segunda-feira, dezembro 31, 2007

Novo

No último dia 31 de Dezembro eu não tinha nem sequer uma latinha de cerveja em minha despensa. Passei a virada de modo absolutamente sem festança e sem dinheiro. Além disso, trabalhava em um lugar que odiava e ficava simplesmente pensando o que fazer depois de 3 meses, quando do fim do contrato.
Hoje, garrafas de vinho e queijos me esperando. Um trabalho adorável e a perspectiva de um Ano fazendo todo jus ao Novo.
A Fortuna é variável como a Lua.

Que o ano novo de vocês seja tão bom quanto o meu otimismo de hoje!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

sábado, dezembro 15, 2007

É...

... este blog está morrendo. Simples assim.

sábado, dezembro 01, 2007

Tudo isso num Café

Hoje percebi que desde setembro não abria a minha agenda...

E que a solidão é um momento entre a compreensão de que o mundo é muito mais do que nós mesmos...

E que cada um dos outros são (somos) um segredo indecifrável.


*************************************


Numa obra de Luigi Pirandello - Um, Ninguém, Cem Mil - o personagem principal, Vitangelo Mostarda, se transtorna ao perceber que tem o nariz ligeiramente torto para um lado. Na verdade, foi sua mulher que o avisou, num momento de discussão conjugal. Este livro foi um dos primeiros clássicos que eu lí. A moral da história, lida a uns sete ou dez anos, é que nunca somos do modo como nos vemos. E as pessoas nunca nos vêem do modo como nos vemos. É a solidão, ora bolas...

quarta-feira, novembro 28, 2007

domingo, novembro 18, 2007

O rio de se encontra e se perde no mar...

Ah, querida. A solidão é eterna, e a saudade, grande enunciação de que nada acaba. Ai nosso réquiem, querida. Imprescindível, doloroso, eterno. Tornei-me homem. Desvirginei-me. Sonhei, dancei. Dançamos, querida! E desde o principio você fora a minha bailarina! Perfeita, sem pudores, sem doenças. Alva por de cima do palco. O céu se abre por cima de você, sua pele protegida, seu desespero de morrer.

Aprendi a vida e a música ao seu lado. Sua trilha em minha vida, querida. Em Allegro, Vivace e Presto. Nunca fomos em andamentos non tropo, querida. Fomos muito! Quantas vidas, quantas promessas, quantos comprimentos. Ai, fala!

D’antes era simplesmente o adolescente aprendendo a ser amado. Para então amar profundamente, errar, fazer planos, descumprir preceitos. Devo-lhe profundamente, como concertos de cravo. Você foi meu anjo barroco, querida. Amor em ascensão e queda. Eterno pecador de éticas ingênuas e rigorosas. Impossíveis. Fomos impossíveis, querida. Vencedores, sem dúvida. Amor eterno e sonhador de igrejas suntuosas. Bach, querida. Lembro que em infância disse à minha mãe que adorava “Bak”. Ela não compreendeu, é claro. Somente muito depois soube que o amor é como Bach, se pronuncia na surdina, e parte de tudo ficando no subterrâneo, no impronunciável, no relacionamento, querida. E em gritos de amor, lindos e dolorosos. Todo relacionamento é uma ética linda e miserável de fingir ser um.

Não fomos pouco. Sorrimos e choramos desde o começo. Tanto por tristeza quanto por alegria. Aprendi a chorar e sorrir com você. Meus choros eram sempre alegres, insossos, vulgares.

Perdi minha vulgaridade com você, querida. Antes era tão pouco a primeira parte de tudo. Depois descobri o barroco: a alegria e o pecado; a felicidade e o sofrimento; o claro e o escuro. Ai, a culpa! Que bela a culpa e o amor, a bebedeira e a ressaca. “Você é que disse: vai, levanta e faz andar o Amor. Caminha!” Corri. Corri tanto que toda maratona de amor pareceria os 100 metros. Caí, esfolei, sorri e chorei. Ai querida, fomos gregos! Nossa história seria o encontro de um mortal e uma deusa, querida! Eu terminaria com uma estátua a olhar o céu, para mostrar aos mortais o que acontece em amar-te. Você foi minha Galatéia, queria. Estátua e ninfa. Sou Pigmaleão e Ácis. Mas nunca lhe dei grandes presentes. Foi você quem me deu uma caixa. Dentro dela, como quase caixa de pandora, nasceram meus sentimentos. E, ao final: Eu mesmo. Você me presenteou comigo mesmo, querida.

Não lhe devo nada mais do que ter-me tornado humano.

sábado, novembro 17, 2007

Quase provável....

É possível que Ela tenha motivos reais para odiá-lo... Ele mesmo quase se odeia....

sexta-feira, novembro 16, 2007

I

Foi seu dia mais difícil em vida. Ele chegou bem mais cedo e ficou a esperar, tomando chop e fumando. Havia passado longas horas na madrugada anterior revendo o passado. Lendo e-mails. Antes disso estava simplesmente disposto a terminar. Nada mais.

Não foi tão tranqüilo assim. Percebeu que a amava como sempre, que todo amor nunca acaba. Foi disposto a conversar, sem , contudo, fazer qualquer promessa de paixão. Foi. Somente isso. Ou quase isso.

Chegou cedo e quase esperou hora e meia. Ela chegou como sempre. Sempre tirando seu fôlego. Era esse o problema dele. Sempre sucumbia à beleza dela. Ela era sublime. Não foi a toda que suspirou quando havia descido da escada, em tempo distante dois anos e meio. Era fantástica. Simples assim.

A presença dela foi em presto. Nem quarto de hora se passou entre o momento da espera e o da despedia. Conversa, quase não houve. Alguns insultos entre aspas, que esses são mais fáceis. Outros em letra MAIÚSCULA. Os mais difíceis de escutar.

Ela partiu sem levantar o lenço de Adeus.

Ele ficou como se não tivesse mais nada a fazer. Ficou fumando e bebendo.... E chorando. Sempre acreditando que alguém poderia chegar para querer consolá-lo. Mas essas coisas não acontecem. Olhava o tempo, as pessoas passando e o dia. e pensava que, caso um fotógrafo estivesse alí, tiraria a mais bela foto de pessoa triste em um café. Nome?! "Jovem em Café" seria um bom título.

Gastou alguns lenços de papel. Pensou o tanto que acabou com a melhor mulher de sua vida da pior maneira possível.

Sentiu desprezo de si mesmo, porque todo aquele que deseja muita virtuosidade sofre. A virtuosidade buscada é somente um modo de nos fazermos mais tristes. O virtuosismo é sempre um modo de hipocrisia. Felizes são os canalhas convictos.

domingo, novembro 11, 2007

O tempo é verde...

Sim, sou um novelero e acredito que além de entretenimento boçal, a novela pode ser uma obra de arte. Sim, sou de esquerda, comprometido com o "Social"¹ e um quase adorador do Padrão Globo de qualidade... Gosto muito das trilhas sonoras e acredito que, quanto mais divulgado, melhor. E esta letra é linda! Caetano é sub deus, na terceira posição de meu panteão, ombro-a-ombro com Gil e logo abaixo de Chico Buarque. Este, aliás, só perde para Tom e Vinícius. Chico é conseqüência natural do tempo dos dois.


Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito

Quanto a cara do meu filho

Tempo tempo tempo tempo

Vou te fazer um pedido

Tempo tempo tempo tempo


Compositor de destinos

Tambor de todos os ritmos

Tempo tempo tempo tempo

Entro num acordo contigo

Tempo tempo tempo tempo


Por seres tão inventivo

E pareceres contínuo

Tempo tempo tempo tempo

És um dos deuses mais lindos

Tempo tempo tempo tempo


Que sejas ainda mais vivo

No som do meu estribilho

Tempo tempo tempo tempo

Ouve bem o que te digo

Tempo tempo tempo tempo


Peço-te o prazer legítimo

E o movimento preciso

Tempo tempo tempo tempo

Quando o tempo for propício

Tempo tempo tempo tempo


De modo que o meu espírito

Ganhe um brilho definido

Tempo tempo tempo tempo

E eu espalhe benefícios

Tempo tempo tempo tempo


O que usaremos pra isso

Fica guardado em sigilo

Tempo tempo tempo tempo

Apenas contigo e comigo

Tempo tempo tempo tempo


E quando eu tiver saído

Para fora do teu círculo

Tempo tempo tempo tempo

Não serei nem terás sido

Tempo tempo tempo tempo


Ainda assim acredito

Ser possível reunirmo-nos

Tempo tempo tempo tempo

Num outro nível de vínculo

Tempo tempo tempo tempo


Portanto peço-te aquilo

E te ofereço elogios

Tempo tempo tempo tempo

Nas rimas do meu estilo

Tempo tempo tempo tempo


Bonito pra caralho, né? Não há nada tão bonito quanto o Tempo. Ou quanto o fruto do Tempo, a vida.


ps. ¹: O que diabos é ser comprometido com o social? Estou certo que todos os deputados são comprometidos com o social. Cada um com "o seu" social relevante, mas enfim....

sexta-feira, novembro 02, 2007

Pinga-Fogo

Copiando a Tucha! Sim, muito 1° grau.... hahaha

(Martha Thucha Verônica, que negócio é esse de eu ser o mais estranho???)

- Eu tenho: Um zippo, muitos amigos e uma vida toda pela frente...
- Eu desejo: Trabalhar com algo que me traga prazer e me permita conher mundos e pessoas

- Eu odeio: Amargura e preconceito
- Eu escuto: O vento, jazz, bossa e qualquer coisa que eu ainda não conhece, e se pareça música.
- Eu tenho medo de: Do esquecimento. O dos outros e o meu. E de me tornar petulante.
- Eu nao estou: Metade daquilo que ainda farei.
- Eu choro: sempre com alguma alegria e tristeza.
- Eu perco: A capacidade de controlar o tempo.
- Eu preciso: de conhecer um pouco mais do mundo e mais duas ou três linguas.
- Eu devo: algum dinheiro e muita experiência aos outros.
- Me dói: Me dói???

SIM OU NAO?
- Tem um diario? De certo modo, este...
- Gosta de cozinhar? Um dia...
- Gosta de tempestades? Sim
- Ha algum segredo que vc nao tenha contado a ninguem? Muitos. Mas assim que os aperceber como tal, contarei...
- Poe seu relogio uns minutos adiantados? Não controlo o horário de meus relógios. Nenhum relógio de minha casa tem as mesmas horas.
- Acredita no amor? Não tem nada que eu acredite mais...
- Toma banho todos os dias? Sim.
- Quer casar? Sim. Várias vezes.

QUEM É?
- A pessoa mais estranha: Thais...
- A pessoa mais chata? Não sei...
- A pessoa que te conhece melhor? Minhas namoradas.
- O professor mais chato? Tenho medo de perseguições políticas.

QUAL É?
- A frase que mais usa no msn? Não uso frases no msn
- Sua banda favorita? Benny Goodman, no momento.
- Seu maior desejo: Um elefante, provavelmente...

OUTRAS PERGUNTAS
- Signo: Câncer
- Cor do cabelo natural: Castanho
- Cor do cabelo que tem: a natural
- Cor dos olhos: castanhos
- Numero favorito: 3
- Dia favorito: quarta-feira
- Mes favorito: Agosto
- Estaçao do ano favorita: Inverno
- Café ou chá? e cigarros!
- Montanha ou praia? Depende
- Sol ou neve? sol

NAS ULTIMAS 24HS VC:
- Chorou? não
- Ajudou alguem? Provavelmente. Sem saber, quase todos os dias podemos ajudar.
- Comprou algo? sim
- Ficou doente? não
- Foi ao cinema? não
- Saiu para jantar? não
- Disse “te amo”? não
- Escreveu uma carta? não
- Perdeu um namorado (a)? não
- Falou com alguem? Como quase sempre
- Escreveu em um jornal? Sim
- Teve uma conversa seria? algumas
- Perdeu alguem? não
- Abraçou alguem? sim
- Beijou alguem? sim
- Brigou com algum parente? não
- Brigou com algum amigo? não
- Sonhou acordado? Há três minutos...

sábado, outubro 20, 2007

Espero que vocês não tenham crescido por demais...

As vezes me parece que quanto mais madura fica uma mulher, mas perde seu aspecto de doce e sonhadora. É como se estivesse ligada a ela a frase "homens não prestam", ou "são todos iguais", ou "amor não existe". Como se o azedo fosse o paladar da maturidade.


É claro que não pretendo aqui remeter às generalizações ou coisa que valha, mas vejo com grande frequência jovens mulheres, como sou jovem homem, dizerem a respeito de toda palidez de amor ou como o sexo oposto acaba com toda possibilidade de pleno desenvolvimento lírico. É como se as mulheres identificassem no homem grande potencial de acabar com o lirismo. Não fecho aos olhos o fado da dificuldade de relacionamento com o masculino, nem com qualquer relação de gênero, nem como este gênero é capaz de magoar e estreitar o amor. Mas daí ao feminino (quase) se abstrair de qualquer responsabilidade...



Neste sentido, gosto dos espíritos jovens, joviais, meio que mesmo ingênuos. Gosto dos que se apaixonam facilmente, dos que sorriem, dos que postam fotos, dos que sentam ao colo, recebem e dão cafunés, dos que não se retiram ao direito de dormirem e servirem de travesseiros. Gosto dos sonhadores, amigos. Gosto dos pensadores do futuro grande. E só existem os sonhadores dentre aqueles capazes de morrer de amor à vida.
O amor exige uma falta qualquer de ponderação.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Lição


Lição de Namoro

Antonio Nóbrega

(Antonio Nóbrega e Wilson Freire)

Menina, vou te ensinar
Como é que se namora:
Põe a alma num sorriso
E o sorriso põe pra fora

Olhe nos olhos
Olhe dentro da pupila,
Veja bem se ela brilha
Ou se vai se apagar
Pois o olhar
É ele que denuncia
Se está quente ou se está fria
A paixão, o bem amar

Pegue na mão,
Sinta dela o seu calor,
Veja dela o seu rubor,
Sua força, seu pulsar,
Porque a mão é ela que anuncia
Se o namoro nasce e cria
Ou se nasce e vai murchar

Quanto ao beijo
Tem que ser bem de mansinho,
Permitido com carinho
Pra poder não machucar
Porque o beijo
É ele quem amacia
Quem dá paz e é o guia
Para o novo amor chegar

E num abraço
Apertado, mas com jeito,
Sinta como bate o peito,
Se é forte ou quer falhar
Pois coração
É fonte de alegria
É ele quem prenuncia
Se o amor há de jorrar

Só porque a música me lembrou o filme mesmo...

Pra não ficar por aqui: alguém ensina alguém a amar? Ou a questão não é ensinar, mas encontrar, simples assim, o Amor. No livro O Pequeno Tratado das Grandes virtudes, ao tratar do Amor, André Comte Sponville fala que primeiro nós nos sentimos amados. Depois, só depois, somos capazes de amar...

Essa idéia, e esse livro, mudou minha idéia de amor. E depois da idéia, que toda idéia é frágil, só depois, muito depois, pude ver da possivel verdade da afirmação.

Senti-me amado. Depois, intensamente, amei. Mas o amor, essa coisa frágil, não se aprende em manuais...

terça-feira, setembro 25, 2007

E colecionarei fotos tal como condecorações.

Ai, meu amor.... não se vá. Todo amor é mais que a foto. Sua foto não bastará, e te olho como uma futura estranha. Tento, ademais, marcar sua pele, o cheiro, o jeito de despir, e ficar assim... ao léu, esperando o vento ou o aquecimento. Meu aquecimento é global, querida. Ponho em culpas tudo o que poderia ter feito e sei de todas as suas pintas. Não te olharei novamente sem imaginá-la nua. Sei que seu corpo é imperfeito, sei dos ossos ligeiramente tortos, o jeito de sorrir e de falar de graça em tudo. Sei das (suas ) mais perfeitas (in)satisfações, do modo de negligenciar, do modo de pensar, da maneira de desejar.
Te encontrarei e saberei, sinto, cada momento de impaciência. Sentirei a distância e a mais absoluta (sua ) vontade de ficar só.
Vai, querida. Fica só com outro. Faz planos. Sonhe. Mate-me com o sentimento de que não serei nem uma fotografia na parede. Vai, querida! Sua (futura) mesquinha e justa vontade será divertir-se enquanto estarei no fundo de uma gaveta.
Mas saiba, você continuará na (minha) parede. E esta cidade ficará cada vez mais pequena, que cada lugar e esquina me lembrará vocês.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Coisas e seus lugares

"Um caminho, um motivo, um lugar
Pra eu poder repousar meu amor"
Los Hermanos

De um modo geral, a questão é que as coisas mais importantes da vida nós não as encontramos. As coisas nos encontram. Toda [nossa] forma de necessidade nos é dada. e, na cadencia da vida, breve, somos que esperando os enunciados quase que já respondidos. Pensando nos últimos vários anos, penso que aquele vivido não foi muito além ou aquém do que me era necessário ou estritamente desejável.
Foi como se o "fim das contas", que todo fim da conta é o presente, não passasse do que mais me fizesse menos arrogante e menos intolerante.
Meu presente foi o modo de os objetos vívidos, profissionais ou pessoais, se apresentarem. E, a partir daí, pude repousar todo meu amor por eles.
Sim, ficou gay. Mas é um modo de dizer que a felicidade nos encontra, e o que tem de ser é.

Ps. 1: Pobreza cai mais com Lula do que com FHC, diz pesquisa. (Na verdade, quem diz é a Carta Maior).
Ps. 2: Sim, o trecho da música está sem contexto.
Ps. 3: O profissional também é pessoal, é claro.

domingo, setembro 16, 2007

Borboletas


Fiquei por pensar em borboletas hoje.
Fui ao teatro e a última frase foi como que salvadora de toda a peça. Não tenho, de qualquer maneira, por demais capacidade de lembrá-la. O google, nosso oráculo, não me ajudou. Mas foi uma frase com algo sobre estórias miúdas e o modo como acabam sendo chamadas de experiência. Nossa vida e nossas estórias miúdas, ordinárias, experimentais...

Acabei por ficar ligeiramente triste. Aquela tristeza pouca. Aquele banzo, quem sabe, e algum sentimento de 19 ou 20 anos.... Do tempo em que eu não me bastava, e todas as mulheres do mundo pareciam me jogar a favor de qualquer destino de solteirice.

Parece-me, na verdade, que todo longo relacionamento leva-nos ao potencial da auto-estima e ao estado de sermos rigorosos. Se antes valia (quase) qualquer uma, com o tempo, valem-nos poucas. Não que as pessoas percam seus encantos, mas estes passam a ter como o embate a história. E isso não é pouco.

Mas apesar da minha rigorosidade e a auto-estima possibilitada pela - bela - experiência, hoje foi como se cada uma das minhas belas cachopas não tivessem passado da mais absoluta sorte. E a deusa da sorte, a Fortuna, é caprichosa. Sou um homem absolutamente desinteressante e introspectivo. Coisa pouca demais para ela se preocupar comigo.

Voltando às borboletas. Transformam-se, algumas, em camarões. Adoro-os. Mas sou alérgico.

Ps.: foda essa imagem que peguei de um blog que nem olhei direito....

sexta-feira, setembro 07, 2007

...

Foto: Catarina Valle

"Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a Terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo morre." (Trecho de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna)

Vi esse filme novamente hoje. Um filme bonito, engraçado, com um belo texto, como o trecho acima.

Mas na verdade, não que venha aqui dizer da belesa da cultura brasileira ou qualquer coisa do gênero.

na verdade, pensei no no texto acima de outra maneira:

"Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a Terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo que é Humano num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo ama."

Não sei, só sei que é assim...

Sem título

Normalmente demoro 40 minutos do centro à casa; até 1 hora e meia, no caso de engarrafamentos. 20 minutos com o transito livre.


Hoje, no entanto, 2 horas e 40, em horário de trânsito tranqüilo...obvio que alguma coisa acontecia, naquela feição de andar a poucos e poucos metros. Foi realmente difícil uma viagem que não chegava ao fim...


A via expressa, que depois de determinado ponto não tem mais saída, mostrou o acontecido lentamente. E o motoqueiro jazia dentro de um saco preto. Naquele momento, foi como se o mundo fizesse silêncio. E quase todos do ônibus olharam...

Construção

Letra e música: Chico Buarque


Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acbou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego



Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como se fosse sábado



E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público


Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado

terça-feira, setembro 04, 2007

Daí usam do monumento, é claro.

Tá, confesso. quase chorei na exposição do Niemayer do Palácio das Artes. De um misto de felicidade e tristeza, sentimento tão contrastante quanto a própria produção do arquiteto. De um lado, sempre produtor de monumentos governamentais; de outro, histórico homem comprometido com as mudanças sociais mais de esquerda no mundo. Comprometido com a monumentalidade e com o povo, com a mudança.

Tá certo, conforme o arquiteto disse, "da arquitetura só ficam os Monumentos". A pirâmide de Gisé e o Versalhes continuam lá, muito embora não sejam as próprias utilizações simbólicas de seus momentos. Parece-me que o compromisso arquitetônico do poeta das curvas é com a beleza.
E não restritamente arquitetônico, e segundo ele, importando mais que a própria arquitetura, "o que importa é o compromisso social".
De qualquer maneira, e a esse respeito só digo isso, fica o destaque para o novo Centro Administrativo do Estado. E com o primeiro texto da exposição sendo do Aecinho, ligando Niemayer historicamente ao Tigrão do Tancredo, é claro. É tudo muito claro.
Mas que as linhas são bonitas, isso elas são. "Como a mulher preferida (sic)".

quarta-feira, agosto 22, 2007

Vamos deixar de onda!



Tá, vamos parar com essa coisa toda. Não sou um cara bacana. Ou melhor, bacana eu sou. Mas isso não que dizer muita coisa. Fui normalmente bem dotado em sorte para ter mulheres realmente belas. Mas como os homens não prestam, sou tal como dotado de um belo potencial de ser um babaca. Sim, isso mesmo. Afinal de contas, ser bacana é facil. O difícil é ser íntegro, ou brioso, como diz o Aurélio. Não sou brioso, sou levemente carismático mas uma porta em falta de sensibilidade. Não sou bem posto em presentes bonitos, em verdades completas ou em sentimento de onde é o fim apropriado e o reinício desejável. Ou pior, sei disso tudo, mas tenho uma enorme potencialidade de descumprir meus próprios valores. Sou impróprio. O que não seria um crime, se nao fosse o caso de eu ser altamente exigente. Invejo, em verdade, os canalhas convictos, que não fazem que os outros construam esperanças. Eu não. Construo esperanças e arrebento com elas com a sorte de quem não sabe onde colocar as vírgulas e os pontos de conclusão. Sou prolíxo em relacionamentos. Mas a verdade, no mais das vezes, tem algum aspecto de objetividade. Estou tão distante da verdade - que amo - quanto da capacidade de cumprir minhas capacidades academicas em qualidade. Sou um medíocre em verdade, verdadeiramente.
(E que isso fique em azul, que é uma cor que odeio.)


sábado, agosto 18, 2007

A song for Jeffrey

(Jethro Tull)

A song gonna lose my way tomorrow,

Gonna give away my car.

Id take you along with me,

But you would not go so far.

Dont see what I do not want to see,

You dont hear what I dont say.

Wont be what I dont want to be,

I continue in my way.



Dont see, see, see where Im goin,

Dont see, see, see where Im goin,

Dont see, see, see where Im goin to,

I dont want to.



Everyday I see the mornin
come on in the same old way.

I tell myself tomorrow brings me
things I would not dream today.

Vai, canalha! Vai e canta.
Sua independência simulada.
Este canto besta.
Esta incompreensível arte de se sentir autônimo.

Vai, canalha! passa despercebido.
Passa que seu caminho é seu caminho.
sua vida é sua vida,
seu hoje é o que mais importa.

A noite de ontem não conta
os homens devem ser livres
E as cartas não respondidas.

E o que importa?
Não são todos independentes?
A liberdade não é uma coisa nata?
Não somos todos mais absolutamente dotados de livre arbítrio?

Então quê importa?

Não ligue, canalha.
Que todas as saudades vindas de um colorido,
Que todo quarto colorido,
E todas as músicas romanticas em fins de noite...

O choro escondido não incomoda
Nada disso vai atrapalhar seu sono.
Que todo sono de bêbado é protegido.
Deus baco protege a todos.

O triste é que tão bom (deus) sabedor da vida
Tenha morrido solteiro.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Nada mais

Canta! Canta, criança!
Que a noite não é longa,
Seu rosto, vermelho...
e toda essa alegria, esse sinal, essa cerveja.
Tudo isso passa, criança.

E toda essa bebedeira,
essa doce alegria,
esse ponto que passa,
essa alegria dos cantos de calourisse.

Essa coisa passa, criança.
E amanha, num amargo amanha,
Você verá.
Verá que, apesar de toda boa vontade,
Essa boa vontade toda ainda mostrará

Que toda vontade de viver
Não passará da absoluta verdade
Que toda vida não basta
E que, apesar de tudo,
Não foste tudo aquilo que pudera
E que a vida ainda continua

E você, criança,
de meias listradas
E cabelos cor de pão-de-mel
Ainda será fadada a encontrar-se
Com os fantasmas do passado.

Seu passado. Quase somente o seu.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Capacete



"A gente se compadece e se apega às pessoas que sofrem. [Lu, 2007]"
Na verdade, muito cristão isso.
“- Só motoqueiro que arruma isso” [Corpo desconhecido, de uniforme e entrando no ônibus, 2007].
Esta foi a primeira frase que escutei ao entrar no ônibus. Algum tempo antes estava é pensando em todos os amores e apegos de minha vida, nas pessoas que sofrem e riem, que fazem dos próprios cabelos cachinhos, e nas tantas que seguram talheres ora com estrema fineza, ora com aquela força que só vemos nos famintos de restaurantes no centro.
Certo, não era em todos os amores que pensava, e deles pouco importa agora. O importante é que o meu pensamento foi interrompido pelo conhecimento de que o ônibus estava mais atrasado do que o habitual. Há poucos metros, uns 15 ou menos, um carro parando todo o trânsito. Na pista ao lado, e no mesmo sentido, um corpo. Não vejo bem ao longe, fato que denota minha arrogância e pretensão. Não reparo em um palmo diante do meu nariz, e lembro somente de minhas espinhas e costeletas.
Mas lá estava o corpo, ainda vivo, um carro bem arrebentado, e uma fila enorme de outros carros atrás. Parece-me, inclusive, que a situação tinha algo de nobre, de auto-impositora de respeito. Uma enorme fila e nenhuma busina.
Poucos envolta do corpo, que embora tenha um RG e ainda estivesse vivo, é um corpo. Os corpos, por si só, são anônimos. Até compreendo pessoas em volta de corpos jogados por batida, afinal de contas, alguma solidariedade é compreensível quando o resgate ainda vem e muitos se questionam se virá em tempo ou não. Alguém tem de manter o corpo acordado. Apesar de não saber o porque, e o porque de isso acontecer em tantos filmes. "Não durma, Jack. Não durma. Fale comigo!".
Mas o de depois, quando de um resgate que avisou da chegada à distância, os corpos, em pé, avistando o deitado, se multiplicaram. Por que diabos as pessoas ficaram ali, olhando o corpo deitado, quando a ajuda já vinha, e lá parou. Imagino que a ajuda, com sua sirena, precisaria de espaço, de calma, e de menos corpos em pé. Curiosos. Lá pararam.
E o que não entendo é a primeira frase quando de minha entrada ao ônibus. Porque diabos têm de colocar a culpa no pobre do motoqueiro?

domingo, julho 29, 2007

Vocês devem escutar essa música. Sério!!!

Tom Zé - Duas Opiniões
Tom Zé
Ridículo chorar
Patético viver
Paradoxal prazer
Apologia do sofrer (chorar é coisa do amor)
Ridiculo chorar
Amor coisa do coração
Patético viver
O coração é do sonhar
Chorar este chorinho chorar
Sonhar este chorinho chorar
Chorar é coisa do amor
Amor coisa do coração
patético viver
O coração é do sonhar
Sonhar este chorinho chorar
Apologia do sofrer

Leal, pagode, fiel, tão doce, ilusão, enganador
Não sabe quem não quer
Sincero (só) se fosse teria mais pudor
E nos sentir mulher
Mas rasga o coração (é só paixão) que gosta de sofrer
Lascivo e exalta a dor como o prazer
Porém nos laços dos martírios teus
Ou nos lírios e delírios meus
Somos a multidão
Um simples coração
Só, só
Gritando no porão

Chorar é coisa do amor
Rir rir ridículo chorar
Amor coisa do coração
Patético viver
O coração é do sonhar
Paradoxal prazer
Sonhar este chorinho chorar
Apologia do sofrer
Chorar é coisa do amor
Meu bem chora por mim
Amor coisa do coração
Meu bem chora por ti
O coração é do sonhar
Soluço pra te ver cantar
Sonhar este chorinho chorar
Cantando venho soluçar

Mais meninas vocês souberam?
Foi o pagode, foi o pagode, foi o pagode aquele
alvitero sem-vergonha, lascivo, que foi perverter
desvifiar, desatinar a coroa da inglaterra, que largou
a coroa, largou tudo, por causa desse pagode, esse
facilitador de namoro. E não respeita a uma grande
potência como a inglaterra. Que sujeito subvertedor.
da ordem, do respeito e da lei. Até na inglaterra.

Até na inglaterra
Ele destronou (aquele) um rei
Da sedução
Que por sua paixão
Abandonou o trono
A corte
E a lei
Deixou de mão
Até santo agostino
( por amor viveu)
Foi sua presa
Pecado só
E deus para espera-lo (sentiu em si)
Assistiu muita proeza
Carne e pó
No pagode
É carne
Senhor tem dó
E depois não tem lugar
De ter lugar
De ter em si
Pecado e pó
E ma ma ma ma ma ma maltratar

sábado, julho 28, 2007

Perdurar e Conviver



Pois que não vivemos pelo que vivemos, mas pelo que desejamos Viver.
Pois que vivemos pelo que Vivemos, mas não pelo que desejamos viver.


(Foto: Pierre Verger)

terça-feira, julho 24, 2007

Minhas cores?


Meu passado é creme, tal como o sorvete; branco de bolinhas pretas, tal como flocos; e azul esverdeado, que é a mistura de felicidade e saudade...

Numa foto preto-e-branca, no quadro de meu quarto, com os amores de minha vida...

E meu presente, agora, um filme francês. Tal como a foto acima.

sábado, julho 21, 2007

VERDE

Qual a cor do seu passado?

É Agora

"É agora", pensou caminhando até o bebedouro.

Ele - Ei!

Ela - Ei!

Ele - E aí, fica aqui até que horas?

Ela - Até umas cinco.

Ele - Vamos tomer uma cerveja depois?

Ela - Hã?! Não sei....... Porque deveríamos sair?

Ele - Talvez a pergunda certa seja "porque nao deveríamos sair". Se você me responder esta, respondo a segunda.

Ela - Nem te conheço direito.

Ele - Ué, é um bom modo de nos conhecermos.

Ela - Mas e aí, porque deveríamos sair?

Ele - Você quer que eu seja absurdamente sincero ou verdadeiro de modo negligente?

Ela - Absurdamente sincero.

Ele - Você é linda e sedutora. Quero conversar com você. Seria legal estarmos sozinhos e eu ver até que ponto chega o meu encanto.

Ela - Então é uma questão de Ego?

Ele - Não, quero que você ria como agora, e quero ser boa parte do motivo de sua felicidade.

Ela - Você é estranho.

Ele - A má notícia é essa. Você não tem a mínima idéia de como sou anormal. E aí, Maleta, 18 horas?

Ela - 18:30?

Ele - Okay. Tchau, mocinha!

Ela - Tchau!

segunda-feira, julho 16, 2007

As cores eram dadas...

Não quero não. Se toda essa desculpa, todo esse frio que somente esfria os dedos, se toda essa memória, esse sentimento de vida não vivida, se toda essa tristeza é tão somente um reinterar de dia após dia. Se tudo isso se conforma dessa lânguida maneira. Não, não quero não. Prefiro ser abstêmio, sóbrio, saudável.
Se toda memória conduz ao não feito, prefiro ser Pigmaleão. Vou me devotar aos livros, aos escritos e a alguma outra arte menos medíocre. Parar de comer carne e torresmo. E fazer seis refeições ao dia e assumir que minha sublimação exige o mais absoluto resguardo sexual.
Houve um tempo que todo choro era de felicidade. Um tempo em que eu era capaz de ser arrogante, sóbrio, determinado e absurdamente feliz. Um tempo em que cada momento de minha vida era o melhor momento, e em que não esperava nada do tempo, e era como se o tempo me servisse numa longa e bela sucessão.
Sim, crianças, já fui pleno. Hoje aguardo tantas coisas do tempo quanto existirão as-cores-do-mundo.

quinta-feira, julho 12, 2007

Novo Blog

Um novo blog. Porque? Porque iniciei hoje um Diário de Campo. A partir de minhas impressões sobre o trabalho na tv, produzindo um programa sobre política, e sendo, de facto, estrangeiro. "Alguem das Ciências Sociais" vivendo no meio dos "jornalistas".
Veremos se tenho disciplina para continuar com isso.

terça-feira, julho 03, 2007

memória

(la persistencia de la memoria - Salvador Dali)

Tá bom. Entrei num e-mail antigo utilizado somente para registros. E deparei-me com a total perda de memória. Fizeram-me o favor de modificar minha conta, e por conta disso perdi e-mails de brigas, cartas de amor e piadas de amigos e outros relacionamentos.

Mataram-me a memória de 4 longos anos. Essas novas medias ainda matam esse canceriano que vos fala...

sábado, junho 30, 2007

II

Pediu um wisk. Virou-o rapidamente e olhou-a novamente, naquele café logo ao lado. Seguiu em passos firmes, que se fosse comedido sairia correndo. O medo do encontro. Como ela estava de costas, acabou não vendo-o.

- Martha Verônica.

Virou-se rapidamente, como se o tom de voz não tivesse mudado nada, como que adivinhando o som do cheiro antigo. Sorriu um sorriso largo, bonito, ligeiramente amarelo.

- ... Pedro Nunes...

Levantou, ficou sem onde por as mãos.

Ele abraçou-a, beijo no rosto, como que tentando quebrar um gelo possível.

- Quantos anos, moça...!

- Sim, desde anos... Você estava vindo pra cá...

- E cá estou desde então.

- E bem que você disse que não sabia quanto tempo ficaria, se dois meses ou dois anos.

- E já estou a 10 anos.

- Tive notícias suas, de jornais, artigos... Parece que você conseguiu o que queria aqui... Disse, aumentando o sorriso, amarelíssimo...

- Não.

- Como não?

- Saí de meu país para fugir de você. E você esteve sempre presente.

Abraçaram-se. Um abraço apertado. Os dois com um choro, choro pequeno. E, como que por desespero mútuo, beijaram-se...

(ficou breguinha. De qualquer maneira, fica aí. E fica o nome da martha, que merece ser homenageada por ser a única que comenta coisas....)

sábado, junho 16, 2007

I


Já eram anos, estava em meados dos 30 vividos, quase uma década fora e menos calvo do que todos esperavam. Tinha ganhado um pouquinho de dinheiro, um certo reconhecimento e vários lugares onde pagavam para dizer obviedades. Conversava com muitos dos antigos através das maravilhas da tecnologia.

Escreveu dois livros, dezenas de artigos e escutava todas as músicas tradicionais de onde veio. Aprendeu duas línguas além da sua e lia bem em outras duas. Produziu programas de tv, rádio e escrevia como comentarista regularmente em dois jornais brasileiros, um inglês e três de algum outro país latino. Era conhecido como um professor acessível, não lá tão sério e rigoroso, mas odiado por várias críticas feitas a todos, que sua arte sempre foi criticar; e respeitado por muitos daqueles que sempre se calam.

E então que, andando por uma daquelas ruas cheias de turistas, viu o espectro do passado num daqueles cafés de cidade badalada. Pegou o celular, desmarcou o compromisso, sentou, observou. Somente observou, que toda coragem é pouca para enfrentar metade de seus anos de distância.

E nenhum daqueles pensadores conhecidos o ajudaria na insegurança, que já há anos, percebeu que não mudaria. De certa maneira não se aprende a viver, que ele nem pensou que, naquela mesa, a pessoa também pensava os anos, assim como anos pensando em como poderia ter sido diferente.

segunda-feira, junho 11, 2007

Recife?

Não sei. Acho que foi
uma cidade
desenhada,
desenhada
para antropólogos... A primeira desenhada no Brasil, ao que consta...






Estes Pós-modernos multi-culturalistas...

sexta-feira, junho 08, 2007

O Quão Bonito...


Se
Entre Nossas Quatro Paredes

Tivesse vivido

Entenderia


Sem Dúvida...


E é por isso.

segunda-feira, maio 14, 2007

E é tao árduo....

Escutei outro dia: "Na próxima encarnação quero ser rico". Pensei logo: "antes querer nessa mesma."
Se é para desejar desejos de outros corpos, em outras vezes de sobro divino sobre barro, melhor desejar o, de fato, impossível para essa encarnação.
Já que é assim, melhor desejar o fim, na próxima, do que há de inato ao meu corpo formado de terra e cerveja. Sim, porque o meu barro é assim. aquele barro bêbado, impulsivo, erremediável.
Se, embora muito difícil, posso ser rico nessa encarnação; prefiro não ser tão impulsivo na outra. Prefirirei ser um barro de agua e terra. Um barro santo, um barro recatado, pudente. Mas, repito, na outra. Não nessa, que pudicícia me dá nojo. Nessa, pelo menos.
É como seu eu pensasse: prefiro não ser alérgico ao camarão. Não que o seja, mas, supondo que fosse, melhor não o ser na próxima, que todo o estrago de uma garganta fechada já foi causado. Já nao gostaria, caso alérgico, de camarão. Entao não haveria solução.
Voltando à vaga fria, ou ao camarão... (ia tentar fazer um trocadilho com camarao, mas não saiu), preferirei ser insexuado na próxima encarnação, que nessa, além da impossibilidade, não há qualquer solução. Já sou viciado e preciso de um tratamento, ou um psicologo.
Preferirei ser menos impulsivo, menos racional (sim, paradoxalmente), e, bolas...
...Um homem.

Bolas, preferirei ser, ou um homem macho, canalha, comedor; ou um homem das letras, que não pense mais nada além de ler uma dúzia de livros por semana.

Mas preferirei, porque hoje, o que mais quero é ser o mais proximo de mim mesmo...

sábado, abril 28, 2007

Alguma cousa, qualquer cousa.

A Woman Is A Sometime Thing
George Gershwin
Album: Porgy & Bess-Hlts


Listen to yo' daddy warn you
'Fore you start a-traveling
Woman may born you, love you and mourn you
But a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Yo' mammy is the first to name you
Then she'll tie you to her apron string
Then she'll shame you and she'll blame you
Till yo' woman comes to claim you
'Cause a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Don't you never let a woman grieve you
Jus' 'cause she got yo' weddin' ring
She'll love you and deceive you
Then she'll take yo' clothes and leave you
'Cause a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing
Yes a woman is a sometime thing

Mulher é um trem com tempo próprio. Com seu tempo próprio, diria. Absolutamente imprecisíveis... O tempo e a mulher...
Em quanto isso, uma bela garoa na cidade

domingo, abril 15, 2007

Confissão

Sou um Homem bacana. Mas seria bem mais caso não fosse tão infantil, inseguro, ingênuo, fraco, arrogante e imaturo.

Sem muitos problemas, que com o tempo essas coisas se ajeitam... Com o tempo se aprende a viver...

sábado, abril 14, 2007

Sua descoberta? Descobriu que amava. (reeditado)

Nova Ilusão
Paulinho da Viola


É dos teus olhos a luz
Que ilumina e conduz
Minha nova ilusão
É nos teus olhos que eu vejo amor e o desejo
Do meu coração...
És um poema na terra
Uma estrela no céu
Um tesouro no mar
És tanta felicidade
Que nem a metade
Eu consigo exaltar...
Se um beija-flor descobrisse
A doçura e a meiguice
Que teus lábios tem
Jamais roçaria, as asas brejeiras
Por entre roseiras
Em jardins de ninguém...
Óh, dona do sonho,
Ilusão concebida
Surpresa que a vida,
Me fez das mulheres,
Há no meu coração
Uma flor em botão,
Que abrirá se quiseres


Um dia ele acordou e cantava essa música. Na verdade não toda, vou largar de metonímia aqui e dizer que eram somente os três primeiros versos. E a melodia cantava em sua cabeça. Passou assim uma semana completa. Todas as manhãs, e o restante do dia que as seguiam, foram a mesma coisa. Os mesmos versos e a mesma alegria.

Quando já tinha lá algum tempo, pegou seus discos e foi descobrir de qual dos Lps saíram os versos. Demorou algum tempo mas pôde ouvir a beleza da música. E cantou-a por inteiro, alguns dias feliz da descoberta, outros, triste pelo facto dado.

No dia do facto, acordou radiante. Não porque fosse rara aquela situação, que muitas outras vezes recebia mulheres belas em sua casa. E nem diria "mas nenhuma tal como aquela". Diria, aqui, que era a amada, nada mais.

Quando a campainha tocou, abriu e foi correndo ao som, pôs a música tema da amada para que ela escutasse ao entrar.

Ela entrou, falou amenidades, se beijaram, falaram generalidades e ele colocou a música de novo, que não havia cumprido seu papel.

Sentaram-se no sofá. Ela meio desconfortável. Música passou, ela pediu outro album. Ele trocou.
Ela falou que não poderiam continuar o relacionamento, fez um rosto triste, foi-se embora e comemorou seu aniversário depois. Longe. Triste. Triste e longe dele e de si mesma.

segunda-feira, abril 09, 2007

Uma mordida

Namorado levanta. Lentamente, é verdade, para não acordá-la. Põe o jeans surrado, aquela camiseta amassada como uma Camiseta-de-depois. Decide não ser necessário o tênis, que não ia demorar.
Pega os cigarros, o isqueiro. Abre a porta, caminha até a varanda da sala ampla, semi-luxo e voltada, de seu alto de arranha-céu, ao restante da cidade. Luzes, estrelas, uma bela lua. Lua gorda, cheia...

O Namorado abre porta de vidro. Fecha. Sentou-se ao lado de uma mesinha, redonda.
Queda-se alí, a olhar o mundo, o seu mundo.
Ficou um tempo até acender o cigarro. E logo escuta a porta abrir, uma mão no ombro. Mão rápida, forte. Era o pai.


Sentou-se com duas cervejas.


O Pai - Cerveja? Sem sono?
O Namorado - Rola! (A cerveja se troca de mãos) É, só pensando mesmo. (...) E você?
O Pai - Tô pensando. (...) Se eu te pedisse um cigarro, e você me desse, você contaria pra alguem?
O Namorado - Claro que não. Sua filha me mataria por te levar de novo no mundo do vício...
Um oferece o maço, o outro retira um cigarro. A baforada de um abstinente...
O Pai - Pensando no quê?
O Namorado - (...) Na sua filha...
O Pai sorri...
O Namorado - Digo uma coisa em primeira mão: estou completamente apaixonado.
O Pai - Em tão pouco tempo?
O Namorado - Minha vida é um turbilhão. E o amor é tão grave quanto a própria vida.


Silencio longo. Baforadas...


O Pai - Troco uma cerveja por mais um cigarro.
O Namorado - Tá.


O Pai foi e voltou.


O Pai - E ela?
O Namorado - Não sei. Seus olhos me amam. Mas algumas pessoas demoram a vislumbrarem os próprios olhos. Mas logo ela descrobre, se já não tiver descoberto.
O Pai - O Amor é uma grande mordida. É realmente mordaz...


O papo se perdeu em outras coisas. E só muito tempo depois Ela saberia o porque de tanta ressaca no dia seguinte, causa do fim de toda cerveja e de meia garrafa de wisk.

sábado, abril 07, 2007

...O Passado?

"(...) só o revisor aprendeu que o trabalho de emendar é o único que nunca se acabará no mundo."
[Saramado, História do Cerco de Lisboa, p. 14]

segunda-feira, abril 02, 2007

Cândido

Deitados. Ela, seminua. Ele, nú. Cafunés e olhares contemplativos.


Ele - Sabe o que tenho medo?


Ela olha como que surpresa e cheia de atenção.


Ela - O quê?
Ele - ... de, quando agente se separar, você me maldizer e querer esquecer tudo.


Ela sorri apontando sua incredulidade.


Ela - Eu nunca vou fazer isso!
Ela dá um tanto de pequenos beijinhos...
Ele - Vai sim... Vai apagar meu nome de sua agenda, vai fazer tudo aquilo que todas as mulheres fazem...


Ela sorri olhar de ternura que somente uma mulher é capaz.


Ela - Você foi o mais lindo homem que já tive na vida. Nunca vou te esquecer. Eu te amo...
Ele - Sim, eu sei que você me ama agora, sei que você nunca vai me esquecer, sei que sou o homem da sua vida. Mas um dia, minha linda, você vai querer me apagar. Como se eu fosse um desenho feito com lápis. Mas não, querida, sou como tatuagem...

sábado, março 31, 2007

A questão é que estou com vontade de postar algo. Então ai vai um pequeno texto, que não ia postar, achando que está ruím.
Ia, inclusive, postar uma foto, mas nao ví sequer uma imagem que brilhe tanto quanto essa mulher...
De qualquer maneira, antes que eu desista:
"
A Mulher que Brilha,
possui algo que pe só ela. Possui uma pequena faicha de pele que fica entre a camiseta lisa e a calça jeans.
A Mulher que Brilha possui um jeito doce qualquer, e olha para o horizonte sem sequer pensar.
E pensa em sí, nos amores partidos, na vida ida.
Pensa ao passar pelos corredores, ao ficar nos ônibus. Pensa nos entre-caminhos e num possível entre-cruzar de olhos. Num homem qualquer que a olhe e pense: "é ela!".
E que não seja recatado ao pondo de nao pedir-lhe referências. Um homem que lhe pergunte o nome, sugira o bar, lhe roube o beijo, lhe tire a calça. Tire a calça como se fosse a primeira mulher; e que si conheça a si mesmo como se fosse a última.
A mulher que brilha, menina reluzente, quer esse cara que a trate como primeiro presente; e esse cara que se conheça como se, depois de todas as mulheres do mundo, adquirindo sabedoria tamanha, pudesse simplesmente olha-la para dizer: "é Ela!".
"

domingo, março 25, 2007

O fim da soberba?


Sua liberdade e, quiçá, sua própria Felicidade Plena, era baseada numa qualquer arrogância, uma 'consciência' de que "o que passou, passou". Era cheia de si mesma, não podemos negar. E qualquer coisa de sua segurança a respeito dos "próprios desejos" era a marca de seu sucesso.



Era bela, autiva e autodeterminada. Teve dois amores, e, no processo do segundo, se autonegou de tamanha maneira, e teve seu Presente de tal modo colocado em xeque por seu Passado, que nunca mais pôde dizer: "será assim".



A pequena garota ganhou, então, o que chamam de um pouco de sabedoria. E perdeu a Felicidade Plena. Isso porque somente poucos podem com ela [com a Felicidade Plena]. E a garota mesmo sabia de sua raridade por se dizer plenamente feliz.



De certa maneira, Sua a Felicidade Plena é um belo atributo da ingenuidade. E da arrogância de se saber ser o que não se é.

sábado, março 03, 2007

Quando eu reencarnar, não quero nada de estrelas cadentes avisando. Mas de certo copiaria algumas coisas, como três garçons magros me levando presentes. Melquior nao seria um bom nome, votaria, portanto, em Olimpio, que sempre me pareceu nome de garçon. Este levará nao ouro, mas algo como um Visa International Gold. De incenso estou cheio, e o segundo garçon, de nome Gaspar mesmo, levará um charuto de Havana. Ao contrário de Mirra, que serve para embalsamento, o chinês Chan Lieh Dong me trará um belo Scotch Whisky contrabandeado via Paraguai.
E como nascerei em alguma cidade latina para liderar os bárbaros à luta contra a sociedade judaico-cristã ocidental, receberei o nome de Ramires da Silva. E posteriormente serei conhecido por Ramires de Ramires. Primeiro porque acho sonoro, depois porque Ramires é uma freguesia portugues do concelho de Cinfães, com 11,37 km² de área e 138 habitantes. Lugar perfeito para iniciar a revolução religiosa e salvar a humanidade.

Em tempo: não farei qualquer discurso em lugares públicos. Revelarei a verdade, a princípio, por via de blogs. Isso em função de justiça ao Google, que eu jamais imaginei a existencia de uma freguesia de nome Ramires em portugal. A propósito: não faço idéia da localização de Cinfães. O Google me faz um cara muito erudito, pois nem sabia o nome dos Reis Magos, nem o que diabos é a mirra.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Você já foi um Sundae???


Tenho uma grande dificuldade em escrever essa palavra. Deve ser porque sempre penso em dias ensolarados, e os sorvetes... num Sun-day. Na verdade, o Domingo, que é um dia muito próprio para um sorvete, nem me vem em memória. Lembro do Sun-day. Graças ao meu inglês precário e minha facilidade de associas palavras longe de seus próprios sentidos...


São engraçadas estas referências entre um termo e outro. Tipo aquela brincadeira, que aqui ficaria assim:


Sorvete, frutas, chocolate, chantilly. Dia de Sol. Sunday. Colorido. Alegria. Calça colorida. Pessoas divertidas.


Ou algo do gênero, que nao sou muito bom com essa brincadeira. Sou muito prolixo e pouco ligado às palavras soltas. Gosto é de vírgulas e figuras de linguagem desconexas.


De qualquer maneira, lembrei-me ontem, antes de dormir, de "Sundae", e de uma pergunta:

- Você já foi um Sundae?


Achei bonito isso, que pessoas-'sundae' são pessoas coloridas, divertidas, alegres. Pessoas-diaDeSol. Ou, de outra forma, pessoas felizes no Sunday. Você já foi uma pessoa feliz num Domingo? Com calças coloridas, que adoro pessoas com calças coloridas. Tenho uma vermelha, mas que só uso em dia de festas, ou noite de orgias... O que dá na mesma.


Sunday, na verdade, tem origem como, realmente, Dia-de-Sol, num daqueles sentidos (Sol) dos dias da semana associados à origem greco-romanas. Ou estaria equivocado?!


De qualquer maneira, gosto de pessoas coloridas, sempre procuro pessoas coloridas.


E você, já foi um sorvete colorido, com chocolate, frutas, coisas coloridas, num Domingo de Sol?

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Os ocidentais não conseguem pensar na Perda Eterna


Quando morrer, as pessoas ficarão de fato surpreendidas. Irão aos seus emails e buscarão por meu nome. Ficarão surpreendidas, que aquela felicidade não permitiria a morte. Felicidade nenhuma permite o fim.


Lembrarão de mim e serei aquele bobo da corte, divertido, animado, inteligente e com uma certa dose de sabedoria. Não serei nem aquele amigo ou namorado brilhante, mas simplesmente algo que parece marcar. Serei uma pessoa boa de lembrar, de tomar cerveja, de fumar cigarros e qualquer coisa do gênero.


Dirão que eu teria futuro, que era bem resolvido, que tinha muitos amigos.


Não entenderão o porque da reação a um pequeno assalto, para salvar um cartao de celular que custa R$ 10,00.


Não pensarão, na verdade, que nele está muitos de meus telefones, muitas de minhas lembranças e muito de meu pouco dinheiro muito suado.


E entrarão, quem sabe, pela primeira vez no meu blog. Que ficará no ar quase que eternamente, incomodando os outros pela falta. Ficará no ar, que ninguém sabe da senha que o desativaria. Embora tão óbvia...


E chorarão muitas vezes por postagens d’antes nada tão emocionantes.