domingo, julho 23, 2006

"Ensaio Sobre a Lucidez"

Sobre lucidez V - Ato final
Isso já tem alguns dias. Chorei pela primeira vez lendo um livro. Nem sei na verdade se poderia ser definido como choro, algumas poucas lágrimas. Dentre os vários livros de José Saramago lidos por mim da primeira à última pagina, e diria que não foram poucos: 7, foi este do título o que mais me emocionou.
E este foi um belo livro. Fala sobre lucidez e sobre a maneira como nada no mundo, digo Nada, passa sem conseqüências. E a conseqüência da lucidez também veio... Mas isso guardaria, de modo geral, para aqueles que tenham o interesse de ler. Não contarei o final da história.
Se bem que, num mesmo livro do Saramago, tem-se uma frase que é mais ou menos assim: “(...) perdoem-me os leitores se contei o final da história. Mas isso pouco importa, na verdade. Todos nós sabemos como acabará a vida, com a morte, e nem por isso deixamos de viver” Claro que ele foi mais poético do que eu, é o que o Nobel credencia. Mas a idéia da frase é esta, com mais ou menos palavras.
E diria, José, que a vida é relacionar-se. E os relacionamentos acabam... e sempre nos mudam. Como a vida é uma só e nada podemos levar dela, o que nos resta é levar o que aprendemos de uma intermitência à outra. Afinal de contas, a “solterice” é só uma intermitência... E pra mim sempre foi intermitência entre uma mulher maravilhosa e outra.

domingo, julho 16, 2006

Sobre Lucidez IV

Bem acreditei que a próxima postagem dessa série seria para concluí-la, mas não, mas ainda tenho algo mais ou menos preparado para a conclusão...
Mesmo que se onipotente e faça com o meu belo personagem o que bem entendo, ainda não tenho tanta dimensão de Seu caracter e o Dela, assim como preciso de um determinado distanciamento do relacionamento entre os dois.(isso mesmo, relacionamento entre. Todos os relacionamento são entre. não são “do”. não é relacionamento dos Dois...!)
De facto, como pode parecer, eles possuem uma determinada independência. E nesta independência descobri um pouco do que se passa com Ele.
Inventei até um termo pra definir melhor: Relacionamento Biscoito. Acompanhem meu raciocínio: biscoito é bom. Diria que por vezes é melhor do que um belo almoço. É bom se fartar de biscoito, os salgados e doces. Mas, como o Ministério da Saúde Adverte, o biscoito não deve ser a única fonte nutritiva. Tem-se de buscar algo a completar...
Não que um relacionamento possa ser somente biscoito, ou que o seja igualmente para os dois. O que pode ser relacionamento biscoito para um do casal, para outro pode ser um jantar com vinho e velas...
E não também que este tipo de relacionamento seja todo ele biscoito, relacionamentos se tornam biscoitos. É esse o grande problema. E como eu disse de para um ser biscoito, para outro não; digo algo relativamente dramático.
Nosso personagem se sente um grande biscoito. Passou, mesmo que durante pouco tempo, a não nutrir mais. Virou insosso. Não só um grande biscoito saboroso, mas sem sal, sem açúcar, enjoativo. E como não se pode viver só de biscoito, buscou-se uma bela refeição. E com uma dor que somente os quitutes sabem, Ele percebe que não deseja mais ser um petisco.
Mas não que ele ache ela uma glutona. As cousas perdem ou modificam o sabor. Simples e triste assim...

Ps.: Como tenho o dicionário virtual do Aurélio Buraque de Holanda, coloco uma definição:

Quitute - [De or. obscura.] S. m. 1. Iguaria saborosa, preparada com esmero. [Sin.: acepipe, petisqueira, pitéu e (bras.) paparicho, quitute.] 2. Fuzil (4) para ferir lume na pederneira. 3. Fam. Indivíduo ridiculamente pretensioso.


Colocaria a de sabor também, mas é uma definição longa. Longa e bela...

sexta-feira, julho 14, 2006

Sobre Lucidez III

Hoje nosso personagem está particularmente triste. Dores de afeto. Apercebe o carinho e o pouco zelo. Paradoxalmente.
Pede desculpas às mulheres que pôde ter magoado involuntariamente. Isso de fazer magoar é no mais das vezes involuntário, em cada um dos personagens, e cada um de nós. O que não nos justifica, claro está.
Isso mesmo de pedir desculpas é quase como uma reza. E colocado assim impessoalmente, como as rezas muitas vezes o são, pediria por um deus onisciente que vá a calhar o pedido e a redenção. Como Ele não é lá muito bem chegado a deuses, muito menos naqueles que tudo sabem, quase ficaria ali, “a deus dará”. Se não fosse por mim, é claro, que, por o ter criado, tenho todo o direito de ser seu próprio Deus. E como sei da estória, transmito os votos.
Cumpro cá o meu papel.

quinta-feira, julho 13, 2006

Sobre Lucidez II

Uma das maiores dificuldades depois de um longo relacionamento é a lembrança, ou poderia dizer, o suvenir.
Ele, no dia do término, foi ao dermatologista. Não que isso seja um fuga do assunto. Tratou-se de verrugas, queimadas, muitos sabemos, com água a -20c, ou sei lá. Queimou-se três, duas dentre as quais distribuídas em cada mão. Com elas mal pôde fazer os últimos carinhos.
Não teve, de fato, nosso personagem, uma boa noite. Com frio, com dores de queimaduras e, finalmente, com dores de afeto.
Teve, no dia seguinte, de tratar de suas verrugas; de lembrar o quanto mudou seus tênis; novas músicas; uma foto belíssima que permanecerá no quadro; um perfume; um livro de seu autor preferido, que não pode ser lido de pronto; sonhos cosmopolitas; e-mails aos montes; Ele mesmo. Não, não que Ele se veja como uma "lembrancinha", ou que tenha sido um objeto. A questão é que Ele mesmo tornou-se outro, e esse jamais sumiria por completo. Por isso não poderia fazer muito mais do que aceitar. Como os gregos, simplesmente aceitar. A lembrança não estaria nas coisas, mas nele. Onde quer que fosse.
E lá está ele, com uma dificuldade enorme de tirar os bandeides da perna cabeluda.
Isso dói bastante, meninas.
Vocês sabem...

quarta-feira, julho 12, 2006

Sobre Lucidez I

“Quando não há mais assunto, não há mais relacionamento”. Não conversavam há algum tempo. Não, é claro que conversavam, mas aqueles desagradáveis momentos de silêncios eram cada vez maiores. E, humano que era, Ele sempre pensava na melhora, na fase; protelava, procrastinava o fim sonhando ainda com um uma possibilidade. Mas mesmo sonhando, apercebia da condição “relacionamental”. Não estavam bem.
É claro que poucos poderiam perceber. Somente os dois não seriam pegos realmente de surpresa. Os relacionamentos têm disso; há todo um mundo somente entre duas pessoas, as outras ficam com impressões, como as moradoras da caverna de Platão. Não se podia saber de tudo realmente o que havia entre aquele casal feliz. Não entendam isso como uma ironia completa, não que fossem infelizes, mas eram menos completos e despidos de problemas do que poderia parecer.
E Ele ficou triste, mas sem sofrer tanto. Pensou que era cedo para desgastar, não muito tarde para terminar. Ficou triste porque esperava e queria mais. E teve claro que não poder-se-ia insistir. Só poderia ser pior. Seria melhor sair enquanto se gostavam, enquanto se respeitavam, enquanto poderiam ver a felicidade passada. Agradeceram ao público. Abaixou-se à cortina. Escutaram os aplausos e ficaram felizes de ter sido um maravilhoso espetáculo.

segunda-feira, julho 10, 2006

Se Dane

Eu, eu, eu, Zidane se fudeu! Eu, eu, eu, Zidane se fudeu!
Ou então... Ô, ô, ô Zidane se queimou!! Ou então...
Ou, ou, ou, Zidane zi danou...
fora os trocadilhos infames, foi isso que aconteceu. Com tudo para fechar com chave de ouro sua carreira, Zinedine Zidane (sim, tive de olhar num desses glogs de esporte o nome completo dele) pagou caro por sua perda de controle. E achei que veio bem a calhar, mesmo que Materazzi (tambem pelo site...) seja conhecido por ser um jogador sujo (sim, outra informação colhida no blog da placar, não entendo tanto de futebol assim..!), não se justifica uma agreção. Não é o caso, é claro, de resumir 16 anos de carreira (muito ultil o blog...) numa perda de controle, ele é um grande jogador e não preciso de internet para saber disso. Mas que merda é essa, vamos passar a justificar uma agreção por insultos à família e "apertadinhas nos mamilos"?!?!
De qualquer maneira, torci, de fato, pela Itália. Mesmo porque ganhei uma camisa da italia na minha festa de aniversário sábado (obrigado pelo carinho de todos). E além do mais posso justificar com a conveniência de diminuir a hegemonia do brasil no futebol mundial... "Tudo pela arte".

terça-feira, junho 20, 2006

Vontade política 1


Um diálogo em uma aula quase formada com um professor bastante citado:

(Depois de uma análise sobre poluição hídrica e sobre a necessidade de tratar a agua e os rios...)

Professor - Então, gente, porque se polui tanto a água, os rios?
Período de silêncio característico nestas circunstâncias...

Aluna - Os políticos, quando não são donos de empresas despoluidoras de rios, são amigos de donos de empresas que despoluem. São, então, beneficiados com a poluição e, posteriormente, com a despoluição... Além disso, despoluir água não dá voto!

Professor - Sim, é claro que tem essa circunstância de corrupção e oportunismos entre os representantes. Mas temos de pensar em uma outra causa, a falta de vontade política. Não há vontade política. É esse o problema!

Vontade Política - 2

Fiquei impressionado pelo diálogo acima. É claro que ele não aconteceu daquela maneira organizada, com virgulas, tal como um romance. Mas o conteúdo foi aquele. E foi justamente o conteúdo que me impressionou. Existem alguns sensos-comuns dentro da academia [não na de ginástica, ou melhor, nessa também] que me causam náuseas. Um destes é o tal da "vontade política - V.P", parece que com vontade política se resolve tudo.
No caso do diálogo, a V.P está associada ao fato dos políticos serem oportunistas corruptos e/ou de escolherem aquilo que dá mais voto.
Então, voltando à V.P, é como se os representante tivessem sobre uma mesa as opções de políticas a serem postas em prática. Dai, com um calculo racional de quantos votos eles ganhariam com as respectivas opções, lhes afetaria uma vontade de por em prática uma política ou não.
É como se numa dada sociedade não houvesse várias divergências sobre o que deve ser feito. Como se os próprios técnicos que formulam políticas tivessem um consenso sobre o que deve ser feito. Como se a própria ciência fosse absoluta, plenamente calculável e impressionantemente translúcida. Como se os próprios eleitores tivessem uma visão clara sobre um "punhado de coisas" e esta visão fosse facilmente captada pelos representados. Como se os jornalistas concordassem sempre com aquilo que deve ir a público. Como se os políticos estivessem às suas mãos plenos poderes de optarem por políticas que bem lhes dessem à telha. Como se dinheiro para políticas desse em árvores.
Mas simplesmente não fazem nada. Simplesmente por isso. Por falta de vontade política.
É claro que não desconsidero o fato de existirem políticos corruptos, oportunistas; não desconsidero que os políticos, como as demais pessoas, fazemos opções calculadas, racionalizadas. Claro que sim.
Mas restringir as coisas da vida à falta de vontade, mesmo que à política, é muito pra mim...

quinta-feira, junho 08, 2006

E há muita vida fora da ciência...

Sobre o desconhecimento tácito da vida, ou melhor, na vida, é mais ou menos assim: por mais que alguns podemos querer saber, há sempre algumas coisas que passam despercebida, coisas que não são ditas, ou se são, passam como se fossem outra coisa.
O que deve ser questionado é a atitude. nos quedamos a uma contemplação do insondável ou tentamos compreender algo?
Por forma de vida, prezo pela segunda opção. Mas é difícil, de tempos em tempos me defronto com as mais profundas certezas...
Mas o que poderia fazer, eu que me empenho na vida acadêmica?
Penso, então, num seguindo axioma:
A vida é um desconhecimento tácito;
e a ciência, um desconhecimento explícito.

quarta-feira, junho 07, 2006

Um Axioma

A vida é um desconhecimento tácito.

terça-feira, junho 06, 2006

Sexo. Primeiro ato...

“Duas meninas”. Uma de 16, que é a personagem importante aqui, e uma outra de não sei que idade. As duas em férias na praia. A personagem estava a usufruir de sua plena liberdade, transando com quem bem entendia na casa em que as duas estavam, sozinhas.
A de 16, há algum tempo que estava na praia, já estava sem dinheiro, ou é isso que se alega. Então porque não pensar: “já que estou transando com ‘estes meninos’ de graça, porque não cobrar?”.
E passou a cobrar. É claro que o oral era mais barato, mas ‘os meninos’ logo cediam diante de uma outra opção.
A menina terminou as férias transando com quem queria, algumas vezes duas transas por dia. E juntou um bom dinheiro.

Sexo. Ato número dois...

Se fosse para eu indicar uma trilha sonora para a história baseada em fatos reais acima, eu indicaria, provavelmente, algo como “o melhor do carnaval 2006”, aquela trilha com a melhor do funk e o pior do Axé...., se é que você me entendem... Se não, é o seguinte: ao contrário do funk, o Axé nem sempre prima pela fulgaridade. O funk não, ele prima pela vulgarização do sexo. Tendo como base pelo menos esse funk-pop, para quase inventar um conceito. Esse funk que escutamos nos grandes meios de comunicação de massa.
Não que eu seja necessariamente contra a venda do sexo. Isso eu digo no sentido de não acreditar que suas mulheres (ou homens, não esqueçamos os michês) são “de vida fácil”. Não posso simplesmente achar que os profissionais do sexo são de “pouca vergonha”, de muita opção outra, ou de qualquer falta absoluta de moral, etc.
A questão aqui é outra. É uma cultura de coisificação, que vai muito além das prostitutas de praças e muito aquém das conversas de “pessoas muito mais ilustres”. A cultura de “pegou quantas?”. A cultura da frase de dois amigos meus: “- o sexo pago é o sexo mais barato que existe!”. Sim, é o mais barato se você reduzir um relacionamento sexual a isso, ao gozo, ao orgasmo, à satisfação do desejo e pronto; reduzir os presentes aos namorados, namoradas, companheiros, companheiras, cônjuges e mesmo aqueles parceiros sem tanto compromisso em simples meios ao coito. Transformá-los todos em objetos de satisfação sexual....
E não que eu ache que o sexo só seja possível, necessário, ou desejável de ser praticado sempre com pessoas com quem nos comprometemos e temos um relacionamento. Acho que podemos transar com uma pessoa na noite que a conhecemos e quem sabem nunca mais...!
Entendem? A questão de crítica é aquela de olhar à outra pessoa como um órgão sexual. A coisificação da outra pessoa, o sexo utilitarista, o órgão do outro como um utilitário. O sexo que tenta ignorar a pele, o cheiro, o hálito, o percurso e fixa-se no fim, no gozo, na quantidade. Na pergunta: “E ai, comeu?”.
É a alienação da pessoa que permite o fim da sua liberdade e de sua concepção como pessoa, como indivíduo. É essa coisificação que permite o machismo, a vulgarização, a traição, o destrato, a falta de respeito. Afinal de contas, o outro pode ser simplesmente um órgão sexual, um objeto de trabalho.
O que me impressiona é o adotar da postura pelas mulheres. Como a “menina” de 16, que considerando-se uma coisa, ou seu sexo como uma coisa, se vende. Mas o limite do prazer para a coisificação quem sabe já tinha sido passado. Ou não. Mas sei lá. Deixa a menina, né?! A vida é dela.
E, afinal de contas, se ela já estava dando daquele jeito sem cobrar, porque não cobrar?
Eu não cobraria pelo desejo de não transformar-me em uma coisa. Um objeto. Afinal de contas, embora as piadas de homens o digam, não sou somente um pênis. Mas sou um homem. Ou justamente por não ser somente um pênis, posso dizer que sou isso, um homem.

quinta-feira, junho 01, 2006

Enfim

Enfim aprendi a colocar os links. E mais: sozinho! Tive até uma certa vergonha.
Afinal de contas, preguiça mental é uma coisa horrenda!!
Um abraço a todos que torciam por mim!

quinta-feira, maio 25, 2006

Grandes cidades, veredas

Mamae chegou de viajem. Muito embora não tenha ficado com muitas saudades - ainda estava aproveitando a tranqüilidade de casa- foi bom. ela me lembrou que tinha maçãs na geladeira e evitou que seu filhinho saísse de barriga vazia à aula...
Antes de pegar o ônibus, fui ao laboratório pegar um exame feito a duas semanas. Fiquei meio decepcionado. Estava esperando taxas enormes de hormônio masculino, dado que sou macho pra caralho. Mas não, estava na média - pelo menos segundo aqueles valores recomendados que vem no exame. é bom existir esta faixa no exame, assim posso especular, enquanto não vou ao médico, (1) se sou menos macho do que penso; (2) se penso mais do que sou macho; ou (3) se o problemas estão relacionado a uma falta de diálogo entre meu ego e minhas glândulas.
Chegando ao ponto de ônibus, perdi o primeiro, que estava completamente vazio. Pude vê-lo quase como dando um "tchau". Peguei um outro que, logo depois de eu conseguir sentar, quebrou.
Quando quase chegando à faculdade, escutei um homem, de meia idade, repetindo uma frase semi-incompreensível. As únicas palavras compreendidas foram "grande sertão veredas". Fiquei, inclusive, pensando no livro clássico, fundamental a qualquer intelectual que se preze e que, a propósito, não li. Vi, logo no atravessar da rua, um morador de rua vomitando um líquido verde, de cor estranha e denotando uma situação tão nojenta que não pude parar de olhar.
(lembrei, na hora, da época em que tomava vinho vagabundo todas as sextas e sábados e que ainda pensava em fazer direito e andar de Armani, já hoje abandonei a idéia de fazer direito... Já com relação ao Armani, quem sabe...)
Estive pensando, depois, que hoje existiria muito menos veredas; como se as coisas estivessem muito mais explicitas e os caminhos, muito mais determinados. Como se poucas coisas se escondessem aos nossos olhos e como se o mundo não fosse muito mais do que algo patente.
Fiquei nesse pensamento até quase ser atropelado em uma rua de mão dupla. Não sabia que aquela rua do centro era de mão dupla embora já a tenha atravessado dezenas de vezes. Tenho dificuldade de atravessar ruas de mãos duplas, já que dificilmente olho para os dois lados.

terça-feira, maio 16, 2006

Mensagem de Natal

Assisti hoje a um filme: A Felicidade Não Se Compra, 1946, Frank Capra (It's a Wonderful Life). Ao terminar o filme, lembrei-me de outro: Um homem de família, 2000, Brett Ratner (Family Man). Este último com a interpretação do Nicolas Cage.
não que fossem filmes parecidos em mensagem, ao contrário, têm valores completamente distintos, mas se passam com o mesmo fundo de roteiro: natal, os personagens "vislumbram" como o "mundo" poderia ter sido diferente se tivessem tomado atitudes outras.

No primeiro, a história é de um filho de banqueiro, George Bailey (James Stewart), cheio de vontades de sair de sua cidadezinha norte americana. E sem conseguir, já que sempre tenta ajudar os outros e acaba "se anulando". Uma imagem de solidariedade e de pouco individualismo. No final, o personagem percebe que é feliz com sua vida normal, vários filhos e uma esposa, percebendo que o melhor é ter amigos e uma família, o que foi, inclusive, a mensagem de seu anjo da guarda, que o fez não suicidar-se em um momento de dificuldades, no natal.
no caso de Nicolas Cage, é o contrário. ele, um grande executivo feliz com sua Ferrari e com sua vida de trabalhar no natal, acaba por visualizar como sua vida seria acaso ele tivesse permanecido com sua antiga namorada e desistido de investir em sua vida profissional. no final do filme, ele acabou por ficar com sua antiga namorada, sem filhos, ambos muito bem profissionalmente, obrigado.
enquanto que para o filme de 1946 o personagem viu que sua vida sem grandes fortunas foi uma vida boa; no filme de 2000, o personagem não ficou infeliz por ter investido em sua carreira, mesmo porque também o vez sua antiga namorada.
o ponto dos dois filmes norte americanos é o inverso embora partido do mesmo ponto. o ponto de partida é a "reflexão natalina" de um suburbano solidário e de um executivo individualista de Manhattan. o ponto de chegada é a vitória da solidariedade suburbana e da família liberal no primeiro e a vitória do investimento na carreira e do individualismo norte americano, no segundo.
O interessante é quando se pensa nos valores transmitidos pelo cinema. No primeiro filme a solidariedade, a família, os amigos e a vida ordinária (no sentido de normal, de comum) dão o tom de como deveria ser a vida de um americano de sucesso. No segundo, a competitividade profissional, o individualismo e a Ferrari conferem o carácter de sucesso ao personagem principal que, de quebra, ainda pegou a personagem interpretada pela belíssima Téa Leoni, e sem ter de aturar crianças.
E nessa de ser solidário ou ser individualista ambos os personagens transmitiram a mensagem de natalina.

terça-feira, maio 09, 2006

A decadência de uma grande estrela

Fique impressionado hoje. E foi um susto repetido. Estava, logo cedo, a ver Xuxa e pude, drasticamente e subitamente, visualizar a decadência de uma “grande estrela”.
E foi um déjà vu. No carnaval mesmo, ao ver o Carnaval da Band, pude verificar a Xuxa e a Xaxa (ta bom, Sasha...) em cima de um trio elétrico e a mamãe a cantar junto à Ivete Sangalo. E a cantar suas próprias músicas, Xuxa demonstrava o tanto que perdeu, ao longo dos anos, sua capacidade como cantora. A Rainha dos Baixinhos não conseguia afinar uma frase! Para quem me conhece sabe o absurdo; mas até eu seria capaz de, com um pouco de treino, cantar melhor que a minha rainha! (sim, minha rainha. Afinal de contas, sou um “1.6m”...)
Então veio o déjà vu: vi um quadro em que a Xuxa e sua filha entrevistavam uma atriz. Fiquei estarrecido. Não sabia que, além de ter perdido a capacidade de canto, tinha Xuxa empobrecido. Que triste isso! Minha mãe já passou por isso, ter que levar-me ao trabalho por não ter com quem deixar-me e não ter dinheiro para matricular-me em uma escolinha. Acho que, pelo menos, a Globo deveria criar um berçário e uma escolinha para que seus funcionários tivessem onde deixar seus filhos.
Rolava até de criar uma daquelas correntes para ajudar a Rainha a ter onde deixar a Xaxa...

segunda-feira, maio 08, 2006

Cuba em 80 minutos

Assinti ao Suíte Havana [2003]. Bom filme onde 10 "personagens reais" tem um dia típico de suas vidas retratado em um documentário de 1 hora e 20 minutos - sem diálogos. O som do filme é o de colagens de sons do cotidiano, o som de carros, de máquinas da fábrica de perfume onde uma personagem trabalha, o som do hospital, o som da escola; esses sons formando música. Além dessa "Música Cotidiana", temos uma trilha sonora realmente bacana. Em suma: um filme emocionante.
Logo depois do filme eu entrei em sites de cinema, e alguns deles tinham comentários sobre "Suíte H.", comentários no mais das vezes analisando o regime cubano. Aquele velho esquema de defesa e ataque. Alguns falando do "sofrimento do povo cubano", "imerso na miséria"; outros falando do "acesso à cultura e do embargo norte americano causador das mazelas em Cuba".
E isso é engraçado. Não, não as mazelas de cuba, mas a capacidade de fazer generalização de Havana para toda Cuba através de um documentário de 80 minutos, e sem diálogos. E as análises de cuba formavam verdadeiros debates entre uns que defendiam e outros que acusavam "cuba, Fidel e o socialismo", parece que esquecidos de comentar mais especificamente do filme, do roteiro, da fotografia e do diretor, Fernando Pérez.

sexta-feira, maio 05, 2006

...

Por vezes dá-me uma vontade de chorar que nem sei bem. Quase sempre por quase nada, aquele quase de não conseguir relaxar. Nada de se deixar levar. E essa impotência, essa incapacidade, esse não sei bem o que... todos sentimentos contraditórios, vontade de fugir. E essa vontade vem de não querer falar, não querer ser um chato, não querer dizer “não sei”, “não estou certo”. A contradição entre aquilo que nos ensina o mundo dicotômico do bem e do mal, do amor e da paixão e aquilo que é a mais absoluta verdade e, simplesmente, existe. O número 3.
Falando em número, é uma esperança que todo essa insegurança seja somente Inferno Astral adiantado algumas poucas 3 semanas.

quinta-feira, abril 06, 2006

Moedinhas

" (...) não se ama mais ou menos, se ama em condições diferentes."
Não sei, isso me parece muito relativismo. Isso não resultaria em "amo todos", já que não se pode quantificar...? É claro que o amor aos parentes é diferente ao amor aos amigos, ou ao chocolate. Mas amo mais um amigo (específico) ao outro, mais ao chocolate Doce Cacau que aqueles em formato de moedinhas... (sim, eles ainda existem)
Não acho... creio de fato que os amores são diferentes não só qualitativamente, mas também, possivelmente, quantitativamente. De fato creio que seja possível amar duas pessoas, uma tanto quanto a outra, quantitativamente amadas. Mas não quando quanto a outra, não da mesma maneira, não qualitativamente iguais....
O amor qualitativamente diferente é um fato, mas o quantitativamente nem sempre. E é importante frisar que o “nem sempre” deixa uma margem grande de incerteza... Posso amar uma pessoa tanto quanto a outra, mas ainda posso amar uma pessoa muito menos que a outra, ou pouco menos, ou quase, quase, quase, quase tanto.

terça-feira, abril 04, 2006

Sem interrogações

É como que uma obrigação de algo dizer. Como no incomodo do silencio, onde mesmo que nao seja uma situação indomoda, anda resta a dúvida se o silencio é por nao ter o que dizer ou o de muito já ter dito. E isso faz toda diferença.
E então fico, na obrigação de dizer. Talves um "eu te amo", ou "eu te amei", "prometo que te amarei", "te amarei eternamente". E ter certeza de ser esta mais absoluta mentira. O eternamente...
(Aliás, por uma questão lógica: como o "te amarei eternamente" pode ser a mais absoluta mentira(interrogação). A mentiria mais absoluta não seria a mentira perfeita, repleta, eterna(interrogação). Entao mesmo o meu amor eterno pode ter alguma esperança... não, isto nao é retórica! Pelo menos não o é de modo tão fazio... A promessa, ou certeza, ou sentimento de amor eterno é tão leviano quanto o de amor absolutamente passageiro; não se pode ter certeza, e pela incerteza reinante, pode-se agarrar tanto em um quanto em outro. Ou, de uma maneira inversa, poderia dizer, agarrando-me em alguma forma de vida oriental, que, sendo as duas formas levianas, o importante é o meio termo. Mas isso já é outra história)
Mas podeira dizer qualquer coisa. quem sabe sobre a converça das outras pessoas, teorizar sobre o BBB, falar sobre o presidente, sobre o PT, sobre a carencia de líderes, sobre a vontade de "tirar autas e parar de brincar"... E todo isso para não ficar calado, para ter o que dizer, para não se sentir um chato, um desinformado, um medíocre.
Tudo isso para ter algo de interessante pra dizer, assim como outras pessoas. Só para sentir-me menos vulnerável do que eu mesmo...
ps. 1: devido a restrições orçamentárias, faltam acentos no texto, alem do sinal de interrogação. Entenderam(interrogação)
ps. 2: Durante a elaboração do texto, deu-me uma vontade louca de cometer um assassinato à língua. cometo então: cilencio. que sonora esta palavra com o "c".... e sem acento....