sexta-feira, setembro 29, 2006

O pequeno futuro barão


Meu eruditismo é comedido.
Escutando um música do Cordel hoje, ‘o barão nas árvores’, lembrei-me bruscamente, como lembra aquele que perdeu a memória, de uma peça. A história de um filho de barão que sobe em uma árvore. Não verdade não lembrei da história, que era relatada pela letra da música. Lembrei-me da peça, dos bancos de madeira, de uma querida, de um teatro.
Engraçado isso. A lembrança simplesmente veio. Se alguem tivesse me perguntado sobre a peça antes, acho que nao me lembraria. Mas a lembrança veio.

Era como se estivesse sonhando, ao lembrar...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Simples assim...

O que falta a Ela é o 'Sim'. Está verdadeiramente pronta, preparada. Poderia ser a qualquer momento. Um mergulho único, sem bóias rosas nos braços, sem precisar de quinas de piscina, sem escada, sem nada. Somente alguém que diga: 'também vou'. Um 'um, dó-lá-sí, vamos ir'. Já.
Ela precisa do 'já', comprometido com o momento. O 'já' comprometidO com ela mesma.
Isso porque 'ninguém pode ser feliz sozinho e antes um amor que não compensa do que a solidão'. Não tanto quanto defendia o poeta.
NÃO, não.... Não um que não campense. Ele precisa compensar, o amor, o seu amor. Ele poderia até mesmo não se auto declarar como eterno. Mas tem de ter disposição. Isso que ela quer, um amado disposto. Um disposto para se tornar namorado. Um quase eterno.
Isso porque nenhum amor basta. O amor é muito medíocre, muito racional. Ela quer irracionalidade. Quer jogar suas fotos na piscina. As fotos, as cartas, os livros. Todos eles antigos. E, com o novo, pular. Como quem diz: 'vamos, veja todas as minhas cartas, os meus livros. Vamos reescrevê-los'.
Pois na verdade Ela não quer desfazer do passado. Quer revê-lo. No presente, com um novo presente, por um novo presente.
Não, ela não ama, não se apaixona, mas deseja. Deseja-o. Não Ele, O Namorado abstrato, mas ele, o presente e o futuro. Empíricos. Ela deseja a bebedeira, o devaneio, o filme a tarde, a ajuda nas atividades, o sexo profundo, as conversas ao telefone, o café, a cerveja, o cotidiano de ensinamento. Ela deseja anotar tudo que ela sabe sobre sí mesma. Num caderninho. E quando Ele estiver, começar a contar, declarar, explicar, dizer como é. E, sentindo o desejo pelo conhecimento, o desejo por Ela, Ela quereria um homem. Um eu te amo.
Ela é simples assim.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Afinal...

Algo aconteceu com Ela. Subitamente, como tudo em sua vida, que é levada em sustos. De repente.
É claro, os problemas outros continuam. A falta de dinheiro, o trabalho chato, a intelectualidade indefinida, a intermitência entre o sentimento de mediocridade e orgulho.
Mas bolas! Recuperou o sorriso besta, o sorriso ao infinito, a vontade e o pensamento no outro, a esperança, o acalanto. Em uma palavra, quase recuperando a sí mesma, o que é lindo...
Tudo pelo que é lindo, afinal...
Parabéns, menina, pela capacidade de fazer repentes!

domingo, setembro 24, 2006

Duelo


Um dia estava na janela de minha casa e ví uma cena deplorável. Dois grupos de jovens tacando pedras uns nos outros, no meio da rua... correndo para pegar pedras e tacá-las e correndo para se municiarem.
Penso agora no modo como os avanços sociais costumas deixar para trás coisas mais civilizadas, de certa maneira... A violência toma hoje um aspécto de não sabermos o que esperar. Não sabemos quando e como poderemos sofrer violência. Quais são as regras?! E, voltando, penso como fomos 'mais civilizados quando menos civilizados'...
O duelo, por exemplo. Duas pessoas em contenda chegam a "um acordo", tipo de armas, local, data, testemunhas, juizes.
Nada daquilo de pessoas receberem pedradas sem motivo. Uma maravilha! Até lí parte de um livro onde um francês normatiza as regras tácitas do duelo, uma coisa refinada...
Tô até pensando em duelos coletivos, com poponetes (é esse o nome?), placar, sei lá. Coisas mais modernas. De repente rola até de criar um programa de T.V.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Arrependa-se, Menina...

Percebeu. Que já vem a alguns dias, um monte deles, aos que se somam meses, em que Ela não passa todas as 24 horas sem alguns minutos de tristeza. Isso, que pode aparecer como muito comum a alguns, mostra-se a ela de modo surpreendente. Já que sempre foi conhecida, por si mesma e pelos outros, pela marca da felicidade, do otimismo, da 'consciência da boa vida'.
Agora não mais. Não que seja agora triste. Ela não é, mas está (O que incompreensível para os anglicanos). Sempre durante alguns minutos durante o dia fica naquele sentido que sempre maldisse: "lembrando de uma época feliz". Isso! O saudosismo...
Ela nunca gostou de saudosismos e sempre pensava que o momento atual era o melhor. Esquecia seus homens, seus professores, seus amigos perdidos. Não que realmente esquecesse deles e dos anos , como quem joga tudo à lixeira. Não, ela não fazia isso. Mas simplesmente não ficava olhando o passado. Como faz agora. Como lembra dos homens de sua vida e pensa no modo como poderia ter sido ainda melhor.
Para ela isso é o pior. Saber que poderia ter feito mas bem feito.
Menina, arrependa-se de ter amado muito e de ter amado pouco. Enquanto, só, espera o próximo, amor. Também só...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Vida besta...

Com 50 e poucos. Digo poucos porque quase ninguém sabe a idade, não diz. Passa cremes toda a noite, cuida da pele. Um dos poucos hábitos. Outros são os cigarros e a cerveja. Passa os dias assim: escrevendo, lendo, olhando e-mails, limpando a casa, fumando cigarros e tomando cerveja religiosamente após o sol se por.
Olha os e-mails e espera mais uma consultoria, daquelas que a deixa insegura e apavorada, que aparecem de meses em meses. Tem, na verdade, uma vida besta. Com 25 anos de formada e mais de 35 de trabalho, e uma pós quase terminada. E ainda ter de se definir como desempregada.
Não sei lá quantos anos de observação política, iniciada aos 13 em um daqueles partidos clandestinos e lutando contra mais uma daquelas ditaduras latino-americanas. E, justamente pela vida besta presente e passada, nem sequer uma casa própria. Presa numa cidade odiada, sonha com um lugar na terra natal, num daqueles bairros tradicionais.
Voltando aos prazeres, só os cremes, a cerveja e os cigarros. Nem o sonho político mais.
Dos males, a falta de dinheiro, a tosse, a distância, o medo de morrer antes da hora e a lembrança de que a decepção mata. Como matou o melhor amigo, de modo próximo à sua atual situação.
Das lembranças, a de um homem no exterior. O Homem. Aquele que mais lhe respeitou, aquele que foi rejeitado, aquele que dá o nome a todas as suas senhas.
Diria que ela se sente exilada. Exilada dentro de si própria, dentro de terra alheia e dentro de todos os erros cometidos.

terça-feira, setembro 12, 2006

Recato

"O mundo é muito mais água
Do que eu posso beber"
Nando Reis, O Meu Posto.

Bela música. Na verdade, meio baladinha, mas bonitinha, e com uma letra realmente bonita. Tem uma outra parte da letra:

"Não te vejo a metade
Do quanto quero lhe ver"

Diria que nao tenho metade do mundo quanto eu quero ter. Ou melhor, não tenho com metade do mundo. E, com o mundo, perco a fala, a ação. Magoado com ele, perco o sorriso, esboço aquele Gioconda, amarelo, como aquele que não consigo ficar sério, nem tão pouco sorrir, gargalhar. Magoado, é como se fosse a vergonha.

Não magoado, simplesmente gargalho. Ou sorrio. Até aquele sorriso insosso. Aquela falta de vergonha.

E como se o mundo pedisse calma, e a calma fosse minha menor das qualidades, ou melhor, a impulsividade o maior dos defeitos... E o mundo assim pedindo recato, querendo não ser violentado.
Acabo de olhar no Aurélio o significado de recato. Vi dois que me chamaram a atenção.
"1. Cautela, prudência, resguardo. 2. Modéstia, simplicidade. 3. V. pudor (2). 4. Lugar escondido, retirado; recolhimento. [Var.: recado2.]"
O mundo pedindo a modéstia e o meu recolhimento, diria. Mas não. Não posso ou não quero.

Mesmo diante da maior mágoa, não me nego ao mundo. E, me expondo, me arrisco à dor, frequento os lugares, olho as pessoas, faço as perguntas ridículas e me arrisco sempre ao sussurro do mundo:

"- Calma, que mordo..."

E o mundo sempre morde, assopra, indiferenta-se, beija, acarecia, diferencia.

E sempre, depois de uma mordida, maldigo-me, quando recolhido, a falta de recolhimento. Soprado, espero sempre ver outro mundo, Bendigo-me, expansivando-me, a falta de recolhimento.

Enfim, não tenho o menor conserto, só tenho concerto...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Sugestões...

Meninas,

Só não consegui o Mombojo e o Mula Manca e a triste figura... onde consigo baixar??? No Emule só tem o album "Nada de novo", do Mombojo..

E vou atualizar vocês sobre as impressões...

domingo, setembro 10, 2006

Nova fase...

Comecei uma nova fase musical. Não que tenha deixado Beatles e Jethro, mas adoto agora o Nordeste.

Cordel, os dois albuns; Mestre Ambrósio, os albuns Terceiro Samba, Fui na Casa de Cabral, Mestre Ambrosio, 'De Nasarão da Mata Pernanbuco ( é isso?!)'; Mundo Livre S/A, Bebadogroove, O Outro Mundo de Manuela Rosário.

A primeira banda, Cordel, é na minha opinião a melhor banda dos últimos 10 anos.... Fantástica!!!

Conhecer, conhecer mesmo o Mestre Ambrósio, estou a começar agora. Sim, pessoas, já disse aqui que sou muito mal formado... Mas estou à tentar retificar isso, como podem ver... E para deixar mais claro a minha formação musical tardia, o Mundo Livre só escuto pra valer, naquele esquema de pegar os álbuns, agora...

Criei em minha cabeça a idéia de um lindo Pernambuco. Não sei porque, mas mesmo não conhecendo o Estado, fica cá por mim pensando que ele deve ser o celeiro cultural do Brasil..

Eu ia, a propósito, começar esta postagem falando que qualquer renovação na produção cultural brasileira seria guiada pelo nordeste. Mas acho exagero. Não há no nordeste, assim como não há no sul, no sudeste, no centro oeste ou no norte, qualquer coisa que os coloque de modo superior aos outros estados... Mas diria, com segurança, que se o nordeste não deve guiar, deve, ao menos, contribuir essencialmente à renovação da cultura popular brasileira.

Nao sei se é o que mais me apetece, mas digo da essencialidade do nordeste porque vejo o que há de melhor em música. E isso, repito, baseia-se profundamente em achismo. Não é uma pesquisa sistemática. Afinal de contas, o mais ao norte que eu fui, foi Prado... Bahia, aos 11 anos...

É, crianças... Sou muito mal formado e mal posso esperar para ir à Pernambuco. Nem sei o porque. Deveria perguntar aos membros do Cordel, do Mundo Livre, do Mestre Ambrósio, da Nação Zumbi ou a quem??? Quem sabe perguntar à Pastoril do Faceta, ao tipógrafo Antônio José de Miranda Falcão (fundador do , jornal mais antigo do Brasil (1825) ou ao conde João Maurício de Nassau (abaixo)...

Não, não, a esse não... Afinal de contas ele foi um burocrata. Estamos a falar de arte e comunicação...

Salve Pernambuco!
(A propósito, qualquer sugestão musical relacionada aos estilos supracitados será bem vinda...)

domingo, setembro 03, 2006

Parentesis

A situação no Brasil está tão dificil, tão dificil..., e somos tão mal administradores das coisas públicas que bastou um brasileiro ir ao espaço para perdermos Plutão.

sábado, setembro 02, 2006

Bate-estaca

Querido diário,
Desde os idos de 1994, então com 12 anos, até meus 17, eu tinha o costume de ir em buate de música eletrônica, até então reconhecida por mim e chamada por meus 'coleguinhas' e 'colegões' de musica 'underground', não sei porque diabos...
É claro que a principio era uma matine que começava na tarde de domingo. Acabei de pensar, e é engraçado, como o dia só tem 24 horas a partir de uma determinada idade. Eu nunca poderia, pelo que me lembro agora, pensar que ir à Arena (A melhor pista das Amérias, heheheh) às 17 horas. Não, eu ia 5.... E as 10:15, no máximo, e não 22:15, estava em casa.
E, depois de muito tempo sem escutar um bate-estaca, anos, alguns anos...
Fui à 'Singles', ali no Lourdes. Como meu amigo 'prayboy' estava com convites off-off e numa recem solteirice, não pude recusar.
Estava antes na Federal, e fui direto. Pensando que ontem foi sexta, e que teve uma série de lugares com vinho de graça e cerveja barata, e pensando que eu nem cogitava a possibilidade de sair depois da facu, e pensando que fiquei em reuniao de 14:00 às 18:30, e pensando que meus allstar nao sabiam nada de necessidade de se arrumarem mais, digo que não estava o "tipo-ideal" de quem vai à uma buate. Desculpa esfarrapada, meu negócio é buteco e bar de rock, mas, enfim, chega o ramiro completamente out'sider.
Minha primeira impressão foi que estavam me roubando. Pulei de 1,50 numa skol no D.A para 3,80 na buate.
Minha segunda foi o vislumbre de como todas as garotas eram iguais. Mesma maquiagem, cabelo, sapatos, roupas e aquele detalhe vermelho na bochecha. Quase me esquecia, todas absolutamente maravilhosas. Lindas mesmo.
Consegui observar no máximo 10 mulheres muito feias.
As outras eram distribuidas entre bonitas, muito bonitas, bastante bonitas, bonitíssimas, maravilhosas. Sendo que a curva de distribuição tendia muito à direita.
Mas diria que nos últimos anos tornei-me um homem muito dificil. Não, não, não me entendam mal (ou bem), até ficaria com uma daquelas meninas. Gosto de beijar na boca. Mas elas não me chamavam, realmente, à atenção.
Se nao consegui contar 10 muito feias, não consegui chegar a 10 mulheres que realmente me causariam um ímpeto. Sabem das belezas que não acompanham um brilho? Não eram meu tipo de mulher. Aprendi a sair sem pensar, compulsivamente, em 'pegar a mulherada'. Será isso um mal sinal? Ontem esse meu amigo, que conheço a 14 anos, comentou:
"Pô, Ramiro, não é que você nao virou gay?! Poderia apostar que isso ia acontecer."
Não se preocupem, nesse mundo se perdoa muita coisa... ;)
Passei a noite dançando, como nem sei se já havia feito antes. Aproveintando o bate estaca a noite inteira, até 5 da manha, a primeira coisa que eu fiz hoje foi colocar meu querido Jethro Tull-Aqualung.