quarta-feira, novembro 29, 2006

O Sentimento


O Sentimento? O sentimento é uma matilha de cães que quase pensam serem gatos e são liderados por um chimpanzé que pensa ser gorila...
Impossível qualquer controle. A confusão reina.

sábado, novembro 25, 2006

entre, de modo indefinido

...diria que o presente deles foi lindo. E que foi a maneira como muitos sonhariam. Os dois, inexperientes, vinho, massa, andar pela casa nús, conversar, perceber que o sexo nao é simples quanto os filmes mostram... Ela, novinha, ele, "já passando da hora de se tornar um homem".
Foi uma descoberta, de fato. E, durante a vida dos dois, seguramente escutaram e escutarão olhares e vozes surprendidas.
Da surpresa de um casal que descobriu o amor juntos.
E, dessa descoberta, souberam e saberão do conceito de presente:
O período de maior ou menor duração, compreendido entre o passado e o futuro.
Porque o amor, e descobriram juntos, é sempre um presente. Separa, sempre, o passado e o futuro de modo dificil de perceber. Como uma gradação de cores tristes e alegres, onde não se sabe quando terminaram as cores frias e começaram as quentes.
Afinal de contas, a toda foto escaba um momento, um segundo anterior e o posterior. E a lembrança é tão frágil quanto o próprio amor. E semi-imortal.
Sempre resta, do presente passado, um pouco de vermelho e violeta, e verde e amarelo...

sábado, novembro 18, 2006

Romance de Boa-fé

A sinceridade primeira.
No topo de uma escola.
No topo do sexualismo.
Não podem malograr.

[Amadeus]

Não se anime tanto, menina. Te direi a verdade, antes, de fato, que seja tarde. Sim, sou um namorado bacana. Sou lindo e atencioso ao ponto de que, mesmo quando não mandando flores, é como se sempre as recebesse. Sou verdadeiro, leal, romântico, feliz e choro de felicidade constantemente. Olharei em seus olhos, entrarei em sua alma, gostarei de seus fazeres e te deixarei dormir como uma estátua de mármore, não porque fria, mas por demais bela. Te adornarei diariamente e escreverei muitos e-mails, mandarei muitos poemas, pensarei muito e redigirei muitas e muitas cartas, muitas delas não mandadas.
Mas ai, minha futura Linda...
Abandonarei, enfim, que pouco é para sempre. E, aviso, sou um péssimo es-namorado. Olharei pelos corredores, num querer ser e não ser amigo. Sentirei saudades. E nunca, nunca desaparecerei. Nunca deixarei de te amar. Nunca de deixarei só. Viverei em seu encalço.
E você, em volúpia de liberdade, sofrerá, enfim...
Ou sofrerei eu, repito, que muito do amor meu é pra sempre.
E seus olhos, por mim, quase que não mais brilharão.
E ficarei como que sem parte de meu próprio corpo.

quarta-feira, novembro 15, 2006

... a própria vida? Singela e arrebatadora.


O cordel do fogo encantado é o melhor grupo que apareceu na música brasileira nos últimos 10 anos. Tão lindo que nem pude resistir a por essa musiquinha. Tão singela... Não seriam os olhos tão singelos quanto...

Os Oim Do Meu Amor
Ê nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
Nunca mais eu vi
Os oím dela brilhar
Nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
São dois jarrinho de flor
E todo mundo quer cheirar


Encontrei teus olhos no fundo de minha gaveta. Embrulhados em papel de seda e perfumados de Jasmim.
Junto a livros e discos queridos. E duas flores. Uma, o girassol. Outra, o cravo. Da terrinha...

terça-feira, novembro 14, 2006

Um Ferro

Um relacionamento?
É como um ferro quente. Na pele não se escapa das conseqüências. Como eu sempre digo: as coisas implicam em muitas coisas. E um relacionamento, implica em alguma queimadura.
Mas não, não seria uma marca negativa. O relacionamento queima queimaduras que são amáveis. São reconhecíveis. São viciáveis. São como marcas daquelas culturas tribais. Para os outros, nunca fazem sentidos. Para as mesmas, para os nativos, para nós mesmos, a marca que nasce no relacionamento sempre indica muito mais. Indica os rituais de iniciação anteriores, indica os desejos de mudança de classes, indica as barreiras sociais inerentes, indica a própria mudança inevitável.
Mas ainda são marcas, meninas. Que nunca, nunca se apagam. Podem ser menos patentes, mas ainda existem. Sempre existem.
O pesado mesmo é o status que as queimaduras carregam. O que as Meninas de Minha Vida pensarão de mim? Acho que sou um homem bacana.
Mas perco o sono constantemente. Sempre achando que poderia ter sido melhor. Sempre um Homem melhor.

domingo, novembro 12, 2006

Quimeras

Minhas mulheres?

Minhas mulheres são quimeras. Fantásticas. Não correspondem ao mesmo tempo, e justamente por isso se constituem-se como criação. Minhas mulheres são passado e presente. Por vezes, futuro. São ruivas e morenas, cabelos cacheados e lisos, com belos olhos verdes e castanhos. Negras. E brancas como marfim.

Por falar em marfim, minhas mulheres são uma preciosidade. E tenho, de fato, que matar-me todos os dias, como um grande elefante, para fazer jus a elas.

Minhas quimeras fantásticas são monstruosas. Matam-me e dilaceram-me. E por elas, somente por elas, VIVO.

Só correspondo a mim mesmo por conta delas. E por suas inteiras responsabilidades me esforço para tornar-me um homem melhor.

terça-feira, novembro 07, 2006

Mas Não


Gosta, mas não tanto. Dá beijos, mas não delonga. Segura as mãos, mas não cheira. Ama, mas não declara. Ouve, mas não escuta. Vê, mas não repara. Lê, mas não escreve. Fala, mas não abertamente. Cobra, mas não oferece. Dá atenção, mas não colo. Sai com amigos, mas não convida. Chora, mas não defronte. Olha, mas não aos olhos. Recebe olhares, mas não gosta.
Consistente, mas tem ciúmes.
Viaja, mas teme trajetos. Acerta, mas teme derrotas.

Tenta viver, mas tem medo.


Tenta, mas humaniza-se em demasia, em demasia.