sexta-feira, novembro 16, 2007

I

Foi seu dia mais difícil em vida. Ele chegou bem mais cedo e ficou a esperar, tomando chop e fumando. Havia passado longas horas na madrugada anterior revendo o passado. Lendo e-mails. Antes disso estava simplesmente disposto a terminar. Nada mais.

Não foi tão tranqüilo assim. Percebeu que a amava como sempre, que todo amor nunca acaba. Foi disposto a conversar, sem , contudo, fazer qualquer promessa de paixão. Foi. Somente isso. Ou quase isso.

Chegou cedo e quase esperou hora e meia. Ela chegou como sempre. Sempre tirando seu fôlego. Era esse o problema dele. Sempre sucumbia à beleza dela. Ela era sublime. Não foi a toda que suspirou quando havia descido da escada, em tempo distante dois anos e meio. Era fantástica. Simples assim.

A presença dela foi em presto. Nem quarto de hora se passou entre o momento da espera e o da despedia. Conversa, quase não houve. Alguns insultos entre aspas, que esses são mais fáceis. Outros em letra MAIÚSCULA. Os mais difíceis de escutar.

Ela partiu sem levantar o lenço de Adeus.

Ele ficou como se não tivesse mais nada a fazer. Ficou fumando e bebendo.... E chorando. Sempre acreditando que alguém poderia chegar para querer consolá-lo. Mas essas coisas não acontecem. Olhava o tempo, as pessoas passando e o dia. e pensava que, caso um fotógrafo estivesse alí, tiraria a mais bela foto de pessoa triste em um café. Nome?! "Jovem em Café" seria um bom título.

Gastou alguns lenços de papel. Pensou o tanto que acabou com a melhor mulher de sua vida da pior maneira possível.

Sentiu desprezo de si mesmo, porque todo aquele que deseja muita virtuosidade sofre. A virtuosidade buscada é somente um modo de nos fazermos mais tristes. O virtuosismo é sempre um modo de hipocrisia. Felizes são os canalhas convictos.

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