sábado, outubro 28, 2006

O Tempo e o Touro



Hoje é dia 28 e o Touro olha o vermelho. Aquele homem que ali está é como o Tempo, e é assim que o animal o olha.
O homem e o vermelho, um só e assim se comportam, dançando. E o touro persegue o Tempo.
E que o tempo passa, sabemos. E é isso que o touro persegue. Aquilo que se passou. O Touro olha o 28, e o tempo passa. O Coliseu grita: "Hole!".
O Touro só não percebe que o dia 28 repete a meses. A vida repete a meses. E, ao invés de olhar aos palhaços ou ao público, insiste em ir ao vermelho. Insiste em não perceber que, ao invés do vermelho e aquele homem, há sempre um dia 1° de Março.
Os Touros perseguimos muito o vermelho.
Mas o Tempo é um Toureador que nunca, nunca perde.

terça-feira, outubro 24, 2006

Bons Homens, aqueles Elfos...




Desde que sei da existência, sempre gostei de RPG. Espadas, história, imaginação fértil, vampiros de gerações imemoráveis, Elfos.
Sim, sobretudo os elfos. Acho que estes seres e o mundo à parte que todos temos (tenho) representam a necessidade do que é singelo, sem contudo ser moral, moralizante.
O mundo, acredito, perdeu o fio meada do que é singelo. Uma colher, por exemplo, de 50 anos atrás, uma cadeira; o abandono do utilitarismo que me mata hoje.
O mundo não é 'util', e continua a ser bonito.
E o Elfo, com sua delicadeza de cortar cabeças, sua graça. A Graciosidade.
O homem, e digo no gênero específico, perdeu a graça e continua querendo cortar cabeças. Embora eu não ache que a vida tenha um valor inerente , ainda acho triste um palavrão gratuito, um lugar não sedido à uma velhinha, um papel pelo vidro do ônibus. Isso é muito pior, as pequenas faltas de delicadeza.
Um elfo não faria isso. Não atacaria pelas costas, nao coçaria o saco em público, não contaria vantágem com a traição à Elfa. E o elfo adoraria uma colher com detalhes bonitos durante todo um dia. Como uma pequena joia. E pegaria seu arco ou sua espada para matar hordas de orcs, ou mesmo outros elfos, já que sempre temos inimigos que nao são tão diferentes.
E choraria por uma boa música e fumaria um bom cachimbo sem se preocupar com o enfisema no final de seus séculos de existência.
Gosto de Elfos pois são a aproximação fantástica do spiritu feminino...
E ainda conseguem cortar cabeças, como bons homens.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Ela é o Louvre



A Minha Linda?
A Minha Linda... Sei lá. Disse-me que tenho um brilho nos olhos. O brilho nos olhos, já disse aqui, é fundamental.
Mas Minha Linda fundamenta-se pelos dentes, ou melhor, pelo sorriso. Ela é Linda, e, Minha Linda, brilha nos olhos quando sorri. Como que automático. Como que uma decorrência natural de todo sorriso. Sim, em Minha Linda o sorriso é a própria causa de todo brilho, nos olhos, em tudo.
Em Minha Linda, então, o sorriso é o fundamento, a capacidade de rir de quase tudo e emitir luz. O sorriso de minha linda não cabe entre os lábio, deve, sua alegria, extravasar o limite dos lábios em batom.
Gosto dos batons de Minha Linda, gosto da meticulosa elegância em combinar cores, gostos, paladar. Da vida, em sí... Da sua exigência naquilo que deve ou deveria ser. E isso não seria geral para todas as lindas do mundo. Não, minha linda implica num elitismo, numa exigência, numa elegância que seria insuportável em quaisquer outras lindas. Outras lindas devem ser descoladas, a minha não. Deve ser exigente, e é Linda exatamente por isso.
A minha linda é o Louvre. Gosto muito da Feira de Caruaru, do Pelourinho, de Samba, da Lapa. Mas minha linda perderia a viajem em tudo isso.
Afinal de contas, Ela é Minha Linda e, como tal, não poderia ser diferente.

Seu sorriso não poderia ser a seriedade de outras. Seu refinamento não poderia ser a "vulgaridade" de outras belezas. Mesmo a vulgaridade, sem muito tom pejorativo aqui, pode ser
bela.

Mas não, não em Minha Linda.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Um monte de cotovelos...


Os cotovelos sustentam as letras. Os cotovelos sustentam quase o mundo...
Isso pelo seguinte, pessoas alegres se sustentam não nos cotovelos, mas no sorriso, ou naquele sorvete de creme...
A melancolia se sustenta nos cotovelos, e neles mesmos se sustentam a produção das letras. Um pouco por mim, diria, que só escrevo, ou quase só escrevo, baseando-me nos cotovelos.
Mentira? parcialmente mentira, já que digitar com o cotovelo na mesa é impossível... mas vocês entenderam...
Sobre isso de cotovelos e escrita, tem-se parte da incompreessão dos que não escrevem, ou não escrevem tanto em blogs. Uma postagem triste nao quer dizer que ou autores sejam tristes. E um blog completamente alegre quase não seria um blog.
Assim como um caderno azul não seria alegre, nem também um daqueles cadernos de escola, utilizados quase como diário, e que a menina escreve diariamente sobre o menino moreno sentado na primeira fila... E que, coitada, nem dá-lhe bolas!
Ps.: A metáfora dos cotovelos nao é minha, mas da Christine, e não poderia roubar-lhe a beleza.
Ps. 2: Achei que estava faltando um Homem Acotovelando...

domingo, outubro 15, 2006

Azeitonas

Sentia-se só e solitária. O que na verdade são coisas ligeiramente diferentes.
Foi à geladeira como quem procura um abraço. Viu um vidro de azeitonas. Adora azeitonas. Foi sem mudar a fisionomia, mas com alguma esperança. Não conseguiu, no entanto, vencer o pote. Abriu a geladeira e guardou as pequenas esperanças verdes, que não poderiam ser de outra côr.

Guardou-as como quem guarda a sí mesma.

Permaneceu, depois, sentada. Como uma tampa invisível.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A primogênita

Eu diria que o que sou, devo ao desprezo feminino original, inaugural. Não só pela primeira, mas aquelas que se seguiram, durante anos.Esteve ali a minha "salvação", se posso colocar nestes termos.Eu tinha onze anos. Ainda quase usava aqueles bigodes ralos, típicos de uma fase de pré-adolescencia. Estava, na verdade, louco para deixar de ser "virgem de boca", como se dizia...E, numa daquelas festas de interior, festa de padroeira. Festa ótima, onde as várias amigas da prima ficavam de olho nos 'meninos da capital'. Foi ali que aproveitei a capacidade de entrosamente de minha prima e fiz 'as honras' para uma menina mais velha com a ajuda de meu 'primo mas velho', também 12. C. E. Linda, inteligente, simpática, com um belo sorriso. Deve vir dai, quem sabe, o fato de eu gostar de belos sorrisos e cérebros maiores do que o meu. Porque é bem por ai, gosto de cérebros, dentes e alegria... Entre outras coisas...Mas, voltando à primogênita, foi bem difícil. Naquele veho esquema de "diz dizer que eu disse", e que se finaliza com uma frase muito usada por mim: "Estou afim de ficar com você, você está afim de ficar comigo?" hahahhahahhahahaDá-me vontade de rir, ao lembrar dessa frase.E. C. me enrolou por dois dias, se me lembro bem. No final, ficamos em uma rua secundária, com uma amiga dela vigiando a chegada de qualquer conhecido! Afinal de contas, cidadelas interioranas, quase todos conhecemos a dinâmica.E ficamos durante algumas horas, ou sei lá quanto tempo... eu era muito mais abusado do que hoje, caractéristica que inclusive possibilitou eu colocar a mão debaixo da camisa dela, mas apenas tocando as costas! Engraçado isso, que hoje me sinto quase um 'canalhinha' por conta do abuso, que hoje seria quase tão banal! Mas tinha 11 anos, vamos levar isso em consideração... E, levando, acho que 'a menina mais velha se assustou'. E, por isso, quem sabe, desprezou. Foi uma daquelas desculpas: "meu pai ficou sabendo, nao rola mais." Na verdade nunca saberei, já que nunca mais conversei com ela sobre o assunto, mas digo que tomei uma caipirinha, ou capetão, ou algo do gênero. E cambaleei depois de levantar do banco, e chorei num canto qualquer da praça, sozinho.
Nos mais ou menos 7 anos seguintes, nunca tive qualquer "ficante" por mais de 3 encontros. Passava meses sozinho. E me esforecei, cada vez mais, em ser atencioso, já que me sentia mal ao lado dos meus amigos, sempre com muitas "ficantes", e eu sempre o pato feito da turma.
Pensando nisso, é muito engraçado. Hoje, de fato, minha autoestima é realmente grande. São poucas as mulheres que me assustam, que fazem-me sentir completamente impotente, que fazem-me fugir. Sou, quase sempre, hoje, somente parcialmente minguado.
Com a menina precebi que mesmo tendo certeza de que ficaria com ela no dia seguinte, nao há nada no mundo que garanta o desejo, o amigo, o amor, a outra pessoa. É claro que isso é uma implicação lógica complicada, já que era tão novo, e somente fui amar muitos, muitos, muitos anos depois. Não foi, pois, a menina que fez-me entender, mas a partir dela.
Mas foi o início, onde percebemos que, a qualquer momento, sendo não dada uma atenção, podemos perder-nos e perder os outros.

(Esta postagem acabou por ficar bem parecida com uma outra que eu li, mas não foi um plagio. A falta de apreço pode ter uma capacidade pedagógica muito maior do que pensamos.)
Em tempo: os meus amores também me ensinaram muito, e só depois de ser amado é que pude amar. Mas isso é assunto para outra situação.

ps.: meu pc está com problemas, entao, hoje, nada de letras coloridas, fotos, ou texto justificado. Estou sem mouse.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O carinho pode acabar entre 'os seletos', o respeito e a polidez... não.


A paixão é sua guia. Isso é de fato difícil. Sempre quer mais ou menos, é passional, é intensa. Odeia, passa pelos corredores procurando, olha e-mails, olha a secretária eletrônica e sempre verifica se o telefone está funcionado. Fica olhando à espera de uma resposta, precisa saber das horas e sempre acha que existe algo nas entrelinhas.
Ela é pesada, penosa, linda. Sempre quer saber das coisas de modo escancarado. Sempre acha que deixaram de dizer algo. Sempre acha que a odeiam ou amam. Porque ela á assim, ama ou odeia, e se incomoda com o mais absoluto consenso. Não consegue não dar atenção. Não evita a cerveja, quer saber como seus amores estão, quer falar sobre tudo. Quer matar a aula, tomar a tequila e discutir sobre as questões etéreas e vulgares. Ir à sinuca, ao cinema, achar um local seguro para comprar maconha, comprar sorvete, comprar cachaça, tomar chimarrão, fumar cigarros, ler suas obrigações acadêmicas, ler suas obrigações cotidianas; ler as pessoas.
Isso poderia ser um processo: ela tem obrigação com as pessoas. Não nega e não gosta de negações. 'Não me neguem', quase diria, como quem pede para não ser relegada ao passado. Não quer ser o passado, e isso reflete sua incapacidade de lidar com o tempo. Não, não que tenha dificuldade com as rugas, cabelos brancos ou o futuro peito caído - ou melhor, os dois peitos... Tem dificuldade com as relações caídas, com a rotina, consigo mesma, com o tempo que a domina. Ela é improdutiva, não entrega as atividades, não lembra dos compromissos correntes, tem dívidas mais sublimes: com as pessoas.
Ela quer, então, ser cercada. Quer os seus semelhantes e os seu quase semelhantes. Ser cercada por eles, dialogar. Não muitas pessoas, mas as seletas.
Sobretudo, pessoas, ela não gosta do descaso. Façam um favor, se despeçam caso queiram distância. Sejam atenciosos e digam a ela no caso de uma necessária distância, no caso de uma necessidade de descanso para com o perfil tão difícil dessa garota. Não saiam simplesmente. Digam ‘oi’, perguntem ‘como está’, sejam polidos. Ela precisa disso: polidez. Polidez, gentileza, educação e carinho. Ou melhor, não tanto o carinho. Ela resiste à falta de um carinho tópico, determinado. Ela precisa, na verdade, do mais profundo respeito. Respeito e polidez, quase todas elas precisam...

quarta-feira, outubro 04, 2006

Fodam-se

Minha vontade, de fato, é chutar tudo e colocar um foda-se no meu MSN. Mas não, sou muito recatado para isso tudo! E sou muito mal humorado. Tanto que tenho preguiça de minha falta de paciência. Hoje tive vontade de socar um sujeito que furou fila no bandeijao. Tive vontade de mudar de curso. Quem sabe pra algo mais lúdico. Algo na comunicação ou arquitetura, design, sei lá...

Minha vontade é não pensar em nada que me faça odiar meu trabalho e em nada que me faça ter a convicção de milhões de reais do contribuinte mal empregados. Minha vontade é ter convicção de as pessoas sabem para que serve um cientista social. Afinal de contas, todo mundo sabe o que faz um arquiteto, mesmo que ele faça cadeiras ao invez de plantas de casas...
Vou fazer comunicação e me vender a algum jornal medíocre e direitista. Assim nao precisarei pensar. Ou talvez continue nas ciências sociais e comece a trabalhar na acessoria de algum fascista por ai. Nem precisa ser um fascista, pode ser um ruralista que adora dar tiro em sem-terra. Nada que exija consciência. Ai eu arrumo uma loira oxigenada, amantes, carros importados, um filho marginal, sei lá....
Não, melhor não. Vou fazer arquitura e decorar interiores. Dai poderei vestir saias e não preocupar com minhas desmunhecadas esporádicas. Afinal de contas, não fará muita difereça se não sou macho o bastante para achar normal meus grandes amigos serem machistas de merda!!! Minha desmunhecadas poderão até contar como diferencial profissional.
Algo que não me faça pensar em algo que envolva centenas ou milhares de pessoas. Nada de milhões de reais aplicados em um metodologia equivocada, porque imediatista.
Lembrei-me de um piada que adoro, justamente pela idiotice: "Arquiteto foi aquele que nao foi macho o bastante para fazer engenharia nem bicha o bastante para fazer decoração."
E o Sociólogo? Aquele que não foi avançado o bastante para fazer Jornalismo nem conservador o bastante para fazer Direito.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Olhos e elogios

Diariamente leio os blogs ao lado. Um a um. Estes que escrevem não se surpreendem tanto com meus elogios. São de fato tão comuns que alguns nem já os lêem com os mesmos olhos. Parecem, os elogios, não os olhos, firmados em gentileza tamanha que as vezes penso se acaso eles realmente sabem e acreditam no tanto que bem escrevem.
Acho que não. Escrevem de modo normal, sem grandes pretensões. E escrevem, quem sabe justamente por isso, feito grandes poetas. Pergunto-me quantos poetas ficaram escondidos antes dos tempos dos blogs. E que agora se mostram em restritos grupos e escrevem "postagens", nome atual para muitos poemas.
Muitos desses tenho de ler várias vezes, até chegar à mensagem, minha mensagem, de determinada maneira. Os bons textos são assim, têm de ser digeridos, lentamente, gradualmente. Por isso as vezes nem deixo comentários. Acho que não saberia dizer o tanto que alguns textos são bons. Lembro-me de um filme em que o personagem faz um fabuloso discurso que não recebe nenhuma palma. À frustração do personagem, outro acalenta falando de como o discurso não foi aplaudido justamente por ter sido muito emocionante. Algumas coisas são tão boas que não podem ser aplaudidas. Algumas coisas devem reinar um tempo no silêncio.
Minha relação com os blogs é mais ou menos essa: me dão alguma esperança na qualidade de produção artística nacional.
Não estou exagerando nem sendo demasiado gentil. É verdade que muitos vêem meus olhos como gentis, e de fato são, mas meus elogios são verdadeiros.
O problema é que as pessoas me tocam demasiado. Sim, as pessoas são belas... Tão belas que merecem um minuto de silêncio, como uma reza.

sexta-feira, setembro 29, 2006

O pequeno futuro barão


Meu eruditismo é comedido.
Escutando um música do Cordel hoje, ‘o barão nas árvores’, lembrei-me bruscamente, como lembra aquele que perdeu a memória, de uma peça. A história de um filho de barão que sobe em uma árvore. Não verdade não lembrei da história, que era relatada pela letra da música. Lembrei-me da peça, dos bancos de madeira, de uma querida, de um teatro.
Engraçado isso. A lembrança simplesmente veio. Se alguem tivesse me perguntado sobre a peça antes, acho que nao me lembraria. Mas a lembrança veio.

Era como se estivesse sonhando, ao lembrar...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Simples assim...

O que falta a Ela é o 'Sim'. Está verdadeiramente pronta, preparada. Poderia ser a qualquer momento. Um mergulho único, sem bóias rosas nos braços, sem precisar de quinas de piscina, sem escada, sem nada. Somente alguém que diga: 'também vou'. Um 'um, dó-lá-sí, vamos ir'. Já.
Ela precisa do 'já', comprometido com o momento. O 'já' comprometidO com ela mesma.
Isso porque 'ninguém pode ser feliz sozinho e antes um amor que não compensa do que a solidão'. Não tanto quanto defendia o poeta.
NÃO, não.... Não um que não campense. Ele precisa compensar, o amor, o seu amor. Ele poderia até mesmo não se auto declarar como eterno. Mas tem de ter disposição. Isso que ela quer, um amado disposto. Um disposto para se tornar namorado. Um quase eterno.
Isso porque nenhum amor basta. O amor é muito medíocre, muito racional. Ela quer irracionalidade. Quer jogar suas fotos na piscina. As fotos, as cartas, os livros. Todos eles antigos. E, com o novo, pular. Como quem diz: 'vamos, veja todas as minhas cartas, os meus livros. Vamos reescrevê-los'.
Pois na verdade Ela não quer desfazer do passado. Quer revê-lo. No presente, com um novo presente, por um novo presente.
Não, ela não ama, não se apaixona, mas deseja. Deseja-o. Não Ele, O Namorado abstrato, mas ele, o presente e o futuro. Empíricos. Ela deseja a bebedeira, o devaneio, o filme a tarde, a ajuda nas atividades, o sexo profundo, as conversas ao telefone, o café, a cerveja, o cotidiano de ensinamento. Ela deseja anotar tudo que ela sabe sobre sí mesma. Num caderninho. E quando Ele estiver, começar a contar, declarar, explicar, dizer como é. E, sentindo o desejo pelo conhecimento, o desejo por Ela, Ela quereria um homem. Um eu te amo.
Ela é simples assim.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Afinal...

Algo aconteceu com Ela. Subitamente, como tudo em sua vida, que é levada em sustos. De repente.
É claro, os problemas outros continuam. A falta de dinheiro, o trabalho chato, a intelectualidade indefinida, a intermitência entre o sentimento de mediocridade e orgulho.
Mas bolas! Recuperou o sorriso besta, o sorriso ao infinito, a vontade e o pensamento no outro, a esperança, o acalanto. Em uma palavra, quase recuperando a sí mesma, o que é lindo...
Tudo pelo que é lindo, afinal...
Parabéns, menina, pela capacidade de fazer repentes!

domingo, setembro 24, 2006

Duelo


Um dia estava na janela de minha casa e ví uma cena deplorável. Dois grupos de jovens tacando pedras uns nos outros, no meio da rua... correndo para pegar pedras e tacá-las e correndo para se municiarem.
Penso agora no modo como os avanços sociais costumas deixar para trás coisas mais civilizadas, de certa maneira... A violência toma hoje um aspécto de não sabermos o que esperar. Não sabemos quando e como poderemos sofrer violência. Quais são as regras?! E, voltando, penso como fomos 'mais civilizados quando menos civilizados'...
O duelo, por exemplo. Duas pessoas em contenda chegam a "um acordo", tipo de armas, local, data, testemunhas, juizes.
Nada daquilo de pessoas receberem pedradas sem motivo. Uma maravilha! Até lí parte de um livro onde um francês normatiza as regras tácitas do duelo, uma coisa refinada...
Tô até pensando em duelos coletivos, com poponetes (é esse o nome?), placar, sei lá. Coisas mais modernas. De repente rola até de criar um programa de T.V.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Arrependa-se, Menina...

Percebeu. Que já vem a alguns dias, um monte deles, aos que se somam meses, em que Ela não passa todas as 24 horas sem alguns minutos de tristeza. Isso, que pode aparecer como muito comum a alguns, mostra-se a ela de modo surpreendente. Já que sempre foi conhecida, por si mesma e pelos outros, pela marca da felicidade, do otimismo, da 'consciência da boa vida'.
Agora não mais. Não que seja agora triste. Ela não é, mas está (O que incompreensível para os anglicanos). Sempre durante alguns minutos durante o dia fica naquele sentido que sempre maldisse: "lembrando de uma época feliz". Isso! O saudosismo...
Ela nunca gostou de saudosismos e sempre pensava que o momento atual era o melhor. Esquecia seus homens, seus professores, seus amigos perdidos. Não que realmente esquecesse deles e dos anos , como quem joga tudo à lixeira. Não, ela não fazia isso. Mas simplesmente não ficava olhando o passado. Como faz agora. Como lembra dos homens de sua vida e pensa no modo como poderia ter sido ainda melhor.
Para ela isso é o pior. Saber que poderia ter feito mas bem feito.
Menina, arrependa-se de ter amado muito e de ter amado pouco. Enquanto, só, espera o próximo, amor. Também só...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Vida besta...

Com 50 e poucos. Digo poucos porque quase ninguém sabe a idade, não diz. Passa cremes toda a noite, cuida da pele. Um dos poucos hábitos. Outros são os cigarros e a cerveja. Passa os dias assim: escrevendo, lendo, olhando e-mails, limpando a casa, fumando cigarros e tomando cerveja religiosamente após o sol se por.
Olha os e-mails e espera mais uma consultoria, daquelas que a deixa insegura e apavorada, que aparecem de meses em meses. Tem, na verdade, uma vida besta. Com 25 anos de formada e mais de 35 de trabalho, e uma pós quase terminada. E ainda ter de se definir como desempregada.
Não sei lá quantos anos de observação política, iniciada aos 13 em um daqueles partidos clandestinos e lutando contra mais uma daquelas ditaduras latino-americanas. E, justamente pela vida besta presente e passada, nem sequer uma casa própria. Presa numa cidade odiada, sonha com um lugar na terra natal, num daqueles bairros tradicionais.
Voltando aos prazeres, só os cremes, a cerveja e os cigarros. Nem o sonho político mais.
Dos males, a falta de dinheiro, a tosse, a distância, o medo de morrer antes da hora e a lembrança de que a decepção mata. Como matou o melhor amigo, de modo próximo à sua atual situação.
Das lembranças, a de um homem no exterior. O Homem. Aquele que mais lhe respeitou, aquele que foi rejeitado, aquele que dá o nome a todas as suas senhas.
Diria que ela se sente exilada. Exilada dentro de si própria, dentro de terra alheia e dentro de todos os erros cometidos.

terça-feira, setembro 12, 2006

Recato

"O mundo é muito mais água
Do que eu posso beber"
Nando Reis, O Meu Posto.

Bela música. Na verdade, meio baladinha, mas bonitinha, e com uma letra realmente bonita. Tem uma outra parte da letra:

"Não te vejo a metade
Do quanto quero lhe ver"

Diria que nao tenho metade do mundo quanto eu quero ter. Ou melhor, não tenho com metade do mundo. E, com o mundo, perco a fala, a ação. Magoado com ele, perco o sorriso, esboço aquele Gioconda, amarelo, como aquele que não consigo ficar sério, nem tão pouco sorrir, gargalhar. Magoado, é como se fosse a vergonha.

Não magoado, simplesmente gargalho. Ou sorrio. Até aquele sorriso insosso. Aquela falta de vergonha.

E como se o mundo pedisse calma, e a calma fosse minha menor das qualidades, ou melhor, a impulsividade o maior dos defeitos... E o mundo assim pedindo recato, querendo não ser violentado.
Acabo de olhar no Aurélio o significado de recato. Vi dois que me chamaram a atenção.
"1. Cautela, prudência, resguardo. 2. Modéstia, simplicidade. 3. V. pudor (2). 4. Lugar escondido, retirado; recolhimento. [Var.: recado2.]"
O mundo pedindo a modéstia e o meu recolhimento, diria. Mas não. Não posso ou não quero.

Mesmo diante da maior mágoa, não me nego ao mundo. E, me expondo, me arrisco à dor, frequento os lugares, olho as pessoas, faço as perguntas ridículas e me arrisco sempre ao sussurro do mundo:

"- Calma, que mordo..."

E o mundo sempre morde, assopra, indiferenta-se, beija, acarecia, diferencia.

E sempre, depois de uma mordida, maldigo-me, quando recolhido, a falta de recolhimento. Soprado, espero sempre ver outro mundo, Bendigo-me, expansivando-me, a falta de recolhimento.

Enfim, não tenho o menor conserto, só tenho concerto...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Sugestões...

Meninas,

Só não consegui o Mombojo e o Mula Manca e a triste figura... onde consigo baixar??? No Emule só tem o album "Nada de novo", do Mombojo..

E vou atualizar vocês sobre as impressões...

domingo, setembro 10, 2006

Nova fase...

Comecei uma nova fase musical. Não que tenha deixado Beatles e Jethro, mas adoto agora o Nordeste.

Cordel, os dois albuns; Mestre Ambrósio, os albuns Terceiro Samba, Fui na Casa de Cabral, Mestre Ambrosio, 'De Nasarão da Mata Pernanbuco ( é isso?!)'; Mundo Livre S/A, Bebadogroove, O Outro Mundo de Manuela Rosário.

A primeira banda, Cordel, é na minha opinião a melhor banda dos últimos 10 anos.... Fantástica!!!

Conhecer, conhecer mesmo o Mestre Ambrósio, estou a começar agora. Sim, pessoas, já disse aqui que sou muito mal formado... Mas estou à tentar retificar isso, como podem ver... E para deixar mais claro a minha formação musical tardia, o Mundo Livre só escuto pra valer, naquele esquema de pegar os álbuns, agora...

Criei em minha cabeça a idéia de um lindo Pernambuco. Não sei porque, mas mesmo não conhecendo o Estado, fica cá por mim pensando que ele deve ser o celeiro cultural do Brasil..

Eu ia, a propósito, começar esta postagem falando que qualquer renovação na produção cultural brasileira seria guiada pelo nordeste. Mas acho exagero. Não há no nordeste, assim como não há no sul, no sudeste, no centro oeste ou no norte, qualquer coisa que os coloque de modo superior aos outros estados... Mas diria, com segurança, que se o nordeste não deve guiar, deve, ao menos, contribuir essencialmente à renovação da cultura popular brasileira.

Nao sei se é o que mais me apetece, mas digo da essencialidade do nordeste porque vejo o que há de melhor em música. E isso, repito, baseia-se profundamente em achismo. Não é uma pesquisa sistemática. Afinal de contas, o mais ao norte que eu fui, foi Prado... Bahia, aos 11 anos...

É, crianças... Sou muito mal formado e mal posso esperar para ir à Pernambuco. Nem sei o porque. Deveria perguntar aos membros do Cordel, do Mundo Livre, do Mestre Ambrósio, da Nação Zumbi ou a quem??? Quem sabe perguntar à Pastoril do Faceta, ao tipógrafo Antônio José de Miranda Falcão (fundador do , jornal mais antigo do Brasil (1825) ou ao conde João Maurício de Nassau (abaixo)...

Não, não, a esse não... Afinal de contas ele foi um burocrata. Estamos a falar de arte e comunicação...

Salve Pernambuco!
(A propósito, qualquer sugestão musical relacionada aos estilos supracitados será bem vinda...)

domingo, setembro 03, 2006

Parentesis

A situação no Brasil está tão dificil, tão dificil..., e somos tão mal administradores das coisas públicas que bastou um brasileiro ir ao espaço para perdermos Plutão.

sábado, setembro 02, 2006

Bate-estaca

Querido diário,
Desde os idos de 1994, então com 12 anos, até meus 17, eu tinha o costume de ir em buate de música eletrônica, até então reconhecida por mim e chamada por meus 'coleguinhas' e 'colegões' de musica 'underground', não sei porque diabos...
É claro que a principio era uma matine que começava na tarde de domingo. Acabei de pensar, e é engraçado, como o dia só tem 24 horas a partir de uma determinada idade. Eu nunca poderia, pelo que me lembro agora, pensar que ir à Arena (A melhor pista das Amérias, heheheh) às 17 horas. Não, eu ia 5.... E as 10:15, no máximo, e não 22:15, estava em casa.
E, depois de muito tempo sem escutar um bate-estaca, anos, alguns anos...
Fui à 'Singles', ali no Lourdes. Como meu amigo 'prayboy' estava com convites off-off e numa recem solteirice, não pude recusar.
Estava antes na Federal, e fui direto. Pensando que ontem foi sexta, e que teve uma série de lugares com vinho de graça e cerveja barata, e pensando que eu nem cogitava a possibilidade de sair depois da facu, e pensando que fiquei em reuniao de 14:00 às 18:30, e pensando que meus allstar nao sabiam nada de necessidade de se arrumarem mais, digo que não estava o "tipo-ideal" de quem vai à uma buate. Desculpa esfarrapada, meu negócio é buteco e bar de rock, mas, enfim, chega o ramiro completamente out'sider.
Minha primeira impressão foi que estavam me roubando. Pulei de 1,50 numa skol no D.A para 3,80 na buate.
Minha segunda foi o vislumbre de como todas as garotas eram iguais. Mesma maquiagem, cabelo, sapatos, roupas e aquele detalhe vermelho na bochecha. Quase me esquecia, todas absolutamente maravilhosas. Lindas mesmo.
Consegui observar no máximo 10 mulheres muito feias.
As outras eram distribuidas entre bonitas, muito bonitas, bastante bonitas, bonitíssimas, maravilhosas. Sendo que a curva de distribuição tendia muito à direita.
Mas diria que nos últimos anos tornei-me um homem muito dificil. Não, não, não me entendam mal (ou bem), até ficaria com uma daquelas meninas. Gosto de beijar na boca. Mas elas não me chamavam, realmente, à atenção.
Se nao consegui contar 10 muito feias, não consegui chegar a 10 mulheres que realmente me causariam um ímpeto. Sabem das belezas que não acompanham um brilho? Não eram meu tipo de mulher. Aprendi a sair sem pensar, compulsivamente, em 'pegar a mulherada'. Será isso um mal sinal? Ontem esse meu amigo, que conheço a 14 anos, comentou:
"Pô, Ramiro, não é que você nao virou gay?! Poderia apostar que isso ia acontecer."
Não se preocupem, nesse mundo se perdoa muita coisa... ;)
Passei a noite dançando, como nem sei se já havia feito antes. Aproveintando o bate estaca a noite inteira, até 5 da manha, a primeira coisa que eu fiz hoje foi colocar meu querido Jethro Tull-Aqualung.