quarta-feira, janeiro 31, 2007

Quando você é uma sementinha....

Te guardo no travesseiro. Sabe, como o dente para a fadinha?! E te guardo junto com uma bala, daquelas de goma e bem coloridas. Amarro você ao com seus próprios cabelos, um fio ou outro... nada de mechas.
Enquanto durmo, ponho a mão, fico com os dedos juntos a você, te guardo como uma concha à pérola; e o calor, por baixo dos travesseiros, faz com que eu agüente o sem jeito dos braços, que doem um pouquinho...
Se você não fosse assim, tão pequenininha, por debaixo do meu travesseiro, quase acharia que o sono vem como minha cabeça no seu colo...
Mas não é verdade, que você está tão longe que não poderia ficar abraçado. Posso somente guardar entre minhas mãos e sentir seu cheiro.
(Sabe aquelas sementinhas que podem ser postas no travesseiro e fazem dele um enorme perfume macio?) Pois é...
Você faz meus sonhos terem cheiro... E acordo de manhã e você está lá. Pelo cheiro em minhas mãos....

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Diagnóstico: hiperativo mental com sérios riscos à sociedade...

Tem momentos que penso ser um hiperativo. Não daqueles que não poderiam ficar de frente ao mar, olhando o pôr do sol. Posso ficar durante muito tempo assim, ou olhando as estrelas.
Minha hiperatividade seria mental. Penso muito. Dezenas de coisas, se não simuntâneamente, umas por trás e por frente das outras.
Sou um tímido introspectivo nos próprios pensamentos. Sim, bobagem! Tenho, na verdade, uma vontade de falar com todos, como se mostrasse ao mundo: "Penso". Sou um megalomaníaco que pensa ao mesmo tempo nas próprias (im)possibilidades. Nas mulheres da minha vida, nos países em que morarei, na carreira acadêmica e em quais liguas seriam minhas prioridades de aprendizado.
Sou um canceriano que, como tal, pensa no passado. Sou um aflito pelos erros cometidos por mim. Um Don Juan de araque que se julga responsavel pelas amadas e pelo o que elas pensarão dos homens depois de mim. Sou um orgulhoso que gostaria de ser considerado um homem diferente (leia-se perfeito).
Mas nao se animem, meninas, que sou iguais aos outros, e morro por isso.
Sou a exigência em pessoa. Exijo os poucos comportamentos que acredito serem, de fato, imprescindíveis: não jogar lixo na rua, ser leal com as pessoas, jogar a vida de modo aberto e, senão o sentimento de compaixão, que é muito cristão para mim, pelo menos o sentimento de olhar. olhar para as pessoas. Dizer o que se pensa e pensar nos outros.
E o desconforto disso vem do fato de que nao se pode descuidar: um único momento de cegueira pode ser fatal para aquele que se acha um "paladino". E todo "paladino" está fadado à um momento de frustração. É a questão de pensar. Quando se começa a pensar, nao tem volta. Quando se começa a ser exigente com as ações próprias, nao tem retorno. Todo cuidado é pouco.
Na verdade, nao gostaria de ser diferente. Um pouco menos arrogante? Talvez.
O problema da arrogância é que ou ela coloca os outros como desviantes, ou nos coloca a nós mesmos...
Sim, um pouco menos arrogante. Pensar menos que eu poderia ter sido melhor. Porque sempre se pode ser melhor...

terça-feira, janeiro 23, 2007

O maio equívoco das mulheres é que elas acreditam naquela história de que são mais frágeis e inseguras do que os homens.
A fragilidade e a insegurança é a real Unidade Psíquica do Homem...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Duas

Buena Vista Social Club
Composição: Eusebio Delfín

En el tronco de un árbol una niña
grabó su nombre enchida de placer
Y el árbol conmovido allá en su seno
A la niña una flor dejó caer.
Yo soy el árbol conmovido y triste
tu eres la niña que mi tronco hirió
yo guardo siempre tu querido nombre
y tú , que has hecho de mi pobre flor?

Sinceramente? Mesmo? Ainda acho que nenhuma entrega é demais. Que nenhum nome não deve ser marcado. E que toda flor, toda bela flor deve...
Toda bela e triste flor nunca é triste ao ponto de nao ser dada. Toda flor deve... ser dada, para ser bela.
E que a todo nome marcado devemos dar a pequena flor. Aliás, duas. Duas gardênias brancas que dirão...

(Isolina Carillo)

Dos gardenias para ti
Con ellas quiero decir:
Te quiero, te adoro, mi vida
Ponles toda tu atención
Que seran tu corazón y el mio

Eu sempre guardo os nomes e mantenho as flores na água...

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Sei lá, sei não

Sei lá a Vida Tem Sempre Razão
Vinicius de Moraes

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação
Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
A vida tem sempre razão
A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

Em novembro de 2005 iniciei este blog. Na verdade não lembro exatamente como aconteceu, pelo menos com relação ao nome e as datas. Não sei se ele já estava aberto e sem nome; ou se esteve com nome, e ganhou inscrição virtual. Lembro, entretantos, que o nome deveu-se à música, e, retornando agora ao histórico, a primeira postagem foi sobre o samba e a tristeza, ou algo que valha. Fiquei impressionado, na época, com essa música porque sempre a imaginei com o refrão "sei lá, sei não", e sempre achei que essa métrica era a métrica.
Mas não. No filme Vinícius eu vi que um "sei lá" era seguido por outro. Coloquei, então, um sei não. E assim o blog iniciou. Sei lá, sei não.
Hoje minha mãe me disse que tem uma versão dessa música aparece tal como é o titulo do blog. Deve ser com essa versão que conheci a musica a princípio, e assim ficou em mente.
Indo agora ao oráculo, digo Google, digitei o "sei lá, sei não", e ou apareceu uma música qualquer dos racionais, ou apareceu referências ao meu blog. Não tenho dúvida agora, está patenteado.
Escutando a musica hoje, e retornando à letra, chamou-me atenção novamente.

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

Uma coisa termina pra outra nascer. Para nascer em amor, em paixão, como uma lógica fantástica, bela. O nascimento da paixão aparece mais ou menos assim na música. Têm de ser reposta e sempre, ou quase sempre, para não ser determinista, acaba. Quase como o arco-íris.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Arco-da-aliança

Imagina (Valsa sentimental)


Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque

Imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite a lua se apagar
Quem já viu a lua cris
Quando a lua começou a murchar
Lua cris
É preciso gritar e correr, socorrer o luar
Meu amor
Abre a porta prá noite passar
E olha o sol da manhã
Olha a chuva, olha a chuva
Olha o sol
Olha o dia a lançar serpentinas
Serpentinas pelo céu, sete fitas coloridas
Sete vias
Sete vidas, avenidas, prá qualquer lugar
Imagina, imagina, imagina, imagina
Sabe que o menino que passar debaixo do arco-íris moça, vira
A menina que cruzar de volta o arco-íris rapidinho volta a ser rapaz
A menina que passou no arco
Era o menino que passou no arco
E vai virar menina
Imagina, imagina, imagina, imagina, imagina
Hoje à noite a gente se perder
Imagina, imagina
Hoje à noite, a lua se apagar


Ontem vi o arco-íris mais bonito da minha vida. Aliás, eram dois. De fora a fora no horizonte de minha janela. Um acima paralelamente do outro. Daí lembrei desta música. E achei-a mais linda ainda, com suas serpentinas coloridas, sete avenidas pra qualquer lugar.
Deu para entender o que há de onírico com os arco-iris. Nunca consegui antes me imaginar passando embaixo de um, mas ontem... Quase me ideei virando menina, ou achando um pote de ouro.
Ou melhor, achando um parque, com comidas e bebidas, e os melhores de meus amigos, de meus amores, de meu passado.
Seria, ao atravessar aquelas cores, como o paraíso que não posso esperar, já que não creio... Seria uma grande festa, com todas as amadas e os amigos que não se dão, abraçando-se todos, bebendo... Qui ça alguns deles nús, pulando na água... Seria um bacanal completo, sem necessária alusão sexual. Seria a festa do vinho e do pão, do amor e das risadas.
A mais bela metáfora, esse arco-íris. Seria a metáfora de meu passado, que com toda as sete cores abrindo a porta do presente pro passado passar, estabelecer... no luar, meus amigos ficariam a cantar. Seria o melhor do pretérito, transformando-se em presente, sob uma nova forma, já que o passado deve sempre ser passado, embora presente, à sua maneira.
Sob outro aspecto, o passado não poderia ser como o arco-íris, que passa ligeiro. Mas é. É presto. O passado e suas cores deveria se mostrar mais presente. Ou melhor, mostrar-se como presente, e ficar mais tempo. No meu caso, pelo menos, o passado faz-me o que sou. Mas acho que tratamos muito do passado como o arco-íris é tratado pela luz, que só o permite pouco tempo.
O arco-íris de ontem foi tão ligeiro mas tão lindo. E minhas cores ficarão da seguinte maneira: Buscarei tratar o passado no quadro de avisos, com fotos e lembranças. Quero que o passado não seja a "lua cris". Quero que o passado esteja a vista do presente, para que minha cores sempre me lembrem que sou colorido graças a elas. Tentarei olhar meu quadro de cores como um parque.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Tão presto quanto o digitar de um Brijo

Só não te quero um tempo. Um tempo para escrever, para lembrar das quintas, para olhar o calendário, para pensar no quanto te amo.
Só não te quero um tempo, tempo de minhas saudades, aquelas viagens e todos os dias seguintes às bebedeiras titânicas.
Só não te quero um tempo, curto tempo, que provo que te amo, que escrevo meus segredos.
Só não te quero um tempo, que preciso para escrever dúzias de páginas, com letras trêmulas transcritas de última hora em papéis coloridos.
Só não te quero um tempo, que preciso escolher os envelopes, as cores, decidir se vou ao correio e pensar na embalagem do presente.
Só não te quero um tempo, que o tempo é absolutamente necessário, que sou menino sem dotes produtivos, gasto muito papel e sempre rasuro minhas cartas.
Só não te quero um tempo, que preciso de mim para produzir para você. E sobre esse tempo, digo-te: poucos dias para tentar mostrar.
Mostrar que, se não me quero só em tempo algum, e se não te quero só um tempo, e se não te quero só em tempo algum, o tempo que eu quero é para mostrar que, fora ele, te quero toda. Todo tempo e o tempo todo.
E que o tempo que não te quero é tão curto que passa em prestíssimo, ao passo que meu amor por você é grave, e nada melancólico.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Ronin

[considerem issocomo ]
[uma figura de um Ronin. ]
[Não achei algo do gênero... ]
Pior do que o traidor repleto de confiança é aquele inseguro. Do traidor pleno não se pode esperar nada mais. Do segundo, nao se espera, não se julga, nao se considera. Até o momento da queda...
O traidor pleno sabe o que está fazendo e quase não pensar em agir de modo diferente. O outro pode saber ou não o que faz, e se remói por saber um monte de maneiras de fazer diferente. O pleno não se trai, o outro não faz nada além de trair a si mesmo. O primeiro sabe de si próprio, o outro, nem isso.
O traidor pleno sabe da fragilidade do mundo, de sua própria, e justifica seu atos, justifica sua (in)significação. O traidor amador não, não sabe de sua fragilidade, e fala da fragilidade mundana.
Este é frágil, um fraco que mal sai do lugar. Trai-se e pensa em como pôde, como foi capaz. Perde a honra, perde o chão e se sente o pior dos mortais. Isso é o seu orgulho. Aponta aos outros e se pergunta "como são capazes", mas não olha a si mesmo até o momento da falta. E neste ponto vê que o sonho de justeza é tão vão e sem propósito... não obtém a redenção, pois sabe que nada justifica. E que ele nada mais significa.
O outro nasce redimido, não precisa da provação dos outros e se vê como estabelecido na ordem. O inseguro aponta a desordem na sua ordem e se vê, no auto de seu orgulho, como o redentor, como aquele que carrega a bandeira da seriedade. É, no entanto, um paladino pronto à desonra de seu Deus. Um samurai que deixa seu mestre morrer, foge, e permanece vivo. Quando o traidor de si mesmo se vê como tal, perde a sua função.
E, fora dela, nada mais acontece. Perdeu seu propósito e se sente tão envergonhado que não se olha mais no espelho. E não é capaz de olhar para seu senhor caído. É tão orgulhoso de sua espada, que a falha representa um desejo remoto de abandonar tudo, e partir como um Ronin. Sem honra e pelo mundo...