Eu diria que o que sou, devo ao desprezo feminino original, inaugural. Não só pela primeira, mas aquelas que se seguiram, durante anos.Esteve ali a minha "salvação", se posso colocar nestes termos.Eu tinha onze anos. Ainda quase usava aqueles bigodes ralos, típicos de uma fase de pré-adolescencia. Estava, na verdade, louco para deixar de ser "virgem de boca", como se dizia...E, numa daquelas festas de interior, festa de padroeira. Festa ótima, onde as várias amigas da prima ficavam de olho nos 'meninos da capital'. Foi ali que aproveitei a capacidade de entrosamente de minha prima e fiz 'as honras' para uma menina mais velha com a ajuda de meu 'primo mas velho', também 12. C. E. Linda, inteligente, simpática, com um belo sorriso. Deve vir dai, quem sabe, o fato de eu gostar de belos sorrisos e cérebros maiores do que o meu. Porque é bem por ai, gosto de cérebros, dentes e alegria... Entre outras coisas...Mas, voltando à primogênita, foi bem difícil. Naquele veho esquema de "diz dizer que eu disse", e que se finaliza com uma frase muito usada por mim: "Estou afim de ficar com você, você está afim de ficar comigo?" hahahhahahhahahaDá-me vontade de rir, ao lembrar dessa frase.E. C. me enrolou por dois dias, se me lembro bem. No final, ficamos em uma rua secundária, com uma amiga dela vigiando a chegada de qualquer conhecido! Afinal de contas, cidadelas interioranas, quase todos conhecemos a dinâmica.E ficamos durante algumas horas, ou sei lá quanto tempo... eu era muito mais abusado do que hoje, caractéristica que inclusive possibilitou eu colocar a mão debaixo da camisa dela, mas apenas tocando as costas! Engraçado isso, que hoje me sinto quase um 'canalhinha' por conta do abuso, que hoje seria quase tão banal! Mas tinha 11 anos, vamos levar isso em consideração... E, levando, acho que 'a menina mais velha se assustou'. E, por isso, quem sabe, desprezou. Foi uma daquelas desculpas: "meu pai ficou sabendo, nao rola mais." Na verdade nunca saberei, já que nunca mais conversei com ela sobre o assunto, mas digo que tomei uma caipirinha, ou capetão, ou algo do gênero. E cambaleei depois de levantar do banco, e chorei num canto qualquer da praça, sozinho.
Nos mais ou menos 7 anos seguintes, nunca tive qualquer "ficante" por mais de 3 encontros. Passava meses sozinho. E me esforecei, cada vez mais, em ser atencioso, já que me sentia mal ao lado dos meus amigos, sempre com muitas "ficantes", e eu sempre o pato feito da turma.
Pensando nisso, é muito engraçado. Hoje, de fato, minha autoestima é realmente grande. São poucas as mulheres que me assustam, que fazem-me sentir completamente impotente, que fazem-me fugir. Sou, quase sempre, hoje, somente parcialmente minguado.
Com a menina precebi que mesmo tendo certeza de que ficaria com ela no dia seguinte, nao há nada no mundo que garanta o desejo, o amigo, o amor, a outra pessoa. É claro que isso é uma implicação lógica complicada, já que era tão novo, e somente fui amar muitos, muitos, muitos anos depois. Não foi, pois, a menina que fez-me entender, mas a partir dela.
Mas foi o início, onde percebemos que, a qualquer momento, sendo não dada uma atenção, podemos perder-nos e perder os outros.
(Esta postagem acabou por ficar bem parecida com uma outra que eu li, mas não foi um plagio. A falta de apreço pode ter uma capacidade pedagógica muito maior do que pensamos.)
Em tempo: os meus amores também me ensinaram muito, e só depois de ser amado é que pude amar. Mas isso é assunto para outra situação.
ps.: meu pc está com problemas, entao, hoje, nada de letras coloridas, fotos, ou texto justificado. Estou sem mouse.