Pediu um wisk. Virou-o rapidamente e olhou-a novamente, naquele café logo ao lado. Seguiu em passos firmes, que se fosse comedido sairia correndo. O medo do encontro. Como ela estava de costas, acabou não vendo-o.
- Martha Verônica.
Virou-se rapidamente, como se o tom de voz não tivesse mudado nada, como que adivinhando o som do cheiro antigo. Sorriu um sorriso largo, bonito, ligeiramente amarelo.
- ... Pedro Nunes...
Levantou, ficou sem onde por as mãos.
Ele abraçou-a, beijo no rosto, como que tentando quebrar um gelo possível.
- Quantos anos, moça...!
- Sim, desde anos... Você estava vindo pra cá...
- E cá estou desde então.
- E bem que você disse que não sabia quanto tempo ficaria, se dois meses ou dois anos.
- E já estou a 10 anos.
- Tive notícias suas, de jornais, artigos... Parece que você conseguiu o que queria aqui... Disse, aumentando o sorriso, amarelíssimo...
- Não.
- Como não?
- Saí de meu país para fugir de você. E você esteve sempre presente.
Abraçaram-se. Um abraço apertado. Os dois com um choro, choro pequeno. E, como que por desespero mútuo, beijaram-se...