Na verdade eu quase não sei de onde se tira a firmeza, a autoconfiança, a autonomia, a firmeza e todas as “virtudes” típicas ao masculino, ao Homem, ao ser viril. Digo quase porque isso faz parte da “cosmologia ocidental”, para usar uma palavra típica da sociologia para designar um complexo de formas de visão, que construiria um todo “coerente”. E essa coerência, em parte ditada durante séculos pelos homens, e aceita pelas mulheres, é de fato eterrorizadora. E hoje, já iluminados pelo iluminismo - para ser bastante redundante- nos dispomos de uma mesma “cosmologia”, anda mais embuida de “aspectos avançados”. Para ser um pouco menos prolíxo: nos comportamos de modo tão tradicional que, em arroubos de igualdade entre gêneros, construímos os estereótipos do permitido à igualdade. Temos metrosexuais, e outras “tribos”, como a daqueles jovens em que os homens podem ser sensíveis como uma menininha. Colocamos estas exceções e reafirmamos a regra de que o homem de verdade não pode ser sensível. Não pode querer atenção, carinho, ser sincero, chorar, deixar a mulher sair sozinha sem uma cara de desaprovação, deve repudiar homosexuais masculinos, ter homofobia, ficar incomodado com abraços entre homens, beijos no rosto, homens andando de mão dadas. Cá entre nós, os russos são bem conhecidos pela sua “masculinidade questionável”, né? Claro que não! Já tom e Vinicius poderiam andar em Paris de mãos ou braços dados, já que eles, de tão avançados, são exceções que confirmam a regra. São possibilidades típicas de exceções: artistas, o poetinha e seu maestro.
E para continuar a tragédia temos as mulheres reafirmando-a. Porque, afinal de contas, se os homens são seguros, firmes, decididos, másculos, ou seja, verdadeiramente homens; porque ligar, porque mostrar interesse, porque exigir que sejam mais abertos, sinceros, honestos, verdadeiros? Homem é homem, porra! Just it. (o palavrão foi só um momento de reafirmação diante de um texto tão aviadado!)
E continuando a afirmação da masculinidade pelas muhleres temos que todos os homens são iguais: não ligam quando combinam, são galinhas, canalhas, cafajestes, porcos chovinistas; não necessariamente nesta ordem. E estão absolutamente corretas! E como regras são regras e exceções são exceções, as últimas serão tratadas como primeiras, afinal de contas são somente exceções. Como confiar em uma?
Quase me esqueço: são absolutamente insensíveis. Homem não chora. E sobre a reafirmação que as mulheres dão a isso, lembro da frase: “Odeio ver homem chorando”. Este incomodo típico de várias mulheres é o incomodo de elas se sentirem inseguras. Afinal de contas, “se homem não chora, e este que está em minha frente está chorando, ele é o que? Sobre a impossibilidade de conceituação, como devo tratar?” Deve ser da mesma raça dos que compram flores. São normalmente “bonitinhos”, percebem? “Hã?! Comprando flores para sua namorada sem uma data ou alguma outra coisa em especial? Que bonitinho...”
E, enquanto as exceção são tratadas como tais, e sob a rotulação da regra, os homens continuarão sendo tais como são, precisando absolutamente de carinho e atenção, diferente de todos os homens e iguais a todas as menininhas...
Aliás, diferente de todas as menininhas, porque estas podem chorar...