculino, dado que sou macho pra caralho. Mas não, estava na média - pelo menos segundo aqueles valores recomendados que vem no exame. é bom existir esta faixa no exame, assim posso especular, enquanto não vou ao médico, (1) se sou menos macho do que penso; (2) se penso mais do que sou macho; ou (3) se o problemas estão relacionado a uma falta de diálogo entre meu ego e minhas glândulas.
Chegando ao ponto de ônibus, perdi o primeiro, que estava completamente vazio. Pude vê-lo quase como dando um "tchau". Peguei um outro que, logo depois de eu conseguir sentar, quebrou.
Quando quase chegando à faculdade, escutei um homem, de meia idade, repetindo uma frase semi-incompreensível. As únicas palavras compreendidas foram "grande sertão veredas". Fiquei, inclusive, pensando no livro clássico, fundamental a qualquer intelectual que se preze e que, a propósito, não li. Vi, logo no atravessar da rua, um morador de rua vomitando um líquido verde, de cor estranha e denotando uma situação tão nojenta que não pude parar de olhar.
(lembrei, na hora, da época em que tomava vinho vagabundo todas as sextas e sábados e que ainda pensava em fazer direito e andar de Armani, já hoje abandonei a idéia de fazer direito... Já com relação ao Armani, quem sabe...)
Estive pensando, depois, que hoje existiria muito menos veredas; como se as coisas estivessem muito mais explicitas e os caminhos, muito mais determinados. Como se poucas coisas se escondessem aos nossos olhos e como se o mundo não fosse muito mais do que algo patente.
Fiquei nesse pensamento até quase ser atropelado em uma rua de mão dupla. Não sabia que aquela rua do centro era de mão dupla embora já a tenha atravessado dezenas de vezes. Tenho dificuldade de atravessar ruas de mãos duplas, já que dificilmente olho para os dois lados.

4 comentários:

Anônimo disse...

cuidado com as ruas!

Isabela Figueiredo disse...

Muito deivertido. Informo-te que um importante (mas desprezado) poeta português, morreu atropelado numa rua de mão dupla, no Rio. :)

Isabela Figueiredo disse...

Queria escrever divertido, lá em cima, e dei uma gralha.
Esqueci-me de acrescentar que o poeta era António Botto.

Anônimo disse...

Olá primo!
Quer dizer que vc só sabe que tem
maçã na geladeira quando a tia tá
em casa!!! he.. he..
À propósito, manda um beijão prá
tia Cristina ok?

Olha, não fica nada bem bem, para um cara dialético como vc não
olhar para os dois lados. Olhe
para os dois lados!!! Olhe para
os dois!!!! Olhe tudo!! he.. he..

Esta questáo das veredas é
interessante. Muita informação,
excesso de coisas a pensar, e
nós temos a ilusão que tá tudo
pronto. É só ilusão!
O que precisamos é desligar um
pouco a luz da razão e o barulho
das notícias. Então curtiremos
a penumbra dos mistérios e o som
da poesia. Não basta só saber do
livro "Grande Sertão, Veredas"
através das inúmeras resenhas sobre
ele. Mais importante é termos a
experiência única de degustá-lo.
Só assim, de preferencia a meia
luz, e com muito silêncio, os
mistérios de nossa alma possam ser
acortados e nos supreenderão com
um universo inteiro a se descobrir!

bjs